VIII.

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- Barry, eu juro, se tivermos que ficar mais uma hora dentro desse carro, vou pegar sua coleção de DVDs pra mim. Toda ela.

Cisco frisou após duas horas e meia que o velocista estava dirigindo em direção ao interior do estado. Ele dissera que precisava mostrar algo a eles, mas não podia levá-los todos juntos e não queria que Cisco abrisse um portal vibrando-o. Iria ser à moda antiga, o que fez todos comemorarem por, finalmente, poderem sair um pouco do laboratório, mas ninguém esperava uma viagem longa e agora Ralph e Cisco já gemiam e resmungavam por praticamente qualquer coisa do banco de trás do carro.

- Vocês são muito nerds. – Desgostou o primeiro, sendo seguido pelo ruído alto de sua barriga roncando, o que a fez erguer uma sobrancelha a Barry, no banco do motorista. – Podemos parar para comer no próximo posto?

- Se pararmos para comer, chegaremos amanhã, qualquer que seja o lugar onde estamos indo.

- Apenas confiem em mim, vocês nunca viram um lugar mais legal.

Soltou uma risadinha, pois já imaginava o que poderia ser e somente apoiou-se contra a janela, observando a paisagem verde e montanhosa pela qual passavam, enquanto, finalmente, entravam em consenso sobre uma playlist de músicas dos anos oitenta. Ainda rodaram por mais uma hora depois disso, mas Ralph dormiu, o que parece ter deixado Cisco desmotivado a continuar buscando defeitos, enquanto Caitlin se mostrava sonolenta.

Então, repentinamente adentraram uma estrada de terra escura e seguiram brevemente por ali, rodeados por araucárias, até, finalmente, verem. A casa de maneira, espaçosa, a julgar pela altura e pelas varandas de assoalho, era perfeita, mesmo nos detalhes em vidro das portas e largas janelas. Havia algumas plantas à frente, mas a vegetação que a rodeava era predominantemente original. Além disso, havia um lago de água verde muito clara, poucos metros abaixo de onde estacionaram.

- Uau. – Cisco exclamou olhando ao redor assim que bateu a porta do carro. Barry sorriu empolgado e voltou-se a eles, enquanto ainda andava em direção ao lugar.

- É demais, não é?! – Caitlin sorriu, concordando. – Nora está quase chegando, então pensei: não posso continuar morando em um flat.

- É impessoal e inapropriado? – Sugeriu Ralph, também admirado.

- Então está pensando em morar aqui permanentemente? – Ela perguntou subindo as escadas que davam na varanda, logo atrás de Barry.

- Bem, posso chegar rápido a qualquer lugar, a qualquer hora do dia.

- Ótimo. – Adentraram a grande sala, também rústica, embora pouco decorada. Com o tempo, ele poderia deixar a cara dele. – Espero que tenha espaço para um pequeno QG, porque não vai morar nesse lugar remoto e cheio de mosquitos sem que possamos nos comunicar com qualidade.

- Essa, meu amigo, será sua parte preferida. – O velocista passou o braço pelos ombros de Cisco e ambos sumiram por um corredor.

- De onde o Allen tira dinheiro para manter esse padrão de vida? – Ralph afastou uma cortina, olhando o lado de fora desconfiadamente. Era um inconveniente na maior parte do tempo, mas um tanto paranoico quanto a segurança deles.

- Ele recebeu uma herança.

Deu de ombros e seguiu pela escada, onde havia outro corredor, com várias portas. Passou por alguns quartos de hóspedes, então o quarto de Barry, pois havia algumas coisas dele e, então, um último quarto, perto do principal, onde móveis específicos ainda se encontravam embalados. Sorriu de forma pequena, verificando o formato de um berço antiquado, armários, cômodas, tapete, cortina e diversos objetos de decoração.

Olhou ao redor, imaginando o quarto, menor do que os outros, completamente pronto para receber Nora. Ela seria tão feliz ali. Ainda que seu lugar fosse com Iris no início, já podia imaginar um bebê habitando aquele quarto. Talvez fosse o lugar, não poderia combinar mais com Barry e sua personalidade cada vez mais reclusa, pois estava claramente buscando fugir dos problemas.

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