Capítulo 01

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Sonolento e quentinho em suas cobertas, o ômega resmungou cansado quando sua governanta escancarou as janelas afim de lhe acordar

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Sonolento e quentinho em suas cobertas, o ômega resmungou cansado quando sua governanta escancarou as janelas afim de lhe acordar. Odiava acordar cedo, ainda mais pela beta Kang, uma mulher de meia-idade rabugenta.

ㅡ Saia de sua cama, jovem mestre ㅡ ordenou com sua típica falta de paciência ㅡ temos muito o que estudar hoje

ㅡ Mas hoje é sábado ㅡ choramingou fazendo beicinho, sentando-se em sua cama, vendo-a dobrar suas cobertas para que não pudesse voltar a se aconchegar e adormecer.

ㅡ São ordens, garoto, apenas as siga e não teremos problemas ㅡ revirou os olhos, terminando com as cobertas para seguir até o banheiro e preparar o banho do ômega.

Ômega. O único daquela família formada por alfas lúpus, a elite de sua espécie. Só não compreendia o porquê de ômega lúpus não estarem naquela equação. Era abominado por sua família, principalmente seu avô, que lhe escondeu de todos na mansão, proibindo que tivesse criação e crescimento normais. Seu dia inteiro era passado dentro daquela mansão ridiculamente grande.

E lhe eram permitido entrar somente, fora seu quarto, na ala de estudo. E se quisesse ir à biblioteca? Apenas esgueirando-se nas sombras da noite para que não fosse descoberto pelos empregados e por seu avô, aquele que mais odiava vê-lo e saber da existência. Jeon Seojun, 65 anos, era um alfa lúpus de bela aparência, de cabelos grisalhos e cheiro dominante, era ele quem liderava a família feito um comandante das forças armadas, não tolerando mínimos erros dos integrantes da família ou até mesmo de seus empregados. Tudo em seu dia era planejado, o que faria e comeria, e o que seus filhos e sobrinhos deveriam fazer.

Não estava em seus planos que sua filha mais velha casasse com um alfa lúpus perfeito de aparência e status ㅡ que ele mesmo havia escolhido a dedo ㅡ, para que no fim, um ômega nascesse. Sua primogênita com um ômega como herdeiro.

Então, ordenou que a alfa desistisse do bebê em seu ventre e tentasse novamente, mas sua filha, de aparência e personalidade tão idêntica a sua, fechou a cara, inundou o escritório com seus feromônios e negou fortemente.

ㅡ Terei meu bebê, e quantos mais o senhor quiser ㅡ murmurou num rosnado baixo ㅡ ele nascerá

Seojun fechou os olhos com força, assentindo e suspirando profundamente. Sabia que ela não mudaria de ideia de jeito nenhum, e que não conseguiria fazê-lo. Sem escolha, apenas permitiu, fingindo que o futuro neto e a própria filha não existiam até o nascimento do verdadeiro herdeiro.

Assim, o bebê nasceu e foi esquecido pela família, crescendo com a ajuda de criadas e professores particulares. Desde pequeno, ele aparentava ser esperto e inteligente, um garotinho energético e sorridente de cabelos e olhos negros, a característica hereditária de sua família. Quando adolescente, começou a perguntar-se o motivo de ser proibida sua saída daquela casa em que havia nascido e vivia, de não poder ir à escola ou fazer amigos.

Sentia-se solitário, queria um amigo.

Com quinze anos, veio o primeiro cio. Seu corpo parecia queimar e algo estranho escorria por suas pernas, esperando que fosse saciado por um alfa. Naquele dia, seu avô apareceu para vê-lo pela primeira vez, seus olhos negros brilhavam em ódio, enquanto dava instruções para uma criada.

ㅡ Arranje remédios para que esse ômega não cause mais problemas ㅡ ordenou rígido, não encarando mais o neto.

Jungkook chorou de dor até que os medicamentos fizessem efeito, e quando estava quase dormindo, quase drogado de supressores, sua mãe apareceu, acariciando seu cabelo e falando baixinho.

ㅡ Meu bebê ㅡ ela tinha um sorriso doce, sempre acariciava seu cabelo quando ia lhe visitar às escondidas de seu avô ㅡ virou um ômega tão lindo. Vai ser difícil ser essa criatura tão esplêndida e bela, mas sei que vai conseguir, que vai ser forte e bater de frente com seu avô, ter sua vida

Jungkook deixou com que lágrimas grossas rolassem por suas bochechas.

ㅡ Por que ele me odeia? ㅡ perguntou letárgico ㅡ por que vivo preso nessa casa? Eu não tenho amigos e não posso sair...

ㅡ Quantas perguntas ㅡ riu baixinho, abaixando-se para deixar um beijinho na bochecha do filho ㅡ apenas saiba, Jungkook, que eu te amo e que está aqui, saudável e lindo. Seu avô não sabe o que diz, ele está caduca ㅡ ajeitou a coberta que cobria o ômega ㅡ se seguirmos suas regras, não teremos problemas, está bem?

Jungkook apenas assentiu, virando e encolhendo-se para dormir.

Sua mãe sempre dava um jeitinho de ir vê-lo, perguntar como havia sido seu dia, falar do seu próprio, e lhe dar presentes, em sua maioria, livros. Eles eram sua pequena escapatória, sua visão do mundo, amava viver grandes aventuras no mar e em terra com reis corajosos e piratas ladrões. Às vezes, dava um espacinho para os romances também, suspirando para aquelas cenas tão doces e açucaradas de beijos, danças, abraços e noites quentes. Ficava imaginando se um dia teria aquilo; amor, pertencer e cuidar, apaixonar-se à primeira vista por seu alfa destinado montado em um cavalo branco.

Jungkook caminhou preguiçoso até o banheiro, com os cabelos pretinhos bagunçados e olhinhos inchados de sono. A beta Kang esperava com a banheira cheia de água quente para seu banho, com sais perfumados, sabonete e shampoo. Nunca lhe era permitido sair de casa, mas sempre deveria estar cheirando e vestido bem.

ㅡ Sente-se na água ㅡ orientou, notando o sono do ômega, segurando-o para que não caísse e se machucasse. Sentou-o na banheira, vendo-o fechar os olhos e descansar ㅡ o que te lembra de ontem?

ㅡ Lembro do quê? ㅡ manhou.

ㅡ Das aulas, jovem mestre, das aulas. Tivemos história ㅡ explicou sem paciência, esfregando os fios pretinhos com shampoo com cheiro de mel.

ㅡ Ah ㅡ resmungou ㅡ a senhora explicou que alfas lúpus são raros, importantes para a sociedade e os ômegas, e que vampiros apareceram há quinhentos anos, mas que com certeza já viviam entre nós antes disso

ㅡ E o quê mais?

ㅡ Ômegas devem ser sempre prendados, respeitar seus alfas maridos e familiares, nunca erguer a cabeça para eles; vampiros são perigosos, devemos ficar longe e correr se vemos um ㅡ citou conforme lembrava do que havia escutado da beta.

ㅡ Ótimo ㅡ secou as mãos ㅡ hoje temos literatura. Se arrume e vá para a sala de estudos

ㅡ Sim, senhora ㅡ assentiu com um biquinho choroso nos lábios. Estava tão cansado daquela rotina exaustiva.

A contragosto saiu da banheira já morna, para voltar ao quarto e vestir suas roupas. De roupão, parou em frente a cama, encontrando uma pilha de livros sobre a ponta. Não eram suas lições. E aquilo iluminou seu rostinho. Sua mãe havia lhe presenteado novamente, com mais livros do que da última vez.

Todos, sem exceção, eram de romance e aventura.

Aquilo fez seu coração bater descompassado e um sorriso animado crescer em seu rosto. Já imaginava as longas horas que ficaria encolhido em algum lugar com uma boa xícara de café ou achocolatado e sua pilha de livros. Encarando-os ansioso, vestiu-se para estudar.

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14/04/2023

Espero que o tamanho dos capítulos não desagrade :/ costumo escrever na faixa dos 1mil e 1,5mil palavras. Sei bem o quanto de autoras têm por aí que ultrapassam a faixa de 3mil, e isso me deixa insegura

Mas enfim, espero que tenham gostado do capítulo :) como sabem, não costumo enrolar muito nas minhas histórias rsrs

Beijinhos ♡

MordidoOnde histórias criam vida. Descubra agora