V.

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Naquela madrugada, entretanto, podia dizer que julgava Barry mais do que nunca. Saíra praguejando, ajeitando ao redor de seu corpo o casaco mais quente que possuía, de lã, que certamente parecia o de uma avó, e dirigira até um dos endereços mais questionáveis de Central City. Ele não devia estar ali e, acima de tudo, não devia estar ali bêbado. No entanto, a ligação perguntava por Caitlin Snow, a dona do número que se encontrava na discagem rápida de Barry Allen, o qual havia entrado numa briga com um desconhecido e encontrava-se detido pela equipe de segurança deles.

Se fossem outros tempos, certamente temeria por estar no lugar que ostentava somente uma porta escura, estreita, que possuía uma flecha verde indicando ser por onde entrava. Algumas pessoas ostentando diversos estilos e aparências tão questionáveis quanto o lugar estavam paradas na calçada escura como breu, bebendo, fumando e conversando em tons baixos. Porém, sabia que podia se defender se houvesse qualquer imprevisto.

Deixou o carro em outra rua e seguiu a pé, ignorando as risadinhas e assobios que a seguiram até ultrapassar a porta e ouvir a música eletrônica que antes era abafada. Barry detestava música eletrônica. O ar era abafado e o ambiente escuro tinha cheiro de sujeira e substâncias ilegais. Fechou os olhos por um momento e foi até o balcão, informando seu nome a barwoman loira, de nariz fino e lábios compridos, repleta de tatuagem. A mulher soltou um sorriso sabido e apontou o homem com quem devia falar. Não sabia se ele era grande devido a músculos ou gordura, somente que era ameaçador apenas pela presença. Imediatamente, temeu por como Barry deveria estar e aproximou-se mais rapidamente.

- Eu vim para buscar Barry Allen.

- Você é a mulher dele, é? – Ele encarou suas roupas de cima abaixo quase que com pena, como se fosse uma esposa que ficava em casa enquanto o marido saía para aprontar. Impediu-se de revirar os olhos, pois era exatamente o que parecia se parasse para pensar, o que a irritou ainda mais.

- Me leve até ele. Agora.

Então, o olhar do homem tornou-se debochado antes de virar-se e começar a abrir caminho pelo bar, o qual, por incrível, que pareça, estava lotado em sua decadência de poucas luzes, música alta demais e mesas de cadeiras duras. O corredor que veio após a porta pequena ao lado do palco seria praticamente escuro, não fosse uma ou duas luzes fracas que ainda se encontravam acesas. Finalmente, o homem careca chegou a uma das últimas portas, abrindo-a e sinalizando para que entrasse.

Tratava-se de uma sala vazia, somente com uma cadeira ao centro, onde Barry estava sentado, suas mãos e pés amarrados firmemente. Outro homem, de cabelos compridos e feições pálidas, mas ferinas, encontrava-se encostado à outra parede, como se estivesse guardando-o. Aproximou-se lentamente, percebendo os olhos moles que sequer eram capazes de encará-la de forma culpada, como sempre, e o hematoma no super cílio, que jorrara sangue por todo seu rosto e pela camiseta branca.

- Merda Barry!

Suas mãos coçaram para batê-lo, mas aproximou-se segurando o rosto masculino com cuidado, constatando a cicatrização lenta devido ao efeito do maldito drink especial. Barry tentou um sorriso, que saiu repuxado demais, imitando uma careta, enquanto arrastava a voz.

- Eu sei.

- Você pode soltá-lo agora. – Encarou o segurança careca, que deu a ordem ao outro com um gesto. Barry segurou sua mão para se levantar assim que teve os membros soltos, mas o homem colocou-se à frente de ambos, impedindo a saída.

- Passe todo o dinheiro que tem na carteira.

- O quê?! – Indignou-se. – Isso não é uma delegacia e não estou pagando fiança para tirá-lo daqui.

- Passe o dinheiro ou irei mandar seu amiguinho policial direto para a delegacia. – O homem sorriu de forma esquisita e Caitlin sentiu a mão incerta de Barry em seu braço. – O capitão West vai adorar saber o lugar que seu funcionário frequenta.

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