Abertos à Sinceridade

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Sentindo-se mais calma, Rafaela lentamente desfez o abraço, conseguindo encarar Bradley com mais calma, tinha aceitado o amor dele e tê-lo em sua vida dessa forma, confiando nele seu próprio coração.

-Eu sinto muito por esse meu exagero, é só que... - ela conseguiu sorrir, se recompondo - bom, eu acabei percebendo que te amo também, diante de tudo que você fez por mim, não só por isso, eu sinto que preciso de você na minha vida, de verdade.

-Eu penso o mesmo sobre você - ele concordou - mas como vai ser daqui pra frente, você é quem decide.

-Quer dizer que... - ela limpou a garganta, de repente, focando no momento presente - eu que decido se vamos namorar?

-É, eu queria muito que isso fosse possível, mas Rafa, se tem uma coisa pela qual eu prezo, é o seu bem estar - Bradley deixou claro, com todo carinho possível. 

-Bom, eu nunca estive em um relacionamento romântico antes, eu tenho minhas dúvidas quanto ao assunto, mas é verdade que eu também quero ficar com você - ela confessou - então, meu querido Bradley, eu quero muito dar uma chance a nós dois, eu ficaria muito contente por ser sua namorada.

-Sério? - ele sorriu feito uma criança, completamente realizado.

Enquanto a abraçava, chegou a rir de felicidade. Impulsionado por esse sentimento, ele a beijou dessa vez, de forma delicada e aliviada. Seu pobre coração tinha ganhado a recompensa que queria tanto, ter seu amor correspondido.

-Sério - Rafaela respondeu, segurando o rosto dele em suas mãos, ainda tão perto um do outro.

Eles compartilharam mais um beijo, sem mais restrições. Aproveitando que tudo estava finalmente bem e esclarecido entre os dois, acabaram passando um tempo conversando sobre Bandstand, que antes do pequeno incidente que tiveram, era com certeza o assunto que mais queriam falar.

-Então, o que você achou do musical? - Rafaela quis saber.

-Além do que eu já falei pra você? Bem, eu amei tudo que eu vi, claro que foi muito emocionante, a ponto de me fazer chorar, porque eu lembrei do meu pai e das vezes que... -Bradley engoliu em seco antes de prosseguir, cortando seu próprio ritmo de conversa o que deixou Rafa preocupada - eu quase morri...

-O que? Eu... achei que seu pai tinha sofrido um acidente trágico, quer dizer que você também, quer dizer, não aconteceu a mesma coisa com você - ela constatou em voz alta.

-Me desculpe, eu não queria te assustar, isso foi há um tempo, foram duas vezes - ele contou, um tanto atordoado pelas lembranças e pela reação dela.

-Se não quiser me contar, tudo bem, eu só fiquei preocupada, afinal, é algo muito grave - ela respondeu, mais calma agora.

-Na verdade, acho importante conversarmos sobre isso, dadas as circunstâncias - ele deu de ombros, um pouco abalado por uma conversa descontraída, que tinha iniciado tensa, voltar a ficar tensa outra vez = a primeira vez eu perdi os controles, consegui ejetar no último momento e o meu pouso foi completamente errado, me custou uma perna quebrada e arranhões no rosto.

-É por isso que você tem essas cicatrizes, eu nunca quis perguntar porque achei que seria indelicada - Rafaela confessou e Bradley assentiu.

-A segunda vez foi em uma missão com Maverick, aliás, o meu pai era o ala dele, quer dizer que voavam juntos, estavam em um treinamento, foi quando meu pai faleceu - ele contou um detalhe que ela ainda não sabia, aos poucos a história toda se revelava - mas então um tempo atrás nós tivemos uma missão juntos, o caça do Mav foi atingido e eu fui atrás dele, digamos apenas que fugimos dos inimigos e fomos salvos por outro piloto, Hangman, escapamos por pouco.

-Uau, isso é que é profissão arriscada... - Rafaela mordeu os lábios depois de emitir sua resposta sincera, com muito que considerar de repente.

-Isso te assusta, não? - ele quis confirmar o que já estava claro.

-Muito, pode ter certeza que sim, entendo que... há a possibilidade de eu te perder a qualquer momento - ela declarou, surpresa com sua própria sinceridade, sentindo=se livre para se abrir naquele nível.

-Eu sei que é assustador, aliás, é um péssimo jeito de começarmos nosso namoro, mas esse assunto é muito importante - Bradley se aproximou dela, a segurando em seus braços - mas se serve de consolo, Rafa, eu sou cuidadoso e a tecnologia está a nosso favor em questão de segurança, não é mais como no tempo do meu pai.

-Tudo bem, eu... acho que não seria capaz de abrir mão de você apesar dos riscos - ela fez questão de olhar para ele, demonstrando toda sua compreensão.

-Não sabe o quanto eu fico feliz de ouvir isso - ele a abraçou com força, aliviado por ter seu amor retribuído, por ter o apoio de Rafaela no que fazia - e me desculpa de novo.

-Desculpa por que agora? - ela não compreendeu.

-Porque eu estraguei todo o clima com essa conversa - ele se justificou.

-Não, você mesmo disse que era importante, eu sabia que ela viria, só não esperava que fosse tão cedo assim - Rafaela explicou.

-Que tal um passeio? Pra comemorarmos os primeiros momentos do nosso namoro? - ele sugeriu, muito mais animado do que antes.

-Sair agora? Hum, talvez eu tenha uma ideia melhor... - Rafaela sugeriu, rindo = eu posso fazer o jantar pra nós, o que acha?

-Parece maravilhoso! - Bradley sorriu amando a ideia, sem mais resquício do peso do que havia acontecido no passado.

O futuro estava à sua frente, parecendo primoroso, resumido na doce figura de Rafaela.


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