Chá de frutos vermelhos com uma colher de mel e a acompanhar uns biscoitos metade chocolate metade limão, não sabia como, mas era isto o que o senhoria gostava de comer em conjunto, mesmo se fosse mistura de sabores a mais.
O soar de batidinhas na porta fez-se presente, estava na hora da humilhação, a esta altura do campeonato Felix estava disposto a tudo como já se deu para perceber.
-Boa tarde, Sr.Berny. -o senhorio, um homem velho e cansado da vida, com os seus gloriosos dias como francês galã nas Américas, sorriu meio rasgado. -Entre, por favor. Fiz-lhe o seu chá e bolachas que tanto gosta.
O loiro nem se importava de elogiar o outro à descarada, precisava de passar graxa, nem que fosse exagerada, era o necessário...
-Oh! Muito obrigado. -o homem orientou-se no apartamento revistando o espaço por cima dos óculos velhos com graduação do tipo fundo de uma garrafa.
Sentaram-se frente a frente, tudo direito e pronto, nem o chá acalmava em horas destas, tudo o que o Felix queria era a certeza de um teto sobre a sua cabeça nos próximos meses, queria o conforto de ter pelo menos uma parte da sua vida controlada.
-Estão ótimas... -o homem emitiu um som de agrado após beber meia chávena do seu chá.
-Ainda bem que são do seu agrado... -rangeu entre dentes a cortesia.
Do outro lado da mesa, o velho francês, dono do reino, encostou-se na cadeira, interlaçando os dedos do colo, os lábios mexeram-se como indício de um futuro discurso.
-Sobre o apartamento... -o loiro remexeu-se na cadeira, colocando-se em posição de atenção. -... tens muitas rendas em atraso e não é a primeira vez que isto acontece. Não quero que fiques sem casa para morar, mas cada vez mais aproximaste dessa linha ténue e sinceramente não sei até que ponto estou disposto a dar-te mais hipóteses.
O sorriso de Felix desabrochou e as sardas na sua cara perderam luz, estava a umas palavras dd total realidade do seu medo.
-Mas, sei o que passas na vida e sei que todos nós lutamos contra ela, por isso estou disposto a dar-te outra oportunidade. Dou-te um mês para pagares as 5 rendas em atraso e um crédito pelo atraso.
As emoções de Felix subiam e desciam, ia continuar com uma casa, algo ótimo, mas teria de se apertar em um mês para pagar aquilo que não conseguia pagar em cinco.
Quer dizer, não será isto um pouco exagerado?
Não está o senhorio a aproveitar-se da situação e a ser um bocado maléfico, afinal para quem diz que compreende, não parece compreender assim tanto.
-Sr.Berny, sei que estou a abusar, mas um mês...
-Felix! Vou ser sincero e colocar as cartas na mesa... Estou a meses de transferir o negócio da minha mão para a da minha filha, ela insiste em começar a ficar a par das coisas e alegou que estava a ser muito mole contigo por deixar-te criar uma dívida tão grande. Digo-te se não resolveres isto agora, não te garanto que da próxima não seja eu a cá vir, mas sim ela, com um despejo oficial. Eu quero ajudar-te... por isso como amigo, aconselho-te a resolveres isto agora, comigo no comando.
-E quando é que lhe vai passar o negócio?
-Daqui a dois, três meses, mas sei que daí até lá ela toma conta das rédeas mais depressa do que eu dê por ela. Um mês Felix, é tudo o que te tenho para oferecer.
"Que assim seja" -Felix aceitou, só mais um problema para acrescentar na vida.
-Bem... então ligo-lhe quando tiver o dinheiro.
-Claro, sem pressão. -trincou uma bolacha, dobrando-se sobre a mesa outra vez.
Só podia estar a gozar?
Uns momentos de silêncio, a mente do loiro a matutar na vida que estava completamente fudida, não havia outra forma de colocar as coisas
A certa altura o homem voltara a falar de assuntos do quais ninguém se interessava, palavras entravam num ouvido e saiam pelo outro, nada absorvido, Felix tinha mais que fazer do que ouvir um velho a queixar-se da sua vida perfeitamente encarreirada.
-Bem... -Felix levantou-se abruptamente, as mãos contra a mesa, fazendo um estrondo quando bateram contra a superfície lisa. -... se é isso tudo, peço-lhe que me acompanhe até à porta. Tenho uns exames para fazer, por isso tenho o meu tempo ocupado.
O francês não gostou de ser ignorado nem dos modos como estava a ser despejado, mas que haveria de fazer?
-Claro! -fingiu um sorriso e partiu.
Mal ele saiu, o loiro apressou o passo para o quarto, tirou de dentro de uma caixa de sapatos, ainda com as sapatilhas intocadas, Felix comprara-las na promoção quando pensava que a vida andava encarreirada, contas pagas e isso tudo que não passava de uma ilusão, atualmente ainda está à espera das velhas se estragarem por isso guarda-as debaixo da cama.
Tirou de lá de dentro 158,27$ (150€/821,76 R$) e decidiu que antes de fazer os exames ia pagar as contas da luz e da água, ainda não sabia como é que continuavam com água e eletricidade após as dívidas criadas.
Foi às calças que tinha usado ontem e tirou de lá o papel da clínica, chamando um uber.
Eu disse- 24 horas- e olhem que nem foi preciso esse prazo todo para as preciosas palavras serem retiradas.
No final do dia, Hyunjin tinha razão e as suas palavras ganhavam forma:
Há sempre uma próxima vez.
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Wrong Service-Hyunlix
FanfictionHyunjin é um homem casado com filhos, dono da grande construtora civil "Hwang Build". Rico, jovem, perverso, frio e inconsequente era como muitas pessoas o descreveriam, se não fosse pelo facto de trazer um anel naquele dedo específico, ele teria o...