Capítulo 24 - Os mundos

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Os mundos

E eis que eles concluíram a primeira obra, um lugar modelado a muitas mãos. E eles varreram o universo em busca das energias pensantes e não pensantes, concentrando-as todas nesse jovem mundo.

Primeiro, eles criaram o reino mineral, e aplicaram as cores, as texturas e os cheiros. Depois, eles criaram o reino vegetal, e acrescentaram os sentidos e a troca de fluidos. Por fim, veio, então, o reino animal, com os costumes, as expressões e o sexo. E entre eles, um criava mais do que todos os outros. Logo, ele percebeu que as energias pensantes não podiam se manifestar adequadamente no que havia sido criado. Foi por isso que ele se deu forma e testou uma a uma em si mesmo.

Ele desceu ao solo do planeta e caminhou entre as criaturas. Observou-as incansavelmente e absorveu delas o que era bom. Formou-se, deformou-se, reformou-se. Uma vez, duas vezes, inúmeras vezes. Nu, viu seu reflexo na água, e o achou tão perfeito que se antecipou em moldá-lo.

Juntou o barro da beira do rio e o esculpiu com sua própria forma. Admirou-o por tanto tempo, que não percebeu que além daquele jardim, outros também criavam. Quando despertou desse estado contemplativo e viu que o planeta já estava tomado por criaturas menos harmoniosas, segundo a sua visão, ele buscou em si uma centelha divina, da Fonte Original, e a soprou sobre o molde de argila, mesmo que ainda estivesse incompleto.

E aquele humus, chamado homem, criou vida, mas diante de seu criador, ele teve medo e recuou cambaleante, caindo no rio. Contudo, seu reflexo mostrava-lhe que ele era exatamente igual, e o medo se dissipou.

O homem criado era tão prepotente por ser a imagem e semelhança de seu criador, que seguiu por um caminho de destruição, sentindo-se melhor do que as outras criaturas. Sua arrogância tocou a Fonte Original, que inspirou a construção de novos mundos, nos quais as criaturas seriam fruto de uma árdua e contínua evolução, passando por todos os reinos, da rocha à planta, e dela ao germe.

 Os mundos nada mais são do que a projeção mental dos desdobramentos dos Espíritos Primários. E os seres, a manifestação criativa da inspiração divina.

O Portal de Anaya - Livro 2 - Os mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora