O Veneno Da Mesma Taça

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No completo escuro. Aquela silhueta feminina surgiu como um luz no fim do túnel. E a cada passo ela se tornava mais nítida é mais confortável. Com o cabelo negro e brilhoso solto, usando um vestido verde, ele reconheceu aquele par de íris avelã na sua frente.

- Lembre-se que eu já estive aqui.

Alaric sabia que aquela era a mulher que sempre esteve presente em seus sonhos, mas ela continuava indo embora e nunca revelava seu nome. Talvez, ele devesse dar um nome, ou apenas aceitar que poderia estar sofrendo algum tipo de alucinação.

Um barulho de porta se fechando fez com Alaric abrisse os olhos e ao tentar mover suas mãos percebeu que ambas estava amarradas atrás de suas costas. Ele permanecia sentado em um cadeira e sentindo uma dor em sua nuca.

A únicas coisa que Alaric conseguia recordar era de sair da mansão Keziah e desmaiar. Ele avistou uma mexendo em alguns matérias sobre a mesa que não conseguiu distinguir e notou um silhueta masculina. Mas não conseguia ver os detalhes da fisionomia porque a pessoa usava uma túnica com capuz que cobria seu rosto.

- Me tire daqui. - ele gritou batendo o pé no chão.

Somente a mulher virou-se para olhar Alaric, enquanto tudo o que o homem fez fora sair daquele lugar. Ela aproximou-se, segurou os fios loiros do cabelo dele e puxou a cabeça para trás.

- Grite o quanto quiser, Alaric. - ela fez uma pausa. - Ninguém irá escuta-lo. - acrescentou.

Quando ela soltou sua cabeça e voltou para mesa em que havia alguns materiais, Alaric lembrou que já havera visto em algum lugar. Mas por mais que quisesse recordar, não conseguia recordar de onde conhecia aquela mulher.

Alaric apenas queria fechar os olhos e adormecer novamente, mas se o fizesse ela viria visita-lo. Ele não queria vê-la sangrando novamente.

- Eu conheço você. - sussurrou Alaric.

A mulher virou-se para olhá-lo e esboçou um sorriso debochado no rosto. Alaric não entendeu aquela expressão no rosto dela. Mas fez com que ele recordasse que Bella havera feito aquela feição quando fora acusá-la de assassinar Paxton.

- Você estava tão embriagado quando esbarrou em meu ombro e jamais pensei que fosse lembrar do meu rosto. - respondeu. - Eu sou a Sasha, irmã da Emily. - acrescentou.

- Como você...

- Eu avisei para aquela insana não se envolver nos assuntos dos guardiões e dos renegados. - ela gritou. - Mas eu vou tirar da Bella o que ela mais ama, da mesma forma que fez quando assassinou a minha irmã. - concluiu.

Ao recordar de Bella sem vida em seus braços e sentando sobre o sangue dela. Alaric engoliu um nó em seco e abaixou a cabeça. Desta vez, sua morte seria em vão, pois ela não poderia mais salvá-lo.

- Bella está morta. - afirmou.

Sasha sorriu.

- Qual é a graça? - questionou Alaric.

- A morte tem suas falhas. - respondeu. - Bella com certeza encontrará um brecha para retornar a vida. - acrescentou.

- Sua irmã esfaqueou o coração dela. - disse Alaric. - Como ela retornará? - perguntou.

Silêncio.

Sasha não se preocupou em pesquisar sobre como Bella havera sido morta, apenas ficou cega de ódio e desejou vingança. Ela segurou fortemente a lâmina de uma adaga que acabou cortando a palma da mão.

- Se for verdade o que está dizendo, então terei que matá-lo de qualquer forma. - afirmou Sasha.

Sasha pegou uma seringa com um líquido transparente que estava sobre a mesa e caminhou na direção dele. Ao injetar a agulha no pescoço de Alaric, ela depositou toda aquela água incolor para percorrer pelas veias.

Ao retornar a seringo do pescoço de Alaric, ela ficou parada na frente dele. Não demorou muito para Sasha assistir ele apagar em sua frente para que finalmente pudesse sair daquele porão.

Adormecido pelo tranquilizante, Alaric avistava somente a escuridão no horizonte e por mais que não desejasse seguir por aquele caminho, o fez. Ele não conseguia resistir aquelas mãos invisíveis que sempre o conduziam de volta para as sombras cada vez que fechava os olhos para o mundo.

Mais uma vez, Alaric avistou ela com aquele vestido verde e pés descalços. Mas o cenário era diferente, ambos estavam em um lugar aberto com céu cinza e pisando em uma grama verde e cortada.

- Onde eu estou? - questionou curioso.

- Esse lugar era um dos meus lugares favoritos. - respondeu.

Alaric voltou a olhar para ela e ficou feliz por não vê-la sangrando como acontecia quando aproximava-se dela. Ele pensou em chegar mais perto, mas temia que tudo desaparecesse novamente.

Alaric sentiu um toque gelado e macio sobre suas mãos como os dias chuvosos na cabana do pico da montanhas. E ao perceber que ela entrelaçava seus dedos com os dele, ele abriu a boca para dizer algo, mas fora interrompido.

- Prometa-me que não irá implorar por perdão quando a verdade vier à tona?

- Eu não compreendo.

- Nós bebemos o veneno da mesma taça. - respondeu. - Pronunciamos as mesmas palavras que tornaram nossas alma unificadas. - acrescentou.

Alaric não fazia ideia do que ela estava falando e nem tampouco sabia que na beira da morte, as últimas palavras determinam o destino de uma alma. Ele não sabia que o espírito dela fora entrelaçado por amor e culpa.

Alaric desejou abrir a boca para dizer a ela que faria exatamente o que havera lhe pedido. Mas haviam mais do que lágrima emaranhando aquelas íris avelã a sua frente, e ele desejava saber qual era o caminho que não deveria seguir.

- Eu tentei limpar o sangue de um inocente. - ela fez uma pausa. - Mas eu não consegui fazê-lo. - acrescentou.

Ao recordar o quão sentiu-se culpado todas vezes que Bella morreu em seu lugar, ele abaixou a cabeça. Alaric ficou feliz por ser amada por uma moça como ela, mas a pessoa por quem havera se apaixonado estava segurando sua mão naquele momento.

- Eu também sou o culpado pela morte de uma pessoa inocente. - afirmou.

Alaric assistiu ela conduzi-lo até um enorme Salgueiro onde as folhas rastejavam no chão e sentaram-se abaixo do vime. Quando ela soltou sua mão e ela colocou a palma sobre a grama, conseguiu sentir o solo úmido ao toque.

- Você sabe como um coração de vilão é feito? - ela perguntou fixando suas íris nele.

- Coração de vilão?

- É no silêncio, nos gritos e nas brigas que fazem o sangue escorrer. - sussurrou ela. - Nos momentos de violência e sedação mórbida que você conseguir ver o medo e através de segredos resistentes e pesadelos viciosos que fazem a alma paralisar. - concluiu.

Ela percebeu que Alaric ainda estava um pouco confuso com suas palavras mórbida, então sussurrou:

- É assim que o coração de um vilão é feito.

Meu Imortal - DesfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora