007. ENCONTROS

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Se por fora, Mayara parecia calma como em qualquer outro dia de trabalho, por dentro sentia seu coração acelerar e não sabia como conseguia andar direito. Gabriel estava a poucos metros de distância e ainda não havia visto a influenciadora, pois conversava animadamente com alguns outros jogadores após o bom resultado do primeiro jogo e estavam certos que iriam para a final do estadual.

— Meu Deus, estão todos aqui! — Melinda disse, não escondendo a empolgação e não disfarçando quem procurava: Arrascaeta. E o encontrou, gravando uma pequena entrevista para mais um daqueles vídeos de bastidores que todos os times fazem antes, durante e após os jogos. — Tão lindo, todo concentrado...

— Nem parece que quase estragou tudo. — Botelho provocou, rindo. Não tinha nada contra o uruguaio, muito pelo contrário, mas sua diversão era irritar a amiga. — Se comporta, ele tá vindo!

Melinda se assustou com a fala e procurou qualquer lugar que tivesse um espelho ou algo para conseguir se ver e ajeitar o cabelo ou a roupa, de jeito nenhum queria aparecer desleixada, principalmente na frente de Giorgian.

— Ei, conheço vocês! Como están? — O jogador as cumprimentou, com um sorriso que fez Melinda ficar hipnotizada.

— Ah, conhece? — Mayara devolveu a pergunta, Giorgian assentiu. — Estamos ótimas, parabéns pelo jogo.

— Obrigado! — Dejour permanecia calada, o que deixou o camisa catorze pensativo. Será que não havia ido com a sua cara? — Estás bién, señorita? Como te llamas?

— Mel... Melinda! E é um prazer te conhecer, nem acredito que tudo isso está acontecendo.

Mayara a olhou incrédula, tudo aquilo havia só estava ocorrendo justamente por causa de Melinda, pensou em responder algo mas não queria atrapalhar a conversa dos dois.

— Mayara?

Aquela voz atrás dela era muito conhecida, respirar fundo e contar até três para não parecer uma alucinada extremamente feliz por o encontrar e o assustar foi o que restou fazer naquele momento e assim o fez.

— Oi... Gabriel!

— E a sua amiga, Melinda né? — Mayara assentiu. — Gostou da surpresa? Ela deve ter pirado com o gol do Arrasca!

— Ela é uma cínica, isso sim! Acredita que foi tudo um plano dela?

— Acho que não entendi...

— Ela enganou a nós dois, Gabi. — Botelho riu, Barbosa permanecia com expressão confusa até ouvir a explicação. — Essa safada pegou meu celular e te mandou mensagem como se fosse eu, entendeu? — O jogador assentiu, rindo. — Agora eu não faço ideia de onde ela foi parar e acho que vou ter que pedir um táxi pra voltar pra minha casa!

— Eu posso te levar, se não for incômodo.

Claro que não, pode me levar até pra cama... Seu gostoso do caralho. Era o que Mayara pensava, mas não daria o gostinho a Gabriel de ouvir essas palavras saindo de sua boca, se limitou a um responder um singelo sim e depois de Barbosa dar a mesma entrevista que Arrascaeta minutos atrás, Botelho o acompanhou até seu luxuoso carro.

— Não precisa ficar desse jeito, o carro não vai te morder! — Ele disse, colocando o cinto após entrarem no veículo. O luxo e conforto não a assustavam, mas sim estar a sós com o jogador. Outras meninas já estariam tirando casquinha dele, mas não era do feitil da influenciadora se entregar a alguém no primeiro encontro.

Mas que encontro? Gabriel só estava sendo gentil.

— Espero que o dono também não. — Mayara retrucou, já esperando uma resposta pervertida dele.

— Isso eu não garanto, tem quem goste! — O camisa dez devolveu, já dirigindo pelas ruas do Rio de Janeiro e em uma parada acionou o GPS. — Onde você mora?

— Não é muito longe, próximo ao Leblon. Eu coloco o endereço pra você, tá? — Gabriel concordou, voltando a se concentrar no volante. — Deus me livre de provocar um acidente e fazer uma das estrelas do Flamengo ir parar no hospital!

— Se isso acontecesse você nunca mais entrava no Maracanã! — Barbosa disse, fazendo ambos gargalharem.

— Isso ainda é pouco, eu teria que ir embora do estado ou quem sabe do país! — Botelho falou, arrancando mais risadas. — Pronto, agora é só seguir as recomendações. — Mayara aconselhou, encaixando o celular do jogador na área correspondente.

— Não fez igual sua amiga, né? — Ela o olhou incrédula com a pergunta, fingindo ofensa. — Tô brincando contigo, May. Vocês se conhecem a muito tempo?

Mayara achou fofo a maneira dele a chamar e também o fato dele se interessar pela vida dela, mesmo acreditando também que não passava de um pretexto pra levá-la pra cama.

— Amigas de infância, uma época nos separamos porque ela foi morar em São Paulo mas devido a um incidente familiar ela voltou a morar aqui há cinco anos. Desde então não nos separamos mais!

— Legal! Vocês parecem até irmãs...

— Muita gente também acha, mas somos de coração.

— No meu caso a minha é de sangue mesmo, às vezes ela me irrita mas não vivo sem a Dhio. Tem coisas que um apronta e o outro não conta pros nossos pais, mas isso é papo pra outro dia...

— Entendi, ainda não confia em mim o suficiente ou então quer que eu descubra seus segredos aos poucos! Tudo bem, você venceu essa batalha! — Mayara disse, com as mãos pra cima em forma de rendição. Gabriel riu.

— Pode ser... Mas é que já chegamos! O papo foi tão bom que o tempo passou rápido, que pena.

— Pois é! — Botelho disse, tirando o cinto e saindo do carro do jogador. — Obrigada pela carona Gabriel, te devo uma.

— Ah, é? Vou cobrar... — Barbosa falou, imaginando todo tipo de cenas para maiores de dezoito anos. — Te vejo no segundo jogo?

— Vou pensar no seu caso!

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