– Karin os fornecedores de bebidas já entraram em contato? – Sakura perguntou enquanto lia o contrato de uma das organizadoras do evento que estava querendo cobrar uma taxa a mais para que as bebidas fossem servidas em copos e taças de vidro, porém ela sabia que no contrato mencionava vidro e não acrilico ou plástico.
– Já está confirmado, assim como o buffet e os músicos. – Respondeu a ruiva, sentada na pequena poltrona à frente da mesa. Sakura a encarou levemente irritada.
– Nada de música eletrônica.
– Ahhhh Sakura, é uma festa, não o Titanic afundando.
– Karin é um baile beneficente, não uma balada. Vai acabar cedo e os convidados são em sua maioria idosos.
– Idoso cheios de grana, que com certeza frequentam baladas atrás de novinhas. – A rosada negou atrás da tela de seu computador.
Ela voltou a digitar alguma coisa enquanto a ruiva fazia contato por mensagem com outros fornecedores, as duas corriam para organizar tudo para o baile, que seria em oito dias. Claro que estava bem adiantado, pois Sakura tinha uma organização sistemática e Karin não queria brigar com ela, que sabia ser bem mandona quando queria, mas elas sempre tinham algum problema pendente ou algo que não saia conforme o combinado. Sendo assim as duas estavam trabalhando dobrado para que o baile fosse um sucesso e anotando tudo que estava dando mais trabalho para que no próximo fosse mais fácil.
Enquanto isso, Sasuke apenas seguia com seu trabalho, como normalmente fazia, tentando não atrapalhar Sakura e sua ajudante, visto que a Assistente estava uma pilha de nervos, o que era bem engraçado para ele, que sempre a via calma e tímida, agora via a parte proativa, organizada e paranoica dela. Seria cômico se ela e Karin não discutissem a maior parte do tempo, e de certa forma ele não tivesse com quem conversar, visto que Karin chegava com ela.
– Haruno, estou indo almoçar. Vocês também vão? – Antes que Karin abrisse a boca e dissesse que sim, Sakura respondia por elas.
– Ainda não Uchiha-san, nós temos muito trabalho para fazer e Karin trouxe o próprio almoço.
– Não, mas… – Karin gaguejou, olhando de Sakura para o chefe bonitão dela.
– Tudo bem… – Ele disse com uma voz desanimada, caminhando para o elevador, e Karin achou a cena muito parecida com a de um cachorro sendo expulso de casa.
– Por que você fez isso? O cara ofereceu o almoço pra gente. – Resmungou irritada.
– Porque … – ela não tinha uma outra resposta a não ser que ela não conseguia olhar ele nos olhos depois de ouvir alguns boatos pelos corredores da sede.
– Só porque ele é um lindo do caralho e que te trata super bem?
– Ele não me trata super bem. Ele é educado. – Karin a encarou com um misto de irritação com ironia.
– Se aquilo é ser educado, minha calcinha molhou a toa.
– Karin!
– Que?? – perguntou sem entender a irritação da amiga que ficou vermelha de vergonha – Se alguém for educado comigo do jeito que ele é com você eu juro que sento nessa pessoa.
– Pode não falar assim, por favor!?
– “Tem café, Haruno?” “Estou indo para uma reunião, Haruno. Te espero no andar de cima”, “Se precisar de alguma coisa me avise, Haruno” – A ruiva imitou a voz grossa e forte do homem. – Ah desculpa, mas ninguém fala desse jeito com outra pessoa.
– É o jeito dele Karin! – Sakura rebateu irritada e vermelha de vergonha, por ouvir aquelas palavras em voz alta, palavras que eram apenas imaginadas pela rosada, como um delírio.
– Tá bom Sakura, continua se enganando. Até ele falar assim no ouvido de qualquer modelete, aspirante a influencer, aí você vai entender o que eu tô falando.
– Foca no trabalho, por favor.
– Tá bom, mas você sabe que eu não estou inventando isso. Ele te trata diferente e eu não sou a única que notou isso.
– Quem foi a outra que notou? – Sakura ironizou, achando que só Karin percebeu e que só ela mesma sentia algo estranho quando Sasuke falava e olhava para ela.
– A Temari também já viu, falou que ele é cheio de dedos com você, que te trata igual uma bonequinha de porcelana.
– Não exagera, não tem nada a ver, vocês duas estão vendo coisas.
– Vendo coisas, sei…
– Terminou de confirmar as bebidas?
– Ta terminado a horas, podia até ter ido almoçar com o bonitão e você ter ficado aqui, relendo contratos. – Sakura a encarou com raiva pela ironia.
– ihhh não é só ele que sente alguma coisa.
– Karin. Cala. A. Boca. – A ruiva sorriu sacana.
As duas terminaram de revisar o contrato enorme sobre as taças e copos, não encontrando nenhuma cláusula em caso de utilização de vidros e louças, a não ser claro se quebrar alguma coisa.
Em seguida almoçaram na cozinha, com Karin reclamando ainda e fofocando sobre as pessoas que trabalhavam ali, claro que ela conhecia todo mundo, e sabia da vida de algumas pessoas. Fofocou sobre a garota da contabilidade, que se fazia de santinha, uma outra do marketing que saia com homem casado, o controlador de acesso bonitão que tinha caso com a recepcionista, o que no fundo Sakura não dava atenção, pensava mais no que as pessoas andavam dizendo depois do ocorrido com a ex-noiva de seu chefe, e o fato dela ter saído acabada dali, nos dias seguintes ela ouviu algumas mulheres no banheiro dizendo que ela e Sasuke tinham um caso, e pior quando seu olho estava roxo tiveram a coragem de dizer que ele havia batido nela. Mas como de costume a rosada guardou isso para si, não disse a ele e nem a ninguém, e tentou se afastar o máximo possível dele, mesmo sendo quase impossível, pois todas as manhãs eles sentavam para tomar café juntos, ele a ouvia divagar sobre alienígenas que construíram pirâmides e as brigas entre bandas de rock, discutiam sobre logotipos de marcas famosas que ela achava maravilhosas e ele péssimas, nessas conversas saiu até a história do logo da Uchiha Co.
