Carga Dupla

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Os dias se arrastaram lentamente desde o ataque. Cada amanhecer era um novo desafio, uma batalha para manter a Taishaku e a Valhalla unidas enquanto Hanma ainda estava no hospital, lutando pela vida. A responsabilidade pesava sobre meus ombros como nunca antes.

Acordava cedo todas as manhãs, a mente já cheia de preocupações antes mesmo de meus pés tocarem o chão. Minha primeira parada era sempre o hospital. Entrava na UTI e sentava ao lado de Hanma, segurando sua mão e contando-lhe sobre os acontecimentos. Mesmo que ele não pudesse responder, a presença dele me dava forças.

"Estamos mantendo tudo sob controle, Hanma," eu dizia, mesmo quando a verdade era muito mais complicada.

Depois de passar um tempo com ele, seguia para as reuniões com os membros das gangues. A Taishaku estava relativamente calma, mas a Valhalla era um caos. A ausência de Hanma havia deixado um vazio de liderança que eu precisava preencher.

No primeiro dia em que me apresentei como líder temporária da Valhalla, senti a tensão no ar. Os membros mais novos olhavam para mim com desconfiança, enquanto os veteranos pareciam divididos entre lealdade a Hanma e ceticismo em relação a mim.

"Sei que não sou Hanma," comecei, olhando nos olhos de cada um. "Mas sou sua irmã, e prometo que vou liderar com a mesma determinação que ele."

Alguns assentiram, mas outros mantiveram expressões duras. Eu sabia que ganhar a confiança deles seria um desafio.

As primeiras semanas foram repletas de pequenos conflitos. A rivalidade entre membros e a frustração pela ausência de Hanma causavam brigas constantes. Eu estava sempre no meio, tentando mediar e manter a paz.

Logo no primeiro dia, uma briga estourou entre dois membros, Hiro e Kazu. O grito de Kazu ecoou pelo galpão enquanto ele agarrava Hiro pela gola da camisa, os dois trocando socos selvagens.

"Eu já disse pra você não mexer com a minha parte!" gritou Kazu, antes de acertar um soco no estômago de Hiro.

"Se você fizesse o seu trabalho direito, eu não precisaria!" Hiro rebateu, empurrando Kazu contra uma pilha de caixas.

Corri para separá-los, mas antes que pudesse intervir, Hiro me deu um tapa no rosto.

O impacto me fez cambalear, e por um momento, a raiva cegou minha visão. Mas respirei fundo, lutando para manter a calma.

"Basta!" gritei, a voz ressoando pelo galpão. "Isso não vai resolver nada. Se querem se matar, não será aqui."

Os dois pararam, ofegantes, mas ainda com os punhos cerrados. Olhei para Hiro, que parecia arrependido pelo tapa.

"Desculpe, Sn," ele murmurou. "Eu... não sei o que deu em mim."

"Tudo bem," respondi, tocando o local dolorido no meu rosto. "Mas precisamos encontrar uma maneira de canalizar essa raiva. Hanma precisa que sejamos fortes, não que nos destruamos."

A briga acalmou, mas a tensão era palpável. No dia seguinte, outra confusão surgiu. Desta vez, foi entre Ryu e Shou, que quase chegaram às vias de fato por causa de uma discussão sobre territórios.

"Você não tem direito de falar assim comigo, Ryu!" Shou gritou, o rosto contorcido de raiva.

"Eu faço o que for necessário para proteger nossos interesses," Ryu respondeu, empurrando Shou contra a parede.

Corri para intervir novamente, conseguindo separar os dois antes que se machucassem seriamente. Mas a tensão só aumentava.

As visitas ao hospital eram minha única pausa daquele turbilhão. Sentar ao lado de Hanma, mesmo que em silêncio, me dava um senso de propósito. Mas as dúvidas me assombravam. As responsabilidades de liderar duas gangues, a preocupação constante com Hanma, e as brigas internas na Valhalla estavam me desgastando.

Gangue Taishaku  - 𝚃𝚘𝚔𝚢𝚘 𝚛𝚎𝚟𝚎𝚗𝚐𝚎𝚛𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora