Urubus e Chamas

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Frank estranhou as vozes que ouviu ao acordar. Enquanto seus olhos se abriam e voltavam a ter foco, ele tentou se recordar do que havia acontecido e de como havia ido parar ali (aonde quer que "ali" fosse). Então se lembrou do atentado ao palácio, de bater a cabeça forte na parede por causa de um ataque dos korses e desmaiar logo depois, e foi isso o que lhe fez despertar de verdade, levantando-se de supetão da superfície macia onde estava e olhando ao redor para tentar se localizar.

O príncipe se viu em um quarto escuro e grande, deitado em uma cama gigante e usando as mesmas roupas do dia anterior. Sentia o aroma de comida sendo preparada em algum lugar, mas não reconhecia o local onde estava. Uma das vozes que ouvia, que parecia vir de algum lugar abaixo do cômodo onde ele estava, era a de Mikey, mas ele não fazia ideia a quem pertenciam as outras duas. Ele só sabia que estava confuso, cansado e, principalmente, com fome. Foi então que decidiu se levantar — lentamente porque ainda se sentia fraco — e ir procurar seu amigo para perguntar-lhe o que estava acontecendo.

Uma pequena chama se acendeu no dedo indicador de Frank quando ele o levantou, a fim de iluminar o caminho enquanto andava. Assim, ele caminhou vagarosamente até a porta do quarto e a abriu, encontrando um corredor escuro e um lance de escadas que iam até o andar debaixo. Sabendo que era de lá que as vozes vinham, ele desceu a escada, segurando-se no corrimão de madeira para não se desequilibrar e cair, e, ao chegar no último degrau, conseguiu ver Mikey conversando com dois outros homens em um sofá do que parecia ser a sala de estar da casa. Ao avistarem o príncipe, os desconhecidos se levantaram e se curvaram respeitosamente perante ele, enquanto Michael permaneceu no sofá, com um semblante aliviado que só Iero sabia reconhecer. Para qualquer outra pessoa que não o conhecesse, Mikey pareceria indiferente quanto a chegada de seu amigo no cômodo, mas não era verdade. Aquela era a sua forma de se jogar em cima dele, abraçá-lo forte e dizê-lo para nunca mais o assustar daquele jeito.

— Vossa Alteza, é um imenso prazer tê-lo em nossa fazenda — disse um dos homens. Ambos tinham cabelos encaracolados e praticamente a mesma altura, mas o que havia acabado de falar era inegavelmente mais velho do que o outro. — Esteja avisado de que providenciaremos qualquer coisa que Vossa Alteza desejar. Pode pedir o que quiser!

— Huh… Obrigado? — A última vez que Frank havia se sentido tão confuso daquele jeito foi nas aulas de álgebra que teve no palácio. Ele se virou para Mikey logo em seguida e perguntou: — Erm… Mikey…? Onde é que nós estamos?

— Na fazenda Early Sunsets, é claro — respondeu Michael.

— Fazenda Early Sunsets?

— A fazenda dos meus pais — explicou ele. — Eu te trouxe para cá depois que o seu pai disse para sairmos do palácio…

— Depois que ele… Ele…

Foi então que Frank percebeu a merda que havia feito: ele tinha deixado sua família para trás em meio a um ataque terrorista brutal.

— Como é que é?! — Iero praticamente gritou, finalmente dando mais um passo e descendo a escada por completo para chegar até seu amigo. — Você me tirou de lá?! Por quê?!

— Ordens do seu pai, baixinho. Me desculpe. Eu te obedeço, mas obedeço mais ao rei — Mikey justificou, dando de ombros.

— E-eu quero voltar. Eu preciso voltar! A-a minha mãe, e-ela…

— Hey! Calma aí, herói. — Mikey se levantou do sofá, pegando Frank pelos ombros e os apertando gentilmente, a fim de passar segurança a ele. — Você mesmo disse: foi burrice dos korses invadirem tão abruptamente daquele jeito. Foi sem planejamento, okay? É bem provável que seus pais estejam bem.

Between Vultures And Flames || {frerard}Onde histórias criam vida. Descubra agora