O almoço

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Algo dentro de Sasuke dizia que ele precisava se aproximar de sua Assistente, conhecê-la. Ela era estranha, mas tinha um mistério por trás que o deixava intrigado, aquele dia no restaurante foi a prova cabal de que ela era diferente, ele não quis admitir por um tempo, mas ela estava deslumbrante, não por estar em um vestido bonito, que lhe realçava as curvas, ou pela maquiagem que destacava seus lábios delicados, até mesmo os olhos por trás dos óculos pareciam diferentes, a questão era que ela parecia que tinha saído de seu casulo, de sua armadura, de sua muralha, ela estava exposta, mostrando suas imperfeições e suas perfeições, o que chamou a atenção do Uchiha, ele tinha certeza de que ela se escondia assim por algum motivo, e ele colocou como meta descobrir o motivo desse medo, dessa defesa.
Não sabia explicar porque desejava tanto que Sakura se sentisse livre, a vontade, menos travada, pois no fundo ela era encantadora, sem as amarras.
– Uchiha-San? – Ela o chamou suavemente, o tirando de seu devaneio. – O senhor está bem? Pareceu um tanto perdido…distante – Perguntou sem perceber que ele estava perdido era em alguém bem próximo dele.
– Iremos almoçar no Royal hoje.
– Quantas pessoas? – ela anotava em seu papel, sem olhar para ele, sem perceber que ele tentava adivinhar seus pensamentos.
– Duas, eu e você. – Ela ergueu o rosto devagar e o encarou, procurando o motivo, mas ele parecia distraído, como se não houvesse, mas isso não era suficiente.
“Ele vai me demiti?”
“Sera que eu fiz algo de errado?”
“Com certeza eu fiz, espero que ele seja, ao menos discreto”
Baixou o olhar e continuou anotando o que ele dizia, sobre as reuniões do dia, e mais alguns compromissos da semana e o mais importante dele, ao ver da Assistente, a prova do Buffet.
Ele e a noiva estavam chegando na reta final para o casamento,  e  fariam as provas do Buffet, Sakura se lembrou que teria que indicar as alfaiatarias para fazer o terno ou smoking de Sasuke, e uma joalheria para encontrar a aliança perfeita pra sua noiva, como ele havia dito a alguns dias atrás.
“será que o almoço é sobre isso?”
“Seria melhor do que ser demitida em publico”
– Yamanaka-San irá conosco? – perguntou na curiosidade de saber se seria sobre o casamento, geralmente ela esta junto nessas situações, ela gosta de tudo a seu gosto por isso exige estar presente. Mas tê-la em sua presença não seria nem de perto algo bom.
– Não. Seremos apenas eu e você. Isso é tudo. – Sasuke disse impaciente.
Ela virou nos calcanhares e fez a reserva, e sua rotina diária entre relatórios e emails, se sentindo realmente mal, pois tinha certeza de que ele lhe mandaria embora. Pensou no que Temari ou qualquer outro faria se soubesse que seria demitido, com certeza chutaria o pau da barraca e ela pensou em fazer o mesmo, em sua mente ela imaginou, quebrando aquele escritorio inteiro, mandando Sasuke se ferrar e saindo mostrando o dedo do meio para ele. Mas sua coragem não era tanta, assim como sua vergonha não deixaria, ela nem mesmo consegue olhar para ele sem tremer inteira, que dirá quebrar as coisas dele, foi até a cozinha para tomar um pouco de café enquanto ela sentia sua ansiedade chegar na garganta imaginando o almoço.
– Ino, o combinado era para sexta feira, me programei a semana toda, hoje eu não irei em nenhuma prova de buffet. – Sakura ouviu o chefe falar alterado no telefone. – Eu tenho um almoço hoje. – silêncio enquanto ela respondia. – Eu não vou desmarcar, não é assim que as coisas funcionam. Eu tenho responsabilidades.  – Silêncio mais uma vez e Sakura agradeceu muito de estar na cozinha naquele momento, a alteração dele a assustava e já ia ser humilhação suficiente ser demitida em público e além de tudo estar na reta dele e ouvir algumas ofensas. – Faça como quiser.
Ela aguardou por alguns minutos tendo certeza de que Sasuke estaria de volta a sua sala, tomou mais um gole de café e quase teve um infarto fulminante quando se virou para sentar na mesa e deu de cara com Sasuke na porta.
Imponente, sem terno, com as mangas dobradas da camisa azul clarinho, revelando uma tatuagem que ela não lembrava que ele tinha, ele tinha um olhar irritado mas que pareceu se dissipar quando ele enchia sua caneca com café.
– Ino quis trocar o dia da prova. – Disse como se justificasse o pequeno show minutos antes, não que isso fosse problema dela.
– Não seria melhor? Quanto antes resolver o assunto melhor… – disse com sua voz baixa e um tanto arredia.
– Não. Ino é muito mimada, tudo que ela quer o pai entrega no mesmo instante e a vida adulta não funciona assim. – bebericou um gole do café. – Eu não tive nada tão rapido. – disse esperando uma resposta dela. Sakura realmente não tinha nada tão rapido, nem com seus pais separados, na verdade ela nunca teve muita coisa, somente bens materiais, sempre que precisava de um abraço ou uma palavras de consolo tinha que esperar a hora em que seus pais estivessem disponíveis para ela, que era quase nunca, e quando tinha sua mãe para lhe dar algum apoio a mesma dizia que ela era fraca e chorona.
– Eu nunca tive… – respondeu cabisbaixa. Fazendo Sasuke perceber que talvez seu jeito tímido não viesse apenas do ambiente corporativo.
–  Pois é. – ele se abaixou fingindo não achar um pacote de torradas, apena para dissipar aquele assunto constrangedor. – Tem torradas ainda?
– Sim… hum… Na mesa. – ela apontou e ele forçou um sorriso que o fez parecer um antipático sem querer.
– Obrigado. Kurenai sempre tinha algumas coisas por aqui, escondidas. – Ele comentou, tentando mais uma vez puxar um assunto, uma conversa. Querendo deixar a Assistente à vontade.
– Eu tenho alguns biscoitos no armario. – Mostrou uma pequena porta branca, que obviamente ele sabia que existia. – Se quiser alguma coisa pode sempre pegar aqui. – Tudo estava organizado em potinhos quadradinhos empilhados, o que mostrava o quanto ela era paranoica com arrumação, Sasuke imaginou um universo cor de rosa milimetricamente organizado que devia ser a casa dela.
– Obrigado. – Ele saiu, ao perceber ela mais relaxada que o normal, o que para Sasuke foi uma vitória.

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