Derek
-Essas aqui foram achadas há mais ou menos 250 anos, algumas são até da Europa. Ah, esse colar aqui é de ouro puro, pelo brasão da pra saber que veio da Áustria.
-Uau.- olhei realmente admirado para tudo que ela tinha ali. Eram várias pequenas coisas que foram encontradas no mar e que Meredith colecionava. Eu realmente gostava de coisas antigas que já foram perdidas e depois eram achadas, tinha um ar de alguma história desconhecida e mistério, e Mer parecia gostar muito também. Peguei uma moeda de bronze bem escura e observei de perto.- E onde você conseguiu isso tudo?
-Meu pai compra algumas coisa pra mim ou as pessoas me dão.- começou a procurar algo no saquinho de pano onde estava tudo guardado, mas não achou então o sacudiu de cabeça para baixo em cima da mesa do refeitório. Tínhamos acabado de almoçar.
-O que foi?
-Essa não.- falou chorosa e colocou as mãos em todos os bolsos do jaleco.- Acho que perdi o Jay-Jay.
-Quem?- franzi o cenho.
-Meu cavalo marinho, ou melhor, o esqueleto dele. Eu ganhei ele de aniversário quando era criança mas eu não sabia que não podia tirar ele da água para brincar, então ele obviamente morreu, depois enterramos ele mas a gata da vizinha desenterrou o esqueleto e desde então eu guardo de recordação.- falou rapidamente e um pouco aflita.
-Calma, vamos achar.
-Mas eu tenho cirurgia agora, não vou conseguir procurar ele. E se roubarem ele? Ou quebrarem?- ela falou mais rápido e vi seus olhos marejarem, percebi o quão importante aquilo deveria ser.
-Ok, vamos fazer assim: você vai para sua cirurgia enquanto eu encontro o Jay-Jay. O que acha?- sorri e vi que ela parou para pensar.- Quando sair eu já vou ter encontrado ele.
-Tá bem. Eu tenho que ir.- se levantou e colocou seus fones, para então sair do refeitório.
~
Ok, definitivamente tem algo de errado acontecendo comigo e eu não sei exatamente o que é. Talvez seja o maior convívio com os internos ou porquê o meu chefe está no meu cangote o tempo todo enquanto eu tento impressioná-lo para roubar seu cargo. Também pode ser o inverno que não acaba nunca, eu odeio o inverno, ou o mulherengo do meu melhor amigo que resolveu que agora quer se casar.
Eu, Derek Shepherd, neurocirurgião renomado e - modéstia parte - um cara muito cobiçado pelas mulheres e que preza muito por sua imagem e autoridade, está nesse momento em baixo de uma maca catando o que poderia ser o esqueleto de um cavalo marinho chamado Jay-Jay. Realmente, o que eu estou fazendo? O que há de errado comigo? Por que estou fazendo coisas por uma outra pessoa que não me favorecem em nada, pelo contrário. Sempre fui meio frio quando a questão era agradar alguém ou prestar um favor, Mark costumava dizer que eu era um ótimo amigo desde que não pedissem nada pra mim. Bom, estou de joelhos no chão do hospital não é mesmo?
-Merda, Jay-Jay...- bufei pegando delicadamente o que parecia ser a parte de baixo do cavalo marinho. Olhei para aquilo e me agoniei pensando em quão triste a Mer ficaria ao ver que ele havia quebrado e a sua parte de cima sumiu.
Mas por que eu estou me importando tanto? Eu não sou assim. Ok que ela é filha do chefe e eu quero agradá-lo de qualquer forma, mas não é sacrificante fazer qualquer coisa por aquela loirinha. De alguma forma eu gosto de seu jeito e sua companhia, por mais silenciosa que seja. Com Meredith tem algo diferente, é como uma amizade que tenho com Mark mas tem um cuidado maior. Fora o beijo simples que ela me deu na bochecha mas que me fez me sentir o cara mais especial da face da terra, foi tão espontâneo e eu não esperava aquela reação dela, acho que por isso gostei tanto. Não sei que sentimento é esse, mas sei que é bom.
Andei decepcionado pelo hospital com Jay-Jay no bolso e assim que avistei a loira saindo do corredor que dava para o bloco cirúrgico, comecei a pensar o que poderia fazer para que ela não ficasse tão triste. Quando ela me viu, veio correndo com um olhar aflito.
-Achou ele, Derek?- me chamou pelo nome, o que era raro de acontecer.
-Mais ou menos.- cocei a nuca e depois retirei o meu cavalo marinho que estava no bolso.
