(Re)nasce o amor
Após caminharem por toda a noite, Eik e Novus decidiram que era o momento de procurarem um abrigo seguro, pois logo Flav estaria no céu, e na mensagem enviada pelos rebelados havia a orientação de não seguirem viagem durante o dia. Nessa época do ano, as noites eram mais longas e o grupo andou sem descanso, estavam todos exaustos. Com a ajuda dos guias e das sentinelas, encontraram um local perto de uma cascata. Havia uma encosta com várias entradas nas pedras, escondidas pela vegetação. Durante a noite, as tochas os mantinham seguros dos animais, no entanto, durante o dia, eles não tinham tanta certeza disso. Um grupo de dez homens saiu para explorar o entorno portando varas, flechas e outros armamentos, para conferir se o local estava livre de qualquer incômodo e se o grupo poderia encontrar, ali, o abrigo necessário até que anoitecesse novamente.
Enquanto não soubermos se este é um lugar seguro, devemos ficar alertas a qualquer anormalidade. – Eik avisou ao grupo que permaneceu com ele aguardando o retorno dos colegas.
Não tardou muito e Helmuth se aproximou deles, seguido de seus outros nove companheiros.
- Senhor, a região está limpa, não há sinal de nenhum perigo iminente. – ele falou com a voz empostada. – Eu e outra sentinela faremos o primeiro turno.
- Venha cá, rapaz, deixe-me observá-lo de perto. – Eik falou tentando reconhecer a figura de Helmuth. – Você? – ele perguntou demonstrando insatisfação. – Eu não sabia que viria nesta expedição. Como posso confiar em alguém que foi atacado por uma ave... e perdeu?!
Os que estavam mais próximos, ouvindo o comentário do líder, não resistiram à tentação de algumas boas gargalhadas, mas Eik logo fez sinal para que parassem, pois não poderiam correr o risco de serem ouvidos por quem quer que fosse.
- Senhor, eu espero ter a oportunidade de lhe provar o meu valor durante esta expedição. – Helmuth falou respeitosamente.
- Assim espero, rapaz, pois somos poucos e não podemos nos expor a um ataque surpresa. – Eik falou olhando dentro dos olhos de Helmuth. – Se isso acontecesse, não sobraria ninguém, seríamos todos exterminados.
- Ou manteriam alguns de nós vivos apenas para torturar e obter a localização da nossa aldeia. – Novus que estava bem próximo, acompanhando a conversa, complementou, posicionando-se bem de frente a Helmuth, que podia até mesmo sentir a sua respiração.
- Meus senhores, vocês verão que sou digno do meu posto. – ele disse sem sair do lugar e sustentando o olhar de Novus. – Mas, se me permitem, irei agora me colocar em posição. – ele olhou para o céu. – Flav parece que não tarda a surgir. Aconselho a todos que encham seus cantis e se alimentem, enquanto não somos agraciados pelo alvorecer, quando já deveremos estar abrigados e camuflados.
Novus recuou e buscou o olhar de Eik, que assentiu com a cabeça, e ambos concordaram que Helmuth fizesse o primeiro turno das sentinelas.
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Mila estava reunida com os alunos da turma 8C no Núcleo das Cápsulas. Desde que souberam das dificuldades que a amiga ruiva estava passando, pelo fato de ter nascido homem em Wicnion, eles decidiram que iriam ajudá-la, só não sabiam como.
- Mas deve ter algo que possamos fazer. – disse um jovem peludo.
- À distância, nada pode ser feito, sinto muito! E idas e vindas a Wicnion está fora de cogitação! – Mila respondeu. – Ela sabia dos riscos. A alteração de gênero é um processo um pouco mais demorado.
- Então, por que a deixaram ir? – um garoto louro de cabelos encaracolados desafiou a professora.
- Ela invocou o livre arbítrio e eu não sabia que era possível ser encapsulado bem depois e mesmo assim nascer na época correta. – Mila se lamentou. – Se eu tivesse sabido disso a tempo, ela teria passado pela reprogramação de gênero antes.
