03. Sophie

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O plano de esconder o que você sente as vezes foge do seu controle se declarando pra você mesmo em linhas tão confusas e ao mesmo tempo perfeitas. Deixa eu clarear mais..Sabe quando você acaba descobrindo alguns pontos sentimentais e quando você esquece por algumas circunstâncias maiores e de repente você é cobrado por aquele sentimento que surgiu do nada? E então as palavras guardadas aguardam o momento exato pra se aliviarem de um nó na garganta que por muito tempo estão entrelaçadas. Sentir e não ser correspondido da forma em que não imaginávamos dói como num momento em que a ponta dos dedos tocam na última peça valiosa em que colocamos na estante depois de limparmos e logo em seguida, você vira as costas, quando de repente aquilo que você mais temia se espatifa em pedaços e quebra porque a estante não aguentava mais o peso que aquilo fazia. Ser um colecionador de momentos, viver histórias, criar novos passos com um novo alguém até o fim de uma vida, as vezes não te leva a pensar que no final possa não valer a pena? Recriei isso com pessoas que não tinham o mesmo objetivo de trajeto e sempre me questionei se isso realmente é pra mim, por que quando eu me olho através do espelho ele sempre me dá sermões dos quais eu não gosto de ouvir? Quem inventou a droga do amor? e quem o jogou em nossos colos sem ao menos estendermos as mãos em sinal de aceitarmos? Eu tenho medo de passar pelas mesmas coisas, é raro encontrar a pessoa certa que nunca te faça ter esses mesmos questionamentos.
O ano passado no baile de Valentine's day fui surpreendido com duas coisas, beijei a Sophie a garota mais linda e quase popular do colégio e no fim do ano fomos coroados como rei e rainha do baile de primavera, mas algo grave aconteceu durante a festa, um garoto branco de terno preto, uma altura de 1.80 desconhecido com uma máscara escura que cobria metade do seu rosto, invadiu a festa atirando certamente na sophie que me deixou em mente desligada por alguns minutos e quando eu pude reacender, eu só conseguia vislumbrar seus olhos com lágrimas de dor, enquanto eu a colocava em meus braços, ela arrancando um sorriso em meio ao fôlego que brigava com as últimas palavras, sussurrou em um som apertado "Eu sempre te amei Josh, não desiste dele"...Gritos e gemidos ocupavam o salão onde se estenderam no dia seguinte no seu velório, junto com ela se foi o meu amor a primeira vista, os nossos planos, nossos filhos, nossa jornada, viagens, nossos encontros na sorveteria preferida dela, nossos olhares e o "Eu te amo" repetidamente que não cansavam os nossos lábios. Mas também me trouxe a frieza avassaladora que esfaqueou meu peito.    Nós somos programados a sempre cair e levantar em seguida, mas eu perdi as forças por muito tempo e desde então achei que tinha perdido o sentimento de amar alguém novamente, quando na verdade isso tornou-se uma das minhas grandes realidades, eu não podia amar a mais ninguém.
Dizem que o tempo é o mesmo que passa, o mesmo que leva e toma de você exatamente o que você não temia perder, e até as coisas mais irrelevantes que você não protege como um escudo, que deixa passar como um vento. Mas as vezes o tempo também te trás coisas inesperadas, coisas boas e que não imaginávamos ter, se não fosse por ele, não nos preparariamos pra muitas coisas quando assim são planejadas e passamos a contar com o tempo. Mas no meu caso existiu aquele espaço de tempo para que eu me recuperasse de tudo o que me havia acontecido. Meus sentimentos se foram guardados no meu quarto em gavetas de chaves, como se fossem trancados por dentro sem acesso algum por fora. As janelas já não suavam com a quentura do sol, e nem o fim de tarde eram os mesmos quando eu o avistava indo embora se escondendo entre o mar de uma ponta a outra de dois retrovisores, o clima esfriava mesmo quando na barra de notificação do celular, a previsão do tempo mostrava o contrário.

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