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Sonolento e quentinho em suas cobertas, o ômega resmungou cansado quando sua governanta escancarou as janelas afim de lhe acordar. Odiava acordar cedo, ainda mais pela beta Kang, uma mulher de meia-idade rabugenta.
ㅡ Saia de sua cama, jovem mestre ㅡ ordenou com sua típica falta de paciência ㅡ temos muito o que estudar hoje
ㅡ Mas hoje é sábado ㅡ choramingou fazendo beicinho, sentando-se em sua cama, vendo-a dobrar suas cobertas para que não pudesse voltar a se aconchegar e adormecer.
ㅡ São ordens, garoto, apenas as siga e não teremos problemas ㅡ revirou os olhos, terminando com as cobertas para seguir até o banheiro e preparar o banho do ômega.
Ômega. O único daquela família formada por alfas lúpus, a elite de sua espécie. Só não compreendia o porquê de ômega lúpus não estarem naquela equação. Era abominado por sua família, principalmente seu avô, que lhe escondeu de todos na mansão, proibindo que tivesse criação e crescimento normais. Seu dia inteiro era passado dentro daquela mansão ridiculamente grande.
E lhe eram permitido entrar somente, fora seu quarto, na ala de estudo. E se quisesse ir à biblioteca? Apenas esgueirando-se nas sombras da noite para que não fosse descoberto pelos empregados e por seu avô, aquele que mais odiava vê-lo e saber da existência. Jeon Seojun, 65 anos, era um alfa lúpus de bela aparência, de cabelos grisalhos e cheiro dominante, era ele quem liderava a família feito um comandante das forças armadas, não tolerando mínimos erros dos integrantes da família ou até mesmo de seus empregados. Tudo em seu dia era planejado, o que faria e comeria, e o que seus filhos e sobrinhos deveriam fazer.
Não estava em seus planos que sua filha mais velha casasse com um alfa lúpus perfeito de aparência e status ㅡ que ele mesmo havia escolhido a dedo ㅡ, para que no fim, um ômega nascesse. Sua primogênita com um ômega como herdeiro.
Então, ordenou que a alfa desistisse do bebê em seu ventre e tentasse novamente, mas sua filha, de aparência e personalidade tão idêntica a sua, fechou a cara, inundou o escritório com seus feromônios e negou fortemente.
ㅡ Terei meu bebê, e quantos mais o senhor quiser ㅡ murmurou num rosnado baixo ㅡ ele nascerá
Seojun fechou os olhos com força, assentindo e suspirando profundamente. Sabia que ela não mudaria de ideia de jeito nenhum, e que não conseguiria fazê-lo. Sem escolha, apenas permitiu, fingindo que o futuro neto e a própria filha não existiam até o nascimento do verdadeiro herdeiro.
Assim, o bebê nasceu e foi esquecido pela família, crescendo com a ajuda de criadas e professores particulares. Desde pequeno, ele aparentava ser esperto e inteligente, um garotinho energético e sorridente de cabelos e olhos negros, a característica hereditária de sua família. Quando adolescente, começou a perguntar-se o motivo de ser proibida sua saída daquela casa em que havia nascido e vivia, de não poder ir à escola ou fazer amigos.
Sentia-se solitário, queria um amigo.
Com quinze anos, veio o primeiro cio. Seu corpo parecia queimar e algo estranho escorria por suas pernas, esperando que fosse saciado por um alfa. Naquele dia, seu avô apareceu para vê-lo pela primeira vez, seus olhos negros brilhavam em ódio, enquanto dava instruções para uma criada.
ㅡ Arranje remédios para que esse ômega não cause mais problemas ㅡ ordenou rígido, não encarando mais o neto.
Jungkook chorou de dor até que os medicamentos fizessem efeito, e quando estava quase dormindo, quase drogado de supressores, sua mãe apareceu, acariciando seu cabelo e falando baixinho.
ㅡ Meu bebê ㅡ ela tinha um sorriso doce, sempre acariciava seu cabelo quando ia lhe visitar às escondidas de seu avô ㅡ virou um ômega tão lindo. Vai ser difícil ser essa criatura tão esplêndida e bela, mas sei que vai conseguir, que vai ser forte e bater de frente com seu avô, ter sua vida
Jungkook deixou com que lágrimas grossas rolassem por suas bochechas.
