— Parabéns pra você, nessa data querida... — Mayara cantava animadamente, após Melinda abrir a porta de sua casa. Carregava consigo uma cesta de café da manhã e também um embrulho.
— Obrigada, meu amor. Entra! — Dejour agradeceu e ordenou, pegando o presente das mãos de Botelho e indo com ela até a cozinha para organizar a mesa.
— Abre, tenho a suspeita de que você vai gostar. — Mayara disse, Melinda assentiu e deu um gritinho ao abrir e ver que havia ganhado da amiga uma camisa nova do Flamengo com o número 14 na parte de trás. — É uma forma de se sentir mais pertinho dele, gostou?
— Se eu gostei? Eu amei, muito obrigada. — A aniversariante respondeu, a abraçando. — Já vou usá-la quando formos ver o jogo hoje e...
Mayara a olhou confusa, Melinda como sempre falando mais do que a boca mas felizmente conseguiu reverter a situação que seria constrangedora.
— Aqui em casa, se quiser!
— Claro que quero, mas é só isso que vai fazer? Nada de sair pra fazer compras ou de ir pra alguma baladinha mais tarde? Você já foi melhor, Mel...
— Bom, na verdade... — Como Dejour iria levar Botelho até o Maracanã sem ela desconfiar? Isso, inventando um compromisso de última hora em algum local próximo. — Não vai rolar, surgiu uma sessão de fotos pra você fazer hoje.
— Mas eu posso remarcar, amiga, hoje meu dia é dedicado a você! — Melinda sorriu com aquela pequena declaração, pensando que dali algumas horas o sentimento mudaria.
— Não dá, o contratante precisa dessas fotos pra hoje a noite. — Mayara não estranhou, pois isso já acontecera outras poucas vezes. — Então, posso confirmar com a equipe? — Botelho assentiu. — Ótimo, agora vamos comer essas coisinhas gostosas que você trouxe!
Além do café da manhã, o almoço também seria na casa de Melinda que tentava ao máximo esconder que tudo não passava de uma mentira e que na verdade estavam se arrumando para irem ao Maracanã ver Flamengo e Vasco pessoalmente, no camarote que Gabriel já havia reservado para elas. Só o que os dois não sabiam é que foram enganados: Mayara por acreditar estar indo realizar mais um trabalho e Gabriel que achava que tudo era uma ideia de Botelho para surpreender Dejour.
— Ficou pronta antes de mim? Que milagre... É, novo ano, nova vida! — Mayara falou, brincando enquanto terminava de fazer uma maquiagem leve que o briefing pedia. Briefing falso, dessa vez.
— É isso aí! Vamos? — Melinda perguntou, com a chave da porta de casa e a do carro em mãos, sendo seguida pela amiga que não questionava nada, nem o fato de Dejour ir para o trabalho com a nova camisa.
Minutos de trânsito depois...
— Vamos nos atrasar e se o contratante desistir? — Mayara perguntava para uma Melinda despreocupada que dirigia contando os minutos para chegar ao estádio.
— Não vão, os dois sabem que o trânsito daqui é caótico.
— Dois? Já os conhece?
— Sim! Já acertei tudo com um deles e fique tranquila, não vamos perder tempo muito menos dinheiro. — Até porque não vamos ganhar nada porque não tem nada a se fazer, Melinda pensava consigo. — Já estamos chegando, posso ver o local daqui.
Mayara olhava na mesma direção que Melinda e tudo ali era familiar, até perceber onde estavam: a quatro quadras do Maracanã, que já estava cheia de pessoas com camisas dos dois times.
Melinda estaciona o carro próximo ao estádio e antes de descer, abre sua mochila e empresta a Mayara uma camisa do Flamengo que faz parte de sua ainda pequena coleção, essa com o número 10.— Vista isso! — Mayara a olhava confusa. — É pra dar sorte, boba.
Assim que Botelho vestiu, ambas abriram a porta do carro e saíram, Mayara colocou um óculos escuro para não ser reconhecida e com isso evitar dar margem a mais fofocas.
— Por que não disse logo que não existia sessão de fotos? — Mayara perguntou, seguindo Melinda sem se dar conta que estavam indo para um dos camarotes.
