Cap 1 - Acidente

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Boa noiteee!
Vamos começar mais uma história... Espero que gostem e se divirtam!😊

Boa leitura!

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Era bom estar na estrada. Apesar dos limpadores de parabrisa mal fazerem diferença com a forte chuva daquela estranha tempestade de final de março. Mas já havia passado da hora dela sair da festa de 70 anos da mãe.

Ela, o irmão e os pais juntos sob o mesmo teto era sinônimo de muitas risadas, várias provocações... e pelo menos umas duas discussões sérias. Também não ajudara nem um pouco o fato da acompanhante de Igor ter saído com ela alguns meses atrás. Junte dois irmãos com idades entre 27 e 32 anos e com certeza haverá confusão. Porém, estava claro que nenhum dos dois queria um relacionamento sério com a garota, além disso, assim que os pais apareceram, a moça ficara tão sem jeito que havia inventado uma desculpa qualquer para ir embora.

De qualquer forma, o motivo de a festa estar à beira de uma explosão era que sua mãe não parava de lhe soltar farpas. Havia muito tempo que o relacionamento delas não era dos melhores. Se não fosse pelo fato delas serem mãe e filha poderia até dizer que são completas estranhas, as vezes nem pareciam que faziam parte da mesma família. Ainda bem que tinha um motivo para sair de lá antes delas começarem a mesma discussão de sempre, seu trabalho como fotógrafa. - Valentina pensou ao fazer uma curva na estrada estreita que levava ao Vinhedo Albuquerque.

Pelos quatro dias seguintes, faria uma sessão de fotos no vinhedo do irmão, para uma marca de roupas que vinha crescendo rapidamente e combinava a alta costura com estilo caseiro. As modelos e a equipe ficariam na cidade, mas Valentina iria para a casa de hóspedes de Igor.

Um raio iluminou o céu e, se tivesse acostamento o suficiente na estrada, ela certamente teria parado para tomar um banho de chuva. Adorava a sensação. O tempo fechado mudava a aparência do mundo. O clima deixava a maioria dos fotógrafos em desespero, principalmente quando dependiam do pôr do sol perfeito para arrasar nas fotos, mas era exatamente o que lhe dava energia. Era naqueles momentos, quando todo mundo estava com frio e "nada dava certo", que a mágica acontecia. As modelos enfim baixavam a guarda e a deixavam enxergar além da beleza maquiada e ver quem realmente eram. Valentina acreditava que era preciso existir uma verdadeira ligação emocional com a câmera para que a beleza real, emoldurada pelas roupas, jóias ou sapatos que as modelos usavam, aparecesse.

É claro que no começo da carreira, estar cercada de tanta beleza física fizera de Valentina uma conquistadora nata, assim como costumavam ser todos os outros do ramo. No início, havia sido um dos bônus do trabalho, mas quando chegara aos 20 e tantos anos e percebera que os efeitos da noite não duravam muito, enquanto suas fotografias seriam eternas, Valentina diminuíra o ritmo.

Por causa de uma de suas viagens recentes de ida e volta da Ásia e também por não ter encontrado ninguém que a despertasse interesse, acabara mantendo a abstinência por cerca de um mês. Estava planejando sair do período de seca naquela noite com Ellen, uma das principais gerentes de Igor, quando a conhecera brevemente enquanto definia os detalhes para a sessão de fotos. Uma noite de diversão e nudez sem compromisso era exatamente o remédio que precisava.

A ansiedade quase a impediu de notar a luz piscando à direita da estrada. Nos últimos 30 minutos, não havia passado por nenhum carro. Em uma noite como aquela, a maioria dos californianos lúcidos, não tinham coragem de dirigir com o clima ruim, e optavam por ficar em casa.

Valentina diminuiu a velocidade e acendeu os faróis altos para enxergar melhor com tanta chuva. Não apenas havia um carro na vala, mas também uma pessoa caminhando sozinha no canto da estrada cerca de 90 metros à frente. Ela provavelmente ouviu o carro se aproximar e virou-se para olhá-la. Valentina pôde ver o movimento dos longos cabelos molhados em torno do ombro da moça sob a luz dos faróis.

Um olhar ao amor - VaLuOnde histórias criam vida. Descubra agora