Light - Wenclair

10 - Cordialidade

Música para o Cap.: Bastille - Warmth

Boa Leitura!

<3

**********************************************************************

POV Wednesday Addams

Uma semana depois...

- Eu ainda acho uma péssima ideia – manifesto-me, cruzando os braços. – Eu não vou pintar as paredes de rosa, Bianca, e eu nem concordei totalmente com essa ideia de reformar meu quarto.

São em situações como esta que eu penso, onde fui amarrar meu bode? Estou passando meu dia de folga em uma loja de decoração na companhia de Bianca e de uma designer de interiores. Tudo isto, toda essa confusão, surgiu de uma conversa que eu pensava que não iria levar a lugar nenhum. Porém, quando eu disse que gostaria de deixar o passado para trás, deixar os últimos anos guardados em minha memória, Bianca expôs a ideia que nos trouxe a este local. 

Ela proferiu com tanta convicção e utilizou precisamente as palavras como uma ferramenta de persuasão, chegando a um ponto onde não restou outra alternativa.

- Primeiro, não é rosa, é fúcsia – Bia manifesta-se, tracejando um sorriso gélido no rosto. – E segundo, você não sabe o que está falando – completa o raciocínio. – Ela não sabe o que está falando, Rachel – direciona as últimas palavras a designer. – Nós vamos levar a paleta de cores.

Não demorou muito para sairmos do estabelecimento e encaminharmos em direção ao veículo de Bianca. Acomodo-me no assento do passageiro e em menos de dois minutos afastamo-nos da área comercial. Localizo uma estação de rádio de minha preferência, e quando a encontro permito que a sonoridade das músicas preencha o silêncio do ambiente. 

Enquanto observo o contraste da rua asfaltada com a folhagem amarelada das árvores, Bianca quebra nossa serenidade.

- Você precisa de maquiagem – diz, desviando sua atenção da estrada e encontrando rapidamente com meu olhar. – Já viu a cor dessas olheiras?

Assim que as palavras chegam a um fim, recebo uma onda de recordações da última noite, do último pesadelo. 

Lembro-me de estar conversando com meu pai, como se ele ainda estivesse presente no meu dia-a-dia. Lembro-me das rusgas nos cantos dos olhos quando ele esboçou um sorriso em seu semblante. Lembro-me de relatar minha exaustão com o exército e a responsabilidade que carrego em meus ombros. E lembro-me de meu pai caindo no chão em uma fração de segundos, deixando-me sozinha novamente.

- Eu só estou cansada – pronuncio depois de um tempo, relembrando dos últimos acontecimentos que roubaram ar de meus pulmões.

- Sua mãe me contou que você não está dormindo bem – manifesta-se, transmitindo preocupação por meio dos olhos azuis.

- Ela te contou isso? – solto uma risada nervosa, despontando minha frustração. – Primeiro, ela arruma aquela terapeuta maluca...

- Você está fazendo terapia? – interrompe-me, expondo sua falta de conhecimento de minha última fala. – Por que você não disse nada?