XVII.

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Olhou rapidamente para a mulher, que encarava o teto de forma tensa. Iris, geralmente, não demonstrava medo, mas podia ver em seus olhos e movimentos inquietos o quanto estava nervosa. A apenas duas semanas de completar nove meses de gravidez, os incômodos aumentavam, gerando pequenas contrações, mas, dessa vez, havia acontecido mais e mais forte por todo o dia até, finalmente, ligar para Cisco buscá-la através de um portal – como haviam combinado antes.

Barry, por outro lado, andava de um lado a outro pelo laboratório, aguardando o veredicto, afinal não estava na hora de terem um parto ali. Colocando o jaleco e as luvas, a médica aproximou-se de Iris, deitada na cama hospitalar com os dedos cruzados sobre a enorme barriga. Somente pelo formato, mais acima do que o ideal, podia chutar que não era nada além da gravidez sinalizando seu fim, mas ainda longe dele.

- Então, Iris, disse que sentiu esse incômodo por todo o dia. – Puxou o ultrassom para perto e levantou com cuidado a blusa dela

- Sim, vem e vai. Quando acho que passou, volta com mais força.

- Você deveria ter vindo mais cedo. – Repreendeu Barry, preocupado. – Ou ligado para Caitlin.

- A bolsa ainda não estourou, Barry, eu tenho certeza disso. – Disse ela, cansada.

- Mas...

- Barry. – O parou antes que os dois iniciassem a discussão que não os levaria a lugar algum. – Vocês dois, tentem manter a calma.

Ele a encarou contrariadamente, mas somente levantou uma sobrancelha, o calando. É claro que os ânimos estariam exaltados, haviam confirmado logo no início, pelo exame que fizera, a presença de genes meta-humanos e, ainda que todos se empenhassem quanto aos cuidados necessários, Iris ainda era uma humana gerando um bebê super-poderoso. Ela comia melhor, dormia melhor e xingava a Barry por engordar, no fim das contas.

Espalhou o gel pelo ventre da mulher e ligou o ultrassom, concentrando-se nas imagens do pequeno monitor, procedendo às várias rápidas checagens de rotina, como se fizesse isso todos os dias. A verdade é que, desde a gravidez de Cecile, passara um tempo estudando obstetrícia, ginecologia e, dessa vez, pediatria, afinal Nora nasceria com poderes e deveria saber como isso poderia afetá-la, sendo apenas um bebê.

- O que há de errado, Caitlin? – Iris perguntou, mais temerosa devido ao seu silêncio e Barry aproximou-se, tentando identificar a imagem no aparelho. Assim, apertou um botão e o som do coração rápido do bebê ecoou por todo o laboratório, fazendo-a sorrir e olhá-la de forma mais aliviada.

- Não há nada de exatamente errado acontecendo. Contrações ou semi contrações são normais no final de algumas gestações. – Levantou-se no pequeno banco em que se sentara, explicando, principalmente a Iris, enquanto gesticulava com as mãos. – Existem mulheres que enfrentam essas últimas semanas de forma quase incólume, mas o que está sentindo é o seu corpo se preparando para o parto.

- Meu deus, isso é incrível!

Sorriu de volta para o riso empolgado de Barry, enquanto Iris soltou um pequeno e desconfiado sorriso. Entendia o ponto da mulher: sentir e saber disso podia ser um pouco assustador. Ter filhos nunca fora uma prioridade na vida de Caitlin, mas sempre que pensava, principalmente após descobrir tudo que acontecia durante uma gravidez na faculdade, estava acompanhado desse sentimento desesperador que era ter seu corpo sendo mudado pela vida que geraria.

- Sua gestação está correndo como o previsto. – Limpou o gel na barriga da mesma e jogou a toalha de papel no lixo, assim como as luvas. – Mas prefiro que se mantenha atenta a esses pequenos sinais, principalmente agora. O fato de o bebê possuir genes meta-humanos pode mudar um pouco as regras do jogo, exigindo mais que o comum do seu corpo nesse último momento.

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