Sutil Insistência

Acima das nuvens

Um novo dia começou para todo o Dagger Squad, marcado pelo tempo cheio de treinamentos. Logo pela manhã, Rooster e os companheiros de equipe se prepararam antes de ocuparem seu posto.

Para o líder das missões em particular, foi indispensável checar com os mecânicos o estado do avião. Eram apenas treinamentos, mas o que havia acontecido com seu pai nunca faria Bradley perder esse hábito. Justamente seu colega de time o viu fazendo isso, Hangman apenas tocou seu ombro antes de dizer algo em tom ácido, porém de alguma forma estranha, amigável.

-Relaxa, garoto, eles sabem o que estão fazendo - Jake o relembrou.

-Eu sei, é só precaução - Rooster falou sua resposta praticamente pronta.

-Eu entendo, de verdade, mas é que se faz muito isso, dá impressão que não confia nos mecânicos, e acredite, eles são tão dedicados quanto nós e sabem bem o que estão fazendo - Jake acrescentou.

-Ainda assim, acidentes podem acontecer, mas não se preocupe, eu estou bem dessa vez, nós vamos nos sair bem, prometo - o líder da missão garantiu.

-Como eu disse, acredito em você, Rooster, mas use um pouco da sua confiança nas outras partes da equipe - seu amigo aconselhou outra vez.

-Eu confio sim, e quer saber de uma coisa? - rebateu Bradley.

-Diga aí - Hangman cruzou os braços, curioso para saber seu comentário.

-Me surpreende logo você falar em trabalho em equipe - Bradley se permitiu rir um pouco.

-Tá bem, eu não quero ouvir sermão, eu sei que eu posso ser um tremendo babaca, mas o que aquela missão da usina me ensinou é que eu não posso deixar minha equipe pra trás - Jake foi sincero - podia ser uma situação ao contrário e eu precisar de vocês, é isso que é fazer parte de uma equipe, depender um dos outros.

-Eu quero ver essa atitude lá em cima - Bradley recomendou uma última vez, batendo no ombro do companheiro, deixando escapar um sorriso.

Hangman apenas riu do comentário, mas dava para notar seu comprometimento com aquele conselho, certamente o seguiria.

Devidamente seguros na cabine da aeronave, os pilotos ouviram as recomendações da torre de controle e só então, em formação, atingiram os céus de San Diego sobre o campo de treinamento. Assim como tinham treinado em terra antes, num exercício inusitado e muito divertido, aliás, estavam combatendo outra equipe, estando de lados opostos.

Phoenix, Bob, Fanboy e Payback se dividiram para encurralar o inimigo, enquanto Coyote atacou, com Hangman e Rooster na sua retaguarda. A estratégia funcionou por um tempo, até o squad inimigou começar a mudar suas táticas, surpreendendo o líder da Dagger Squad. Não vendo outra escapatória, Rooster partiu para cima do inimigo que tinha mirado justamente nele, chegando a arriscar manobras dignas de Maverick, apenas por instinto, apenas tentando escapar. Acabou que deu certo, enquanto ele se livrava de seu perseguidor, sua equipe deu conta do resto, tinha sido um belo exercício e começo de dia para todos, o que deixou o Dagger Squad de bom humor pelo restante do dia.

É claro que eles tiveram suas doses de derrota também, nada era sempre perfeito, porém se perderam, perderam como uma equipe unida, não podiam estar mais companheiros do que agora. Provando isso e comemorando seus feitos, se encontraram mais tarde no Hard Deck, como uma forma de comemoração.

-O dia foi muito bom - Natasha comentou ao lado de Bradley, depois de algumas partidas de sinuca - devemos muito isso a você.

-Ah que isso, vocês simplesmente sabem o que fazer, eu que estou aprendendo a... me soltar, eu acho, eu sei que fui bem hoje - ele admitiu, sorrindo de orgulho.

-Bom, eu estava lá pra ver isso, mas sabe o que eu não vi e você não me contou? - ela questionou.

-O que? - Rooster genuinamente não fazia ideia do que ela estava falando.

-A recepcionista! - Natasha bateu com força na mesa, o gesto fez seu amigo arquear as sobrancelhas.

-Precisava mesmo disso? E não é o que parece, quer dizer, eu não sei mais... - de espantado, Bradley terminou a frase se sentindo perdido, chegando a coçar a nuca.

-Como assim não sabe mais? Tá vendo, aconteceu alguma coisa e você precisa me contar as novidades - ela apontou.

-Que novidades? - Bob que por coincidência passava por ali, acabou perguntando inocentemente.

-Não é nada, Bob, só a Phoenix criando caso onde não tem - Rooster explicou rapidamente, sem muita paciência.

-Mas pode ter, não é? Não é isso que você não sabe? - ela continuou instigando.

-Se tem algo aí, chefe, precisa contar pra nós o que é - Coyote tinha dado um tapa no ombro de Bradley ao terminar de falar.

De repente, a equipe toda dele estava em volta da mesa, questionando sobre o que afinal ele e Phoenix estavam conversando. Bradley apenas escondeu o rosto que ele sentiu ficar vermelho no meio dos braços cruzados em cima da mesa. O que piorou a situação foi o coro de ''conta! conta! conta!'' que foi crescendo cada vez mais. Se sentindo perturbado e pensando que daqui a pouco toda a curiosidade do bar estaria voltada para ele, Rooster decidiu agir.

-Tá bem, eu vou contar, eu vou contar, só calem a boca por um segundo - ele pediu de mãos erguidas - eu conheci uma garota.

-Ah... - veio mais um coro de compreensão e mais algumas piadinhas, mas foi o suficiente para dispersá-los, e novamente ficou apenas Phoenix e Rooster ali.

-Então, sobre o que você não sabe? - Natasha repetiu a pergunta de forma suave.

-Eu... sinto um instinto protetor sobre uma completa estranha - Rooster resumiu os sentimentos - não tão estranha, lembra que eu disse sobre me aproximar dela, que eu sinto que ela precisa de um amigo? - Natasha assentiu e ele continuou - bom, ela me convidou pra sair, nós fomos à igreja dela.

-Igreja? Tá certo, isso definitivamente não foi um encontro - Phoenix comentou.

-Foi o que eu disse à ela, e agora a Rafaela me chamou pra uma outra coisa - Rooster contou - ela disse que toca piano em eventos, me chamou pra acompanhá-la no próximo.

-Hum, um acompanhante... - ela pôs uma mão no queixo sugestivamente.

-Só alguém que vai com ela em algum lugar - ele fez questão de explicar - eu ainda não sinto que seja um encontro, mas eu sinto que é o início de uma amizade, e termos algo em comum como tocar piano me deixou contente, aí eu... tenho receio de... eu estar me apaixonando por essa garota, ela é simplesmente difícil.

-Uau... realmente é muito pra se compreender, e rápido, então, bom, se estar com a Rafaela te faz se sentir bem, invista nessa amizade - Natasha deu de ombros, tentando aconselhar.

-É, acho que é um plano, vou seguir e ver o que vai dar - ele acabou decidindo, se sentindo bem melhor.