20. Dessa vez eu vou te matar

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Mingi não entendeu nada que a orixá falava. Seu pai? Como seu pai seria um problema? Ele continuou sendo uma péssima pessoa em suas outras reencarnações?

-Você parece ansioso. -Yeosang falou, enquanto os dois caminhavam apressados até o templo. -Suas mãos estão suando...

Mingi apertou mais a mão do outro na sua. Yeosang suspirou.

-O que houve?-

-Iansã disse que estamos com problemas com meu pai, mas ele morreu 200 anos atrás, bem depois de mim.

Yeosang o olhou e franziu a testa.

-Acha que ele é um espírito vingativo desde aquela época?

-Não...eu nunca lidei com um caso assim. Espíritos que ficam por muito tempo vagando pela Terra são ceifados.

-E se ele escapou? - Mingi deu uma parada brusca. -E se ele conseguiu fugir dos ceifadores esse tempo todo?

-E-eu....eu não tenho como acabar com um espirito tão antigo...é perigoso e- Mingi colocou as mãos nos ombros do Kang. - se eu precisar mesmo fazer isso. Você fica aqui.

-O que?- Yeosang arregalou os olhos. -Por que?!

-Você vai se machucar! Eu não posso ver um arranhão em você de novo, meu amor. -Mingi tocou o rosto dele, vidrado em suas feições. -Eu não quero que você corra riscos.

-Por que você sempre acha que sou tão fraco?!- Yeosang o empurrou, lágrimas marejaram seus olhos.

-Eu nunca achei que você fosse fraco, Yeosang! Você não é bem preparado pra isso, e...é assustador até pra mim, que lida com isso há dois séculos! Sem falar que...é assunto meu.

Yeosang começou a chorar em silêncio. Mingi veio e o abraçou, fazendo um carinho em seus cabelos e beijando seus lábios.

     -Eu queria ir junto...

     -Yeosang, é o melhor pra sua segurança, e eu nem sei o que a Deusa das Almas quer, talvez eu nem precise ir fazer nada.

     -Se você for...- Yeosang segurou Mingi pela gola da camisa. -...por favor toma cuidado.

     Mingi sorriu. -É óbvio. Eu vou me cuidar. Preciso voltar pra você.

     Yeosang sorriu. Mingi o segurou pela mão e os dois foram caminhando juntos para dentro do templo. Lá estavam Iansã e a Deusa das Almas.

      -Mingi!- A Deusa correu até o casal. -Algo estranho aconteceu. Detectaram uma alma muito antiga e forte, ela provavelmente está vagando pela Terra há séculos e...e é o seu pai.

     -Então ele não passou mesmo pela colônia? Não reencarnou?

     -Não. Ele fugiu todo esse tempo, se alimentando de espíritos menores para poder usar a força deles.

    Mingi perdeu o olhar, encarando o nada, estático e assustado. Yeosang puxou sua mão e o olhou nos olhos.

     -Ele pode te usar também! Pode devorar sua alma!

A Deusa olhou para Yeosang, desesperado. Eles eram Almas sofredoras, cenas assim se repetiriam por toda a existência deles.

-Yeosang...- Ela colocou a mão no ombro dele. -...Mingi precisa fazer isso, é essencial para sua alma e sua trajetória...

      Yeosang suspirou, com dor. Ele não queria, tinha medo. Tocou o rosto de sua alma gêmea e o olhou, admirando cada detalhe como se fosse a última vez que o veria.

      -Confia em mim, Yeosang. Não vou deixar que nada aconteça.

      O Kang tinha os olhos marejados. Mingi sorriu para ele e o beijou, depois subiu beijinhos pelo rosto dele. Se segurava para não chorar também. Eles se afastaram, Yeosang o viu ir até Iansã, que se levantou do sofá que anteriormente estava sentada e colocou as mãos nos ombros dele.

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