6-15 minutos

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O telemóvel voltara a tocar, segunda vez no total, na primeira Felix, ignorara silenciando-o o mais rápido possível para não acordar as crianças nos quartos, regressando ao seu sono pesado.

Desta vez, ainda sonolento atendeu, tentando ler o nome no ecrã, mas os olhos ainda estavam demasiados embaciados para absorver a realidade no geral.

-Sim? Quem fala? -questionou de olhos pregados de cansaço.

-Tens um quarto de hora para vir ter comigo ao apartamento. Traz os exames. -e desligou a chamada.

Com a mensagem abrupta e aquele tom de voz escurecido de raiva e superioridade, o loiro despertou na hora, sentando-se no sofá reto e imóvel, como se tivesse sido apanhado a meio de algo que não devia.

-Merda! -resmungou entre dentes.

Era sexta e como prometido estava a tomar conta de Ben e Lu, não podia simplesmente deixá-los para ir paparicar Hyunjin, mas também não podia deixar de paparicar Hyunjin pois o dinheiro chamava demasiado alto.

Infelizmente teve que desiludir Melani, ligando-lhe enquanto se arrastava para a casa de banho para se ajeitar.

Tocou 3 vezes e finalmente a chamada foi atendida.

-Está tudo bem com as crianças? -perguntou com preocupação desnecessária.

-Sim. Sim. Está tudo bem. -a imagem esgranhada no espelho da qual ele arrumava com as mãos. -É só que, surgiu um imprevisto e preciso de sair urgentemente, mas como é óbvio não vou deixar as crianças sozinhas.

-Um imprevisto às duas da manhã? É alguma coisa com o Timóteo? -uma nova preocupação aparecia, esta escondida por detrás de curiosidade que figurava para tentar não demonstrar o seu real sentimento.

-Não! É só um imprevisto. Um... amigo... -amigo? É isso o que ele lhe chama agora? -...ele está com uma situação e ligou-me. Desculpa....

Esperou a desculpa colar por uns segundos de silêncio e lá se prosseguiu a conversa.

-Ah! Não tem mal. Estou agora a caminho daí.

-Sabes mais ou menos quanto tempo demoram?

-Dez, quinze minutos? Não sei bem.

-Ok. Ok... -Felix calculou a sua vida chegando à conclusão que estava mais uma vez fudido.

-Vou desligar. O comboio chegou. Até daqui a pouco.

-Tchau.

Olhou a sua imagem do espelho e bufou, arregalando os olhos.

Estava a brincar com o fogo e ele não previa, mas sim sabia, que se ia queimar.

Mal entrasse naquele apartamento Hyunjin iria fuzilá-lo por não seguir as suas ordens e sinceramente todas as consequências que poderão advir daí terão todas um grau de gravidade demasiado alto para o loiro se safar na vida.

5 minutos...

10 minutos...

15 minutos...

20 minutos...

25 minutos...

O tempo passava e a perna esquerda de Felix só tremia, as unhas um bocado ruidas e os olhos doíam-lhe só de olhar para o relógio, o ponteiro dos minutos a passar.

Quando ouviu a porta da frente a destrancar, levantou-se rapidamente agarrando em todas as coisas que lhe pertenciam.

-Felix... oh! -a mulher ficou espantado pela pressa do outro.

-O Ben teve dificuldade em adormecer por uns pesadelos e a Lu não acabou as contas de somar por birra. -informou a mãe sobre os acontecimentos pré noite.

-Obrigado. Tens a certeza que está tudo bem.

-Sim, está. E desculpa por te deixar na mão, não precisas de pagar pela noite. Descansa. -falou e abandonou o seu não apartamento.

De frente viu a entrada do seu, mas ignorou, caminhando pelo corredor até ao elevador e por fim chegou ao carro.

Tinha deixado os exames lá, entre a papelada, Timóteo raramente usa o carro já que Felix é quem se desloca diariamente por causa do trabalho.

Acelerou o máximo que pode e a certo ponto do caminho questionou mesmo se devia de ir, afinal ia aparecer muito depois da hora que lhe foi dada, para além disso, temia o que viria por aí.

Estacionou perto da entrada do prédio, agarrou nos papéis, na carteira e no telemóvel e disparou-se para o apartamento.

Como forma de agilizar o processo e o universo a favorecer a sua sorte, quando saia do elevador, esbarrou-se contra um homem de linha impecável que lhe sorriu compreensível, algo que nem importou ao loiro.

Se não ficasse muito mal, correria por aquele corredor a fora até à última porta, estava em desespero e não sabia como mas aquele homem metia-lhe medo.

Bateu à porta, mas ninguém o atendeu por isso tentou abri-la e de facto estava destrancada.

Era como se continuasse lá fora, uma escuridão aterradora embalava o apartamento, dando por luz de marcação um branco leve que vinha da sala.

Caminhou para lá, nervoso e encontrou Hyunjin sentado no cadeirão de cor azul turquesa. As pernas abertas, o corpo afundado no sofá, a camisa aberta até metade e nos braços arregaçada, como toque final a gravata estava lassa à volta do pescoço.

Balança na mão um copo à pouco cheio com aquilo que parecia um vinho requintado, naquele espaço de tempo nunca levantou os olhos para o loiro.

-Dei-te um quarto de hora, não a merda de quarenta e cinco minutos. -a fala profunda do álcool, mas mesmo assim ainda estava sóbrio.

-Eu não podia deixar as crianças sozinhas, Hyunjin. Eu tentei despachar-me, mas...

-EU NÃO QUERO SABER DA MERDA DAS TUAS DESCULPAS ESFARRAPADAS! -berrou atirando o copo contra a parede.

O barulho do vidro a partir assustou Felix que se encolheu e recuou dois passos com medo de ser o próximo a sair partido de lá.

-Não tenho outro remédio a não ser castigar-te. -a voz mudando de novo para o tom habitual.

Levantou-se do cadeirão e olhou pela primeira vez naquela noite para a cara de Felix, parando a centímetros de distância do mesmo que se encolhia com medo.

Por uma razão alheia a Felix, o alto afagou as têmporas massageando-as, e depois deslizou a mão pela face quente do álcool acumulado no corpo.

-Posso fazer de tudo, mas nunca te vou bater Felix, mesmo quando parece que esse é o caminho do qual irei seguir. -voltava à consciência, estava a assustar o mais baixo e a passar dos limites, analisou-se.

Os ombros do loiro descontraíram, ao que parece aquelas palavras eram o suficiente para se tranquilizar.

-Mas como disse antes existe um castigo.

E se há coisa que existe é várias maneiras de castigar...



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