O príncipe estava vermelho dos pés à cabeça e sentia-se tonto. Poderia até falar que era uma gripe chegando, mas a verdade era bem mais vergonhosa: era apenas a proximidade de Gerard lhe fazendo ficar sem jeito.
Com suas mãos calosas, o urubu amarrava um lenço ao redor do pescoço de Frank, que mal conseguia respirar, tamanho era seu nervosismo. Ele estava quase entrando em combustão, literalmente.
— Pode me explicar de novo para que isso? — Mikey indagou em um suspiro cansado.
— A tatuagem de escorpião — explicou Gerard. — Todo mundo vai saber que ele é da realeza se não a taparmos, e é melhor a gente não chamar atenção. É perigoso demais.
A dignidade de Iero diminuiu ainda mais quando ele se pegou sentindo falta do contato do camponês com sua pele, depois que ele finalmente se afastou, já com um bom nó feito ao redor do pescoço do príncipe. Por um lado, era melhor daquele jeito — ele não queria correr o risco de queimar Gerard de novo. Uma vez já tinha sido desesperador o suficiente.
— Tudo bem — disse o abutre, admirando seu trabalho. — Acho que podemos continuar.
— Eu tenho a impressão de que estou parecendo um idiota com esse lenço no pescoço — murmurou o príncipe, afastando o tecido de sua pele. Sentia-se incomodado pela sensação que o pano lhe trazia.
— Não se preocupe. ‘Ocê sempre parece um idiota. Num vai fazer muita diferença.
— Tenha mais respeito pelo seu príncipe! — Mikey exclamou, tomando as dores que seu amigo nem ao menos sentia.
— E o que ‘ocê vai fazer sobre isso? — Gerard cruzou os braços, desafiador. — Plantar uma florzinha na minha cabeça?
— Vou te enterrar a sete palmos!
— Tudo bem, minhoca. Vou tentar levar a sua ameaça a sério.
— Mi…? Minhoca?! — O Ila quase engasgou com a própria saliva, tamanha era sua indignação. — Eu sou um dos melhores dominadores de terra de todo o reino, está bem?! Eu não sou uma minhoca!
— Um dos melhores do reino? É sério? — Gerard não ficou convencido. — Quem te falou isso? Sua mamãe e seu papai?
— Eu posso te mostrar agora mesmo o quão verdadeira essa sentença é!
— Wow, a minhoca vai atacar!
— Seu…
— Parem com isso! — Ray gritou, criando uma rajada de vento que separou os irmãos, já quase um em cima do outro. — ‘Ocês prometeram não brigar, se lembram?! Nenhum de nós vai aguentar essa viagem se ‘ocês discutirem toda hora!
— Foi ele quem começou! — Os dois falaram em uníssono, apontando um para o outro acusadoramente.
— Não interessa quem começou! O que interessa é quem vai acabar, e esse alguém vai ser eu! A Betty está cansada e eu estou morrendo de fome, então a gente vai parar de brigar e vai continuar o caminho até Leviathan em paz, ‘tão entendendo?!
Era estranho para qualquer um ver um dominador de ar ser tão assertivo, talvez até mesmo assustador. Nem mesmo Mikey, que se sentiu irritado pela forma com que o camponês se dirigiu a ele, ousou argumentar. Os dois irmãos apenas se olharam com desgosto e se calaram, uma promessa silenciosa de que se comportariam o máximo que conseguissem.
— Ainda bem que você veio com a gente — Frank suspirou, apertando o ombro de Ray levemente em um gesto solidário. — Vamos continuar. Eu também estou com fome.
A viagem não durou mais do que quinze minutos. Logo, o grupo estava adentrando a pequena cidade de Leviathan, observando, um tanto nervosos, as pessoas ao seu redor. Com o príncipe tão perto, qualquer uma delas poderia ser uma ameaça.
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Between Vultures And Flames || {frerard}
FanfictionEra uma vez, um reino chamado Leathermøuth, onde cada habitante podia dominar um dos quatro elementos da natureza: fogo, ar, água e terra. Um dia, a rainha do referido reino ficou doente, e ninguém sabia por quê - qualquer que fosse sua doença, ela...