Light - Wenclair

17 - O Que Você Está Sentindo?

Música para o Cap.: Bazzi ft. Camila Cabello - Beautiful

Boa Leitura!

<3

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POV Enid Sinclair

Assim que a ligação telefônica é terminada, as batidas cardíacas dentro do meu peito disparam energeticamente. O silêncio da sala de jantar contrasta-se com minha visível agitação. Procuro acalmar-me e tento controlar minha respiração como me ensinaram inúmeras vezes. Inspiro profundamente como se fosse roubar todo o oxigênio da atmosfera e expiro, sentindo o ar saindo dos meus pulmões. Por mais que tente focar minha atenção em algo que não sejam os olhos negros, a voz de Wednesday ainda permanece fincada em meu coração e posso escutar suas últimas palavras ecoando em meus pensamentos.

"Estou a caminho", disse antes de encerrar a ligação.

Os minutos soam como uma espécie de tortura. Pelas minhas contas já se passaram anos desde a chamada eletrônica. Os ponteiros dos minutos recusam-se a sair do lugar e consigo ouvir o som do tic-tac do relógio da cozinha gritando no silêncio do ambiente. Minha ansiedade se fortalece ao passar dos segundos eternos, porém, ela não dura por muito tempo. A campainha ecoou pela casa, indicando que o olhar hipnotizante chegou. Levantei-me abruptamente da cadeira e encaminho-me em direção à porta da frente, sentindo meu coração rasgar violentamente meu peito. Não demora mais de alguns segundos para que eu abra passagem e encontre a feição conhecida que ainda é capaz de incendiar-me.

- Eu ainda estou surpresa pela sua ligação – quebra o silêncio entre nós, tracejando um sorriso tímido na pele morena. – Você sabe criar suspense, Sinclair.

Meu olhos e batimentos cardíacos focam somente na pele morena e na voz que contagia meus ouvidos. Observo cada detalhe, desde o cabelo negro desarrumado até as olheiras sob os olhos vívidos. 

Meus pensamentos perguntam como o dia dela foi, como os dias que passamos afastadas foram. Perguntam o que o lado esquerdo do peito dela manifesta quando me vê, perguntam se ela consegue enxergar além da máscara que coloco, perguntam se ela soubesse do meu passado, ela atenderia a minha ligação. Perguntam o que eu temo saber a resposta.

- Você disse que precisava da minha ajuda – desperta-me de meus devaneios como um choque de realidade.

- Acho que você precisa entrar primeiro para saber o que precisa ser feito – respondo apesar de não ter sido uma pergunta, falando em voz alta pela primeira vez nestes minutos.

Dou um passo para trás, permitindo a entrada de Wednesday. Sem palavras trocadas, ela retira a jaqueta pendurando-a no hall de entrada. Conduzo-nos em direção à sala de estar, onde o local parece uma bagunça que nunca poderá ser organizada. Caixas de papelão encontram-se espalhadas perto da árvore de Natal, o sofá que uma vez estava no centro do cômodo, desapareceu completamente de nossa visão. 

O móvel era uma das poucas coisas trazidas por Ajax e assim que os papéis do divórcio foram assinados, eu não via a hora de me livrar do sofá amarronzado que detestava com toda fibra do meu ser.

- Eu não acredito que você ainda não decorou essa árvore – diz cética, soltando uma risada imperceptível e aproximando-se do pinheiro.