ㅡ Por que ele me odeia? ㅡ perguntou letárgico ㅡ por que vivo preso nessa casa? Eu não tenho amigos e não posso sair...
ㅡ Quantas perguntas ㅡ riu baixinho, abaixando-se para deixar um beijinho na bochecha do filho ㅡ apenas saiba, Jungkook, que eu te amo e que está aqui, saudável e lindo. Seu avô não sabe o que diz, ele está caduca ㅡ ajeitou a coberta que cobria o ômega ㅡ se seguirmos suas regras, não teremos problemas, está bem?
Jungkook apenas assentiu, virando e encolhendo-se para dormir.
Sua mãe sempre dava um jeitinho de ir vê-lo, perguntar como havia sido seu dia, falar do seu próprio, e lhe dar presentes, em sua maioria, livros. Eles eram sua pequena escapatória, sua visão do mundo, amava viver grandes aventuras no mar e em terra com reis corajosos e piratas ladrões. Às vezes, dava um espacinho para os romances também, suspirando para aquelas cenas tão doces e açucaradas de beijos, danças, abraços e noites quentes. Ficava imaginando se um dia teria aquilo; amor, pertencer e cuidar, apaixonar-se à primeira vista por seu alfa destinado montado em um cavalo branco.
Jungkook caminhou preguiçoso até o banheiro, com os cabelos pretinhos bagunçados e olhinhos inchados de sono. A beta Kang esperava com a banheira cheia de água quente para seu banho, com sais perfumados, sabonete e shampoo. Nunca lhe era permitido sair de casa, mas sempre deveria estar cheirando e vestido bem.
ㅡ Sente-se na água ㅡ orientou, notando o sono do ômega, segurando-o para que não caísse e se machucasse. Sentou-o na banheira, vendo-o fechar os olhos e descansar ㅡ o que te lembra de ontem?
ㅡ Lembro do quê? ㅡ manhou.
ㅡ Das aulas, jovem mestre, das aulas. Tivemos história ㅡ explicou sem paciência, esfregando os fios pretinhos com shampoo com cheiro de mel.
ㅡ Ah ㅡ resmungou ㅡ a senhora explicou que alfas lúpus são raros, importantes para a sociedade e os ômegas, e que vampiros apareceram há quinhentos anos, mas que com certeza já viviam entre nós antes disso
ㅡ E o quê mais?
ㅡ Ômegas devem ser sempre prendados, respeitar seus alfas maridos e familiares, nunca erguer a cabeça para eles; vampiros são perigosos, devemos ficar longe e correr se vemos um ㅡ citou conforme lembrava do que havia escutado da beta.
ㅡ Ótimo ㅡ secou as mãos ㅡ hoje temos literatura. Se arrume e vá para a sala de estudos
ㅡ Sim, senhora ㅡ assentiu com um biquinho choroso nos lábios. Estava tão cansado daquela rotina exaustiva.
A contragosto saiu da banheira já morna, para voltar ao quarto e vestir suas roupas. De roupão, parou em frente a cama, encontrando uma pilha de livros sobre a ponta. Não eram suas lições. E aquilo iluminou seu rostinho. Sua mãe havia lhe presenteado novamente, com mais livros do que da última vez.
Todos, sem exceção, eram de romance e aventura.
Aquilo fez seu coração bater descompassado e um sorriso animado crescer em seu rosto. Já imaginava as longas horas que ficaria encolhido em algum lugar com uma boa xícara de café ou achocolatado e sua pilha de livros. Encarando-os ansioso, vestiu-se para estudar.
ㅡ ㅡ ㅡ ㅡ
14/04/2023Espero que o tamanho dos capítulos não desagrade :/ costumo escrever na faixa dos 1mil e 1,5mil palavras. Sei bem o quanto de autoras têm por aí que ultrapassam a faixa de 3mil, e isso me deixa insegura
Mas enfim, espero que tenham gostado do capítulo :) como sabem, não costumo enrolar muito nas minhas histórias rsrs
Beijinhos ♡
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Mordido
Fanfiction❣ jikook | abo | vamp | +18 | shortfic | gatilhos Um ômega lúpus, rejeitado por sua família desde seu nascimento, que apenas desejava encontrar um parceiro, acaba se apaixonando por um Filho da Noite em uma tragédia causada por si próprio. Aquele q...