Só o Mikey consegue a sobremesa nesse capítulo

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Gerard sentiu a mão pesada de Brock atingir sua face, deixando uma sensação de ardor e formigamento na região. O golpe foi forte ao ponto de fazê-lo cambalear para trás e cair sentado no chão, atônito demais para fazer ou dizer qualquer coisa. Ele apenas permaneceu com os olhos arregalados e cheios de lágrimas, olhando para um ponto qualquer do celeiro, ofegante e tremendo como um gatinho assustado.

— Eu te pedi para fazer uma coisa, garoto! — gritou Brock. A força colocada em suas palavras foi forte ao ponto de um pouco de saliva voar de sua boca. — Uma coisa apenas! Uma coisa simples, muito simples, e ainda assim 'ocê conseguiu estragar tudo!

— M-me desculpa… — A voz de Gerard saiu miúda, apertada de medo.

Brock pegou Gerard pelos cabelos e virou sua cabeça na direção de um balde de leite derramado no chão do celeiro. O garoto choramingou quando sentiu seu couro cabeludo ser puxado com intensidade, e ainda mais quando essa força aumentou, ao que o homem voltou a gritar com ele:

— O que é isso aqui, Gerard?! Me diga o que é isso aqui!

Como Gerard continuou quieto, Brock puxou seus cabelos com mais força, e perguntou mais uma vez:

— O que é isso no chão, moleque?!

— É-é leite! — Gerard respondeu em um choramingo. — É leite, senhor Toro! E-eu só estava tirando leite da vaca, como o senhor pediu!

— E por que esse leite tá no chão?!

— Porque eu derrubei! F-foi um a-acidente, eu juro! E-eu posso tirar mais…

— 'Ocê por acaso acha que vaca tem um estoque infinito de leite, garoto?! A gente tá em um período de seca, pelo amor dos deuses! O gado tá magro e 'ocê ainda faz a proeza de desperdiçar a nossa comida!

— F-foi sem querer…!

— Não me interessa se foi sem querer! — gritou Brock, largando o garoto no chão e cuspindo ao lado dele logo depois. — Eu juro que, se não fosse pelos seus pais, que insistem em te deixar vivo, eu já tinha te deixado na floresta pra ser comido pelos coiotes, sua aberração nojenta! 'Ocê deveria me agradecer!

— E-eu sou agradecido ao senhor…

— Cale a boca! A gente têm regras nessa fazenda, moleque! Existem leis aqui, e 'ocê precisa aprender elas! Essa foi sua terceira falta essa semana, mocinho, e 'ocê tá aqui só tem um mês! 'Ocê deveria ter vergonha dessa sua incompetência, sabia? Eu num queria ter que chegar nesse nível não, mas 'ocê tá pedindo.

Os olhos de Gerard se arregalaram em terror ao perceber do que Brock estava falando. O garoto se colocou de joelhos e engatinhou até o adulto, juntando suas mãos e implorando em uma voz trêmula e carregada de desespero:

— N-não! O milho não, por favor! O milho não! Clemência, senhor Toro, clemência! Tenha piedade de mim, por favor!

— O milho sim! Eu quero fazer o proveito do sol quente de hoje! 'Ocê vai ficar duas horas ajoelhado lá fora e eu juro que se 'ocê continuar reclamando, vão ser três!

Então Gerard se calou no mesmo momento, porque ele sabia o quão bom Brock era em cumprir suas promessas. Ele segurou o choro e fez beicinho, seus olhinhos verdes brilhando com as lágrimas que agora caíam silenciosas pelo seu rosto.

Horrorizado, Gerard viu o homem se afastar para ir pegar as sementes de milho. Enquanto ia embora, Brock soltava suspiros ocasionais enquanto murmurava, mais para si mesmo do que para o garoto:

Between Vultures And Flames || {frerard}Onde histórias criam vida. Descubra agora