Light - Wenclair

13 - Feliz Dia de Ação de Graças

Música para o Cap.: Roberta Flack - Killing Me Softly With His Song

Boa Leitura!

<3

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POV Enid Sinclair

- Você precisa parar de ficar olhando pra esse relógio, Enid – Isabel manifesta-se enquanto eu verifico as horas pela quinquagésima vez, segundo Liam. – Ainda nem são oito horas.

O ponteiro dos segundos parecem demorar mais do que o normal, e o dos minutos assemelham-se como uma eternidade. Enquanto tento ignorar o som do tic-tac ecoando em meus pensamentos, concentro-me em outros afazeres. Minhas narinas são contagiadas pelo cheiro das refeições de Ação de Graças sendo feitas. Isa ajuda-me com os preparativos e consigo ouvir a televisão da sala de estar sintonizada no canal da ESPN, transmitindo o Super Bowl do ano. Liam manifesta-se, vibrando com o jogo de futebol americano e transportando-me para alguns anos atrás, quando tudo era mais simples.

Não demora mais de quinze minutos para prepararmos a mesa, assim como os pratos do feriado. Inevitavelmente, meus olhos localizam o relógio e informam-me as horas. Já se passavam das oito. Sinto minha pulsação cardíaca se apressurar ao passar do tempo, fazendo com que a dúvida preencha meu corpo. Tento afastar o pensamento de que Wednesday e Mortícia não virão e substituo-o por outro, dizendo ao contrário do anterior. Dizendo que elas estão apenas atrasadas, dizendo que irei ver esta noite o olhar profundo acompanhado com um sorriso marcante.

Isabel pega uma garrafa de vinho tinto e busca por duas taças. Enquanto nos acomodamos na mesa de jantar, ela preenche o meu copo primeiro e depois o próprio. Após sentir o segundo gole da bebida alcoólica viajar pela minha garganta, o intervalo do jogo surge e Liam se junta a nós. Ele preenche uma taça para si e senta-se à minha frente. A conversa entre nós três flui naturalmente, contagiando minhas veias com o sentimento de nostalgia e fazendo-me esquecer do relógio pregado na parede.

Em um momento de distração, Liam tenta pegar uma das batatas do prato que está localizado no centro da mesa. Porém, antes de fazer algo, Isabel o impede batendo em uma mão dele.

- Ai! – Liam exclama, afastando a mão do prato e encarando Isa. – Por que você fez isso?

- Por que você não pode esperar mais alguns minutos, Liam? – pergunta impaciente. – Elas já devem estar chegando.

- Eu soube que o nosso pai está na cidade – Liam comenta, mudando de assunto e fazendo-me focar em sua fala. – Ele tentou te ligar, Nid, por que você não o convidou ou retornou a chamada dele?

Instantemente, minha memória conduz-me a seis anos atrás, quando tudo começou a desmoronar na frente dos meus olhos. 

Conduz-me aos gritos da noite. Conduz-me aos pesadelos que um dia já foram sonhos. Conduz-me ao olhar de meu pai. Conduz-me aos destroços gerados. Conduz-me as lágrimas que nunca esgotavam-se. Conduz-me as cicatrizes que ainda não se curaram. Conduz-me ao cheiro do sangue que sobrepôs ao do mar. Conduz-me ao caminho que ainda sei de cor. Conduz-me a lembranças que não importa o quão forte eu tente, elas parecem nunca desaparecer. E conduz-me quando ele foi embora e não teve coragem de olhar pra trás.

- Não vi nenhum motivo para chamá-lo – respondo depois de um tempo perdida em meus pensamentos.