-Oh não...- seu olhar se entristeceu quando viu o que tinha acontecido. Ela pegou o que sobrou e ficou encarando, como se não acreditasse no que tivesse ocorrido.
-Não consegui achar ele todo. Alguém deve ter passado em cima com uma maca e não viu.- ela assentiu e eu vi que uma lágrima escorreu no canto da sua bochecha. Aquilo me cortou o coração, eu nunca tinha a visto assim. Meredith sempre foi muito séria e direta com os pacientes e casos, as vezes não parecia nem ter sentimentos por mais que eu soubesse que sim. Era muito indiferente. Mas agora...me parece tão vulnerável.
-Tudo bem.- fungou e acariciou a cauda do seu antigo pet.- Obrigada, de qualquer forma.- tentou sorrir mas após voltar a olhar para as mãos, fez beicinho.
-Ah Mer, não fica assim.- suspirei a olhando e não sabendo o que fazer. Olhei para os lados e vi que estávamos sozinhos no corredor.-Quer um abraço?
-Eu não gosto de abraços.- seu cenho franziu.
-Mas abraços ajudam quando estamos tristes.- sorri e abri meus braços. Ela olhou para eles e depois para mim, como se não tivesse certeza.
-Por que está querendo me dar um abraço?
-Pra você se sentir melhor. É isso que amigos fazem.- ela sorriu fraquinho e depois também abriu os braços, dando um passo à frente e contornando meu tronco em um abraço tímido vindo da parte dela. A abracei de volta e a apertei aquele corpo pequeno contra o meu, o que fez aquele sentimento esquisito voltar. Mer tombou a cabeça no meu ombro e se aconchegou mais nos meus braços, o que fez eu sorrir imediatamente, também a puxando mais para perto, se é que fosse possível.
-Seu abraço é bom. Gosto do seu abraço.- disse baixinho e sem me soltar.
-O seu também.- falei no mesmo tom que ela, aspirando o cheiro do shampoo de lavanda que ela usava e eu amava. Fechei meus olhos e aproveitei aquela sensação nova e louca que estava sentindo, era boa. Acho que nunca senti algo assim porquê nunca tive amizade com uma mulher. Dizem que quando temos uma melhor amiga, é um sentimento diferente que temos de um amigo homem, é mais cuidadoso, genuíno. Deve ser isso que estou sentindo.
-Estou interrompendo?- ouvimos alguém falar e eu abri meus olhos para ver Nick nos olhando com um olhar não tão gentil. Desde que tivemos aquela pequena Richa por conta da loira, ficamos meio estranhos um com o outro, até porquê ele estava muito afim de Meredith. A mesma se virou, deixando um de seus braços em torno da minha cintura, me abraçando de lado, sorri sem mostrar os dentes e deixei um braço por cima dos seus ombros.
-Sim, Dr.Marsh. O Dr.Shepherd estava tentando me fazer sentir melhor e o senhor interrompeu.- falou séria e direta. Essa é minha garota!
-Entendi. Estava tentando fazer ela se sentir melhor, né?- me olhou me fuzilando con o olhar.
-Ela estava triste, o que eu deveria fazer?- dei de ombros e para provocar, puxei a loirinha para mim novamente, que não hesitou em passar os braços pelo meu pescoço me abraçando novamente, ficando de costas para Nick, que estava ficando vermelho de raiva. Meus braços rodearam a cintura fina de Mer, a apertando contra mim, enquanto deixava minha bochecha escorada nos cabelos dela.- Se nos da licença...- sorri maléfico e ele estreitou os olhos e silabou um "depois a gente conversa" antes de sair. Idiota. Acariciei as costas de Meredith e a afastei um pouco para poder olhar no seu rosto.- Já está sentindo melhor?
-Estou. Mas você pode continuar me abraçando. Seu abraço é o único que eu gosto, é diferente.- me olhou meiga e voltou a me abraçar. Retribui de bom grado ainda sorrindo.
-Com todo prazer.
Sabe, estou gostando de ter uma melhor amiga. Ter Meredith é dez mil vezes melhor do que ter Mark. Acho que descobri o que era esse sentimento estranho, era amizade.
Sei que não está muito grande mas prometo que o próximo vai estar maior
Derek iludido achando que não vai se apaixonar KKKKKK
Espero que tenham gostado
Beijão ❤️
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Atypical Grey
FanfictionNinguém gosta de internos, muito menos o chefe de um departamento de cirurgia. O Chefe da Neurocirurgia Dr.Derek Shepherd ficou responsável por orientar um grupo de internos durante o internato no Seattle Grace, o que foi um belo pé no saco para el...