Discutiam sobre filmes vencedores de Oscar, filmes de herói, que Sasuke não entendia quase nada, animes, entre outras coisas. E sempre ao final ela se perguntava como se afastar dele? Sendo que aquele homem parecia fazer questão de estar com ela, ouvi-la, às vezes fazer ela rir com os comentários sérios, mas que eram engraçados, ele não tinha a intenção de fazê-la rir, mas se tornava involuntário.
Suspirou triste e Karin estranhou aquela atitude, mesmo sendo tímida, com ela Sakura não costumava ficar triste, com raiva e irritada sim, mas triste jamais. Foi uma das promessas que Karin fez a ela quando estavam na faculdade, de que sempre a faria se sentir bem ou com raiva, sempre uma das duas coisas.
– O que foi? Está triste assim desse jeito de saudades?
– O que ? – perguntou confusa.
– Já que ele chega.
– Ai Karin, dá um tempo. – Ela não sorriu, continuou triste com seu obentô.
– Já sei. – Ela disse quando percebeu que a porta do elevador se abriu para que Sasuke voltasse ao trabalho. Ela não provocaria a amiga na frente dele. – Vamos procurar seu vestido hoje.
– Pra que? – ela ficou confusa, pra que precisaria de um vestido?
– Ah você vai com camiseta de banda no baile? – “Ah, o baile…” Sakura não se sentia animada para ir, não mesmo, de jeito nenhum. Se ela não fosse tão necessária no dia arrumaria uma doença como desculpa para não passar nem perto, mas não havia escolha e ela tinha que ir minimamente elegante naquele lugar. – Eu vou ligar pra Hina agora, e tenho certeza de que ela vai topar e que você vai ficar animada, você vai ver. – Mal sabia a ruiva que aquilo só piorava o estado de espírito da Haruno.
– Hina! – disse Karin na chamada de vídeo.
– Oi meninas. – ao fundo o escritório na fabrica, indicada que Hinata estava trabalhando.
– Coisa rápida, pra não te atrapalhar. Vamos procurar os vestidos de baile, hoje?
– Hoje? – ela olhou em um caderninho que ficava ao lado do computador. – Pode ser.
– Você sabe onde poderíamos encontrar uma que venda vestidos de banda de rock para uma nerd esquisita.
– Karin! – Sakura ralhou.
– Não, mas eu sei de um lugar perfeito. E olha agora eu fiquei curiosa como a Sakura ficaria num vestido de festa?
– Então entra no carro vadia, vamos procurar um vestido pra ela.
– Não fala assim com ela – Hinata gargalhava do outro lado da linha.
– A gente sai às cinco, manda a localização que vamos te encontrar.
– Tá marcado.
Desligaram o telefone e voltaram ao trabalho discutindo como de costume, enquanto Sasuke as observava de sua mesa, imaginando onde elas iriam, e sentiu uma curiosidade imensa, pensou em ir tambem, pois assim como Hinata, ele também sentia curiosidade em ver Sakura de outras formas… Mas ele não podia ser tão invasivo, tinha que conter a curiosidade, ele não era nada dela, além de chefe, e ficar a perseguindo feito um maluco apenas faria ela sentir medo dele, afinal quem não sentiria medo de um maldito stalker. Pois era isso que ele parecia, um perseguidor maluco, que queria ver a secretaria vestida em outros tipos de roupa que não terninhos de tecido de tweed.
– Merda, seu pervertido. – Resmungou. Sakura discutia com alguém ao telefone, enquanto Karin digitava em seu celular, e Sasuke tinha certeza de que estava marcando a loja que visitariam mais tarde.
Sentiu uma pontada, uma que quase o fez mandar uma mensagem para a pessoa que saberia onde elas estariam, Naruto, mas ele seria péssimo, era capaz de chegar ali o chamando de tarado na frente das duas mulheres, guardou o telefone e continuou respondendo seus emails, sem conseguir focar muito no que escrevia, pensando nas cinco da tarde. Uma luta irritante entre seu cérebro e seu coração, a razão e o sentimento. Esquisito, incomodo, a coceira, as borboletas horriveis, que insistiam em lhe incomodar, em lhe tirar o sossego.
– Vamo Sakura, a Hina já tá esperando a gente. – Karin a chamava, já com sua bolsa no ombro.
– Calma só to pegando as coisas… Acha o endereço enquanto eu vou arrumar aqui.
– É perto, três quadras daqui.
– Uchiha-san. Estamos indo, precisa de mais alguma coisa? – Ele encarava a tela do notebook, fingindo estar concentrado, negou para ela. – Até segunda.
– Até segunda, Haruno. – Ele respondeu procurando a loja de vestidos a três quadras dali. Enquanto elas praticamente corriam para o elevador.
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A desajustada
RomanceA tímida e desajeitada Sakura Haruno é a mais nova assistente pessoal do CEO da Uchiha Oil Company. Podia não ser a mais bonita e vaidosa entre as candidatas, mas era a mais competente e inteligente e mesmo que seu chefe desconfiasse de sua competê...