— Se eu contasse toda a verdade você não viria! — Dejour respondeu, pegando uma das credenciais e dando a outra para Botelho.
— Toda? O que mais está me escondendo, Melinda Caroline Dejour? — Mayara parou na frente da amiga, impedindo a passagem e a visão para o estádio. — Como conseguiu isso?
— Não tirei apenas selfies com seu celular, tá? Abri sua rede social e mandei mensagem pro Gabi como se fosse você! Ah, também falei pra ele pedir pro Arrasca fazer um gol pra mim, será que rola?
— Eu é que devia fazer você rolar pela arquibancada, garota! — Mayara respondeu, furiosa. — E me lembre de botar além de uma senha mais forte, desbloqueio pela minha digital.
— Se eu saio rolando arquibancada abaixo, eu morro e você fica sem sua melhor amiga e também assessora pra te avisar e orientar dos compromissos de trabalho, ou seja, perdidinha!
Mayara revirou os olhos e sorriu sem humor, odiava como Melinda tinha resposta pra tudo e em situações como essa odiava não conseguir odiá-la.
— Tá bem, você venceu. — Botelho disse, com as mãos pra cima em forma de rendição. — Vamos assistir ao jogo daqui, tá feliz?
— Vou ficar ainda mais se o Giorgian fizer um gol pra mim! — Melinda respondeu, sentando-se ao lado de Mayara que a essa altura do campeonato apenas ria da situação.
Depois de alguns minutos de espera e muita cantoria de ambas as torcidas, o jogo começa. As duas assim como todos os presentes estavam animadas, mas se chatearam quando após uma falha de Rodrigo Caio, Gabriel Pec abriu o placar aos onze minutos.
— Não foi isso que eu pedi de aniversário, puta que pariu. — Melinda disse, emburrada.
A posse de bola resultava nas poucas ações no lado Flamenguista que muitas vezes se expunha aos contra-ataques, até Arrascaeta empatar com um golaço aos vinte e cinco minutos para alegria da torcida e de Melinda, que estava aos berros.
— MEU DEUS, ELE FEZ! — Gritava, abraçando Mayara que gargalhava. — GANHEI MEU PRESENTE, NÃO ACREDITO!
Dejour chamou tanto atenção de quem assistia o jogo quanto do próprio Arrascaeta, que na comemoração sorriu e fez um coração com as mãos pra garota que por pouco não desmaiou na frente de todos, na verdade, foi impedida por Mayara que aconselhou a amiga para focar no restante da partida.
Os Vascaínos até chegaram a comemorar o gol de Léo após um bate e rebate mas o mesmo foi anulado por um impedimento. Impedidos não estavam os Flamenguistas de comemorar, pois após um erro de Capasso, Pedro virou o placar faltando poucos minutos para o fim do primeiro tempo.
Já no segundo tempo, depois de mais um erro agora de tabela entre Arrascaeta e Vidal, o Vasco empatava após um contra-ataque chegar até Alex Teixeira que fez de peixinho.
— Culpa do seu uruguaio, viu? — Mayara provocou, brincando. Melinda mostrou a língua em resposta.
— Ele vai fazer a gente ganhar e calar sua boca, só observe!
E Melinda tinha razão, Arrascaeta cobrou uma falta na medida para Fabrício Bruno escorar sem precisar pular e fazer o gol da virada. Pedro deu trabalho para o goleiro e Matheus Gonçalves foi expulso depois de três minutos em campo, mas nada que tirasse a alegria da torcida após a vitória em um jogo pra lá de movimentado.
— Viu só, ele decidiu o jogo e você tá como? Caladinha! — Melinda provocava, fazendo careta.
— Hoje é seu dia, literalmente. — Botelho se limitou a dizer, rindo.
A conversa entre elas foi interrompida com um segurança as chamando a pedido de Gabriel.
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podcast, gabigol.
Romance"eu tenho um penhasco por essa mulher." gabriel barbosa em seu podcast com giorgian de arrascaeta, sua dupla no futebol, acabou soltando em um jogo de verdades que tem uma grande paixão por mayara botelho, sem pretenção alguma. mayara é uma garota...