Nos beijamos quando queremos sentir os lábios um do outro, o que somos? Nos beijamos quando queremos saber o sabor da bebida um do outro, o que somos? Nos beijamos quando achamos que um de nós é bonito, beijável, o que somos? Nós nos beijamos em casa, na faculdade, na sua sala, no carro, na boate, no banheiro, em todo lugar. O que…somos?
— Quando você me beija sem pressa, eu sinto como se fosse tortura, mas também me sinto tão cuidado. — Ele acaricia o meu rosto, me olha com aqueles olhos de verão, aquele brilho solar.
— Quando eu te beijo lento, é porque eu nunca quero que acabe.
— Você pode me beijar o tempo que quiser, não estou com pressa, não vou a nenhum lugar.
Quando nos abraçamos porque tivemos um dia ruim, o que nós somos? Quando ao tomar banho juntos apenas nos lavamos, o que nós somos? Quando saímos, damos as mãos embaixo da mesa, o que nós somos? Quando dizemos que não vamos embora, fazendo uma promessa em silêncio, o que nós somos?
— Eu adoro o que temos. — Ele diz baixo, em segredo, não querendo que eu ouça de verdade.
— E o que nós temos?
— Isso.
O que nós somos? O que nós somos? O que nós somos? O que nós somos? O que nós somos? O que nós somos? O que nós somos? O que nós somos?
— Eu também.
Prem me puxa para perto quando quer calor, me empurra para longe quando se sente frio. Não sei quando vai chover para ele ou quando vai fazer sol, mas sei que quando chove em seu rosto, quando seus olhos molhados me miram, eu sinto um terremoto no coração, uma tempestade que me parte ao meio, faz do meu lar um lugar sombrio. Não consigo lidar com tempestades, tenho medo de seus trovões, me encolho quando ele solta raios, me quebro quando cai uma garoa sequer, me desespero quando engrossa. O temporal de Prem é tão imprevisível e confuso quanto o que quer que tenhamos, e ainda assim eu continuo aqui. Mesmo agora, quando nu em minha cama ele me encara com olhar de primavera, enquanto tira as minhas folhas, arranca minhas pétalas. Bem me quer, mal me quer.
— Gosta mesmo do que temos ou está tentando me agradar?
— Eu gosto, não sei o que é, mas eu gosto. — Digo baixo, olhando em seus olhos, tocando seu braço, querendo que ele chegue mais perto.
— Você quer um rótulo? Você sabe que não posso te dar isso.
Quatro pétalas caem de suas mãos. Bem me quer, mal me quer, bem me quer, mal me quer.
— Não, eu só me sinto confuso. — Não encaro suas orbes, mas sei que elas me encaram. A mão dele toca o meu rosto.
Bem me quer
— A gente tem o que a gente tem até onde puder ter.
Mal me quer
— E até onde podemos ter?
— Até onde a gente quiser.
Bem me quer
— Até onde você quer ter?
— Já está bom para mim onde estamos.
Mal me quer.
— Para mim também.
Acabou, não tem mais pétalas, mal me quer é a resposta, não há mais flores para despedaçar. E ainda sim, quero plantar sementes no jardim, colher mais rosas, cortar seus espinhos, arrancar sua cor, até que dê bem me quer, até que eu possa dizer, as palavras que sempre entalam em minha garganta.
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One more night
RomanceEu não consigo tirar meus olhos dele, mesmo que minha cabeça diga não, meu corpo teima em o dizer sim, ele tem controle sobre mim. E eu não deveria ver um aluno da forma que eu o vejo, mas quando suas mãos estão em meu corpo, não penso direito, apen...