Capítulo 6 - É só um bebê.

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Pov Lauren

Parei em frente a casa tão conhecida. Deixei meu velho carro estacionado e saí com duas caixas de papel onde se encontrava o jantar das duas mulheres que residem na casa. Caminhei até a porta e toquei a campainha. Alguns segundos depois Vero abre a porta.

- Ah, é você. - ela disse antes de sair e deixar a porta aberta.

- Sua mãe está em casa? - perguntei educadamente.

- Não, ela e seu filho chegam daqui a pouco. - Vero disse e se sentou no sofá vendo TV.

- Vero, a gente pode conversar? - perguntei e ela nem se quer me olhou.

- Quer conversar agora? - perguntou com deboche. Suspirei e deixei as caixas na mesinha que ficava próxima a porta.

- Quero. - falei e me direcionei a poltrona. Vero me olhou e deu de ombros. - Eu sei que está magoada comigo, mas não tenho certeza do motivo. É pelo bebê? - perguntei e ela me deu a devida atenção.

- Não. Também. Droga. É que, ela é minha mãe, Lauren. Não poderia ser com qualquer outra? - ela perguntou. Nem havia acontecido de verdade, como eu iria explicar pra ela.

- Sua mãe é uma mulher doce. - comecei e engoli em seco. - Estávamos frágeis e aconteceu.

-Lauren, deixar um copo cair e quebrar acontece, esquecer a TV ligada e dormir acontece. Sexo não. Você tem que ter vontade, os dois. - ela disse e eu corei.

- Sua mãe é uma mulher bonita. - foi o que conseguir dizer.

- Pelo amor, é melhor você ficar calada, se não vai piorar as coisas. - Vero declarou e esfregou a testa. Melhor assim, eu não quero ter que explicar algo que não tem real explicação.

- Hum, eu trouxe a lasanha da mama pra você. - Vero levantou o rosto e me encarou.

- E está a esse tempo todo aqui e agora que resolveu falar isso? Eu vou pegar os pratos, talheres e refrigerante. - ela anunciou e pulou por cima do sofá indo em direção a cozinha. Eu já sabia que estávamos bem. Peguei a caixa e abrir vendo uma grande lasanha ali. Mama tem um defeito, ela exagera demais em relação a quantidade de comida, ela nunca acha que é o suficiente. Vero chegou com dois pratos, dois garfos e duas latinhas de refrigerantes. Nos sentamos no chão da sala e nos servimos, começamos a comer e conversar sobre o colégio. Vero dava risadas altas e eu sempre a acompanhava, de maneira mais contida. - Hm, Lauren. - Vero chamou minha atenção depois de terminamos e ter sobrado apenas refrigerante. A encarei. - Cuide bem da minha mãe e do bebê. - assenti e ela sorriu. - Lauren. - ela chamou mais uma vez e eu esperei o que mais ela falaria sobre a mãe. - E aquela garota, Lucy?

- Não a conheço direito, deveria perguntar para a Ally, você sabe, ela faz amizades rapidamente. Até combinou de ir ao shopping com a garota. - olhei pra Vero e ela desviou o olhar. - Espera, o que exatamente você quer saber? - perguntei desconfiada. Vero nunca desvia o olhar. Só quando está envergonhada. E eu só a vi envergonhada uma vez, e foi quando a peguei transando com uma garota, mas foi nos primeiros dez segundos, depois ela me chamou pra participar e eu saí correndo.

- Não sei, ela parece ser legal. - Vero disse e eu arqueei uma sobrancelha.

- Ela é legal. Pediu licença pra se sentar ao meu lado e disse que é nova no colégio. - contei e Vero assentiu. - Ally perguntou se ela namora. - Vero voltou sua total atenção a mim. - Mas ela não respondeu, ficou envergonhada. - Vero bufou e bebeu um longo gole de seu refrigerante terminando assim a lata. Ouvimos a portar ser aberta e nós duas olhamos para a porta. Camila entrou e tirou o casaco e logo o pendurou.

- Oh, vocês estão aqui? - ela perguntou e não parecia surpresa.

- Lauren trouxe o jantar. - Vero disse e deu de ombros.

- Minha mãe mandou algo pra você, senhorita Cabello. - falei e a mulher me encarou.

