Passamos mais algumas semanas sem nos ver. Jeann era uma mulher de fibra moral, muito mais fibra do que moral na verdade. Não tinha jeito, só bebendo muito para aguentá-la. Voltamos a nos ver, íamos jantar em restaurantes caros que eu nunca pagaria, depois passávamos em um motel muito mais caro ainda, só que esses eu faria um esforço pra bancar, e depois dormíamos na sua casa. Sempre transas casuais, um pouco de conversa, mais transas, brigas, conversas, transas e brigas. Jaenn começou a notar a diferença de idade novamente, ela queria mais do que tudo ter seus filhos logo e estar casada, não aceitava a ideia de estar perto dos 30 anos e ainda solteirona.
- Victor, o que você acha de se casar comigo, agora falando sério.
- Jeann, minha linda, só estamos juntos há três meses, estamos nos conhecendo, indo devagar.
- Mas o que falta pra você querer casar comigo?
- Nos falta tanta coisa, primeiro, nunca viajamos juntos, nem conhecemos as nossas famílias inteiras ou sei lá o que precisa pra se casar.
- ótimo, então vamos viajar amanhã mesmo, aproveitando o feriado.
Pensei um pouco.
- E pra onde iríamos?
- Vamos para o Guarujá, tenho uma casa lá.
- Tudo bem.
Não ia ser nada mal transar ouvindo o barulho do mar. No dia seguinte arrumamos nossas coisas e pegamos a estrada. Jeann não saia do meu pé, estava cada vez mais grudada em mim. Chegamos lá e estava um sol de rachar. No quarto ela se trocava, estava escolhendo seu biquíni.
- Coloca aquela sunga que eu comprei pra você.
- Eu odeio sunga, vou ir de bermuda.
- Ta maluco? Gastei a maior grana pra você usar!
- Mas eu não vou usar merda nenhuma de sunga.
- Faça o que você quiser!
- Tudo bem.
Meu celular vibrou e eu olhei para Jeann, ela era a mulher mais ciumenta de toda aquela praia. Por sorte ela estava de costas para mim, escovando seu cabelo. Abri a mensagem e apaguei, para evitar futuras brigas. Jeann entrou