A desajustada

Dez minutos

Hoje ela teria o dia todo sozinha, e se sentia realmente nervosa, com medo de não conseguir se sair bem, e o pior travar diante do próprio chefe. Ele era muito bonito e cheiroso, mas também era assustador, sua voz lhe dava um verdadeiro embrulho no estômago, não sabia se era o jeito taciturno ou todas as exigências que Kurenai disse no dia anterior. Chegou um tanto cedo, junto com o pessoal da manutenção do prédio, mas não havia problema, ela tinha muito trabalho a fazer e isso daria tempo.

Preparou cada planilha que Kurenai havia indicado, cada documento, preparou também o relatório da reunião daquele dia assim como já havia marcado o almoço do senhor Uchiha daquele dia, que seria com um grupo de clientes que estavam bem empolgados, segundo a ex-secretária. Ela preparava seu café quando ouviu o som do elevador privativo.

Ele havia chego.

Se vestia com um terno preto, sua camisa branca impecavelmente passada, sapatos lustrosos, o que a fazia se lembrar de que deveria mandar alguém vir buscar as roupas sujas para lavar, preparou a xícara de café, e a serviu em uma bandeja com biscoitos e dois cubos de açúcar ao lado. Respirou fundo antes de entrar na sala com medo de derrubar a bandeja e fazer uma verdadeira lambança.

Sasuke a encarou, as roupas do dia anterior eram bem parecidas, uma saia cinza até seus joelhos, a camisa branca acompanhada de um casaco cinza que com certeza era um conjunto da saia, e realmente a deixavam parecendo uma senhora, assim como os óculos de armação grossa na cor preta, em seu rosto, Sasuke se perguntou quantos anos ela realmente tinha, seus documentos indicavam vinte e dois, mas ela parecia ter uns sessenta com aquelas roupas, Sasuke chegou a imaginar se ela tricotava como uma idosa, mas uma coisa ele não podia negar, ela era competente, pelo menos nas poucas coisas que havia feito sozinha naquela manhã, seu café era forte, apesar do desperdício de biscoitos e o açúcar, as planilhas estavam totalmente preenchidas sem os erros que todas cometem no começo, e os relatórios pareciam perfeitos em sua mesa, ele se perguntou em quanto tempo ela fez tudo aquilo, fez a nota mental de que deveria perguntar os seguranças que horas ela chegou. E se surpreendeu quando encontrou tudo que precisava disposto em sua mesa,

- Bom dia, Uchiha-San. - Ela disse ao parar de frente a mesa dele com uma pasta em suas mãos. Sasuke não respondeu, em sinal de que deveria continuar o que tinha a dizer. - Eu já reservei o restaurante para o seu almoço e dos compradores, segui a lista de Kurenai e escolhi o Royals. Alguma objeção?

- Hum. - ele respondeu sem olhar para ela, encarando a tela de seu computador. Ela se perguntou se ele concordou. Continuou imaginando que ele não se oporia.

- Sabaku-san solicitou uma visita do senhor à plataforma do Pacifico, disse que tem planos e que precisa da sua autorização para efetivá-los. E ele disse que seria uma honra se …

- Onde está o esboço do projeto? - ele disse interrompendo as explicações dela, que tremeu levemente.

- Está aqui. - abriu a pasta deixando cair seus papéis. - Essa não... - Ela abaixou pegando tudo desajeitadamente, separando o projeto enviado pelo Sabaku - Desculpe - Estendeu a folha dobrada para ele.

- Não se desculpe. Isso é irritante. - disse com a voz fria e ela se encolheu.

- Descu… - ele a encarou irritado e ela apenas se calou. - Temos uma reunião às nove com os acionistas, e depois…

- A reunião será às oito. - Ele informou, sem olhar para ela. Sakura sentiu seu sangue gelar, como assim às oito, olhou no relógio de pulso e constatou que faltavam quinze minutos.

- Não, senhor. Eu tenho certeza de que estava marcada para as nove.

- Eu adiantei a reunião. - Ela ficou boquiaberta. - Espero que esteja com tudo pronto. - Ela olhou para a pasta em sua mão. Seu olhar perdido. E não estava pronta, faltavam algumas coisas para deixar de acordo. - Daqui cinco minutos nós saímos. - Ela nem mesmo questionou, virou de costas e foi até sua mesa preparando tudo desastrosamente. quase deixando cair a xícara de café frio, que bebia antes dele chegar. Não demorou nem três minutos e ela o viu levantar da cadeira e seguir para fora. Ela respirava fundo e tentava organizar seus pensamentos.