- Pra que formalidade se já foram pra cama? - Vero perguntou e eu corei.

- Vero. - Camila a repreendeu. - Não era necessário, Lauren. Mas a agradeça por mim. - a mulher falou e eu assenti.

- Já que estão tão envergonhadas com a minha presença eu vou subir. Tentem não fazer nada no sofá. - a garota disse e Camila a repreendeu com o olhar. - O que? Eu só gosto do sofá.

- Vero, sobe. Não estou em um bom dia. - Camila disse severamente e minha amiga subiu. - Lauren, precisamos conversar. - ela disse assim que Vero subiu. Seguimos até a cozinha e eu peguei a caixa com o jantar dela. A mulher se sentou em uma cadeira e eu fiz o mesmo, entreguei a caixa e ela segurou com um pequeno sorriso. - Temos que desfazer essa mentira. - Camila disse.

- Eu contei para os meus pais. - confessei e ela arregalou os olhos.

- Você contou o quê exatamente? - perguntou e eu cocei a nuca.

- Que eles vão ser avós.- a mulher suspirou e eu corei fortemente.

- Você só está piorando as coisas. - Camila disse e esfregou as têmporas. - Temos que desfazer a mentira para as meninas e para os seus pais agora, ótimo. Vão achar que eu sou uma vadia.

- Camila, quer dizer, senhorita Cabello. Aconteceu alguma coisa pra senhora querer mudar de ideia. - a mulher me encarou e pareceu escolher as palavras.

- Eu não queria essa ideia, em momento algum eu quis. - ela começou e eu tive que concordar internamente. - Eu prefiro que ninguém saiba de quem é o bebê, a ter que sustentar essa mentira. E não quero que carregue esse fardo também, tô fazendo isso por você, Lauren.

- Eu sei o que faço, não me parece um fardo. É só um bebê. Não parece ser tão difícil. E as pessoas não tem que questionar demais, inventamos uma história e pronto, ninguém precisa saber mais do que dissermos a elas. - falei e a mulher suspirou.

- Não é só um bebê. Vem os enjoos, desejos, consultas mensais, alimentação saudável, depois tem o hospital, fraldas, remédios, roupas, móveis. Bebês crescem, precisam de alimentação, escola, e isso é só o começo. Não é só um bebê, Lauren. - ela parecia listar. Como se eu não fizesse ideia alguma do que acompanha um bebê.

- Então vamos começar com alimentação saudável. - me levantei e busquei um prato e um talher, entreguei a ela e esperei que ela começasse a jantar. Encostei-me à mesa e fiquei a observá-la. - Mama tem receitas de chás para enjoo, vou perguntar a ela. Pelo que eu sei eles acontecem no começo. - falei e Camila me olhou, parecendo atenta ao que eu falava enquanto se deliciava com seu frango e legumes ao vapor. - Você precisa marcar o pré-natal, e eu irei te acompanhar. Mama disse que eles passam algumas vitaminas e quero ter certeza que é um bom médico o que irá te acompanhar. Já consegui o emprego no restaurante. Mas papa disse que sempre que você precisar eu vou poder sair. - a mulher parecia surpresa. Segui até a geladeira onde elas anotavam coisas importantes em um pequeno quadro. Anotei o número do meu celular no canto superior esquerdo. - Se precisar de mim é só ligar, a qualquer momento. - me aproximei novamente e ela não esboçava reação alguma. - Eu entendo que pra você sou apenas a amiga da sua filha, mas estou disposta a te ajudar e assumir seu bebê. Vou entender se você não quiser, mas pense direitinho. - a deixei continuar a jantar e busquei a louça que usamos na sala, lavei e sequei. Joguei as latas e a caixa dentro do lixo, fechei o saco e o retirei. - Dê tchau pra Vero por mim, senhorita Cabello. - falei e ela prestava atenção em cada movimento meu. - Mama disse que dormir bem é importante, então, se a senhorita puder dormir cedo. - acabei corando e coçando a nuca, não é ruim querer o bem dela e do bebê. - Tchau. - me despedi e saí da casa, deixei o lixo na calçada e entrei no carro voltando pra minha casa. Amanhã ainda tenho um teste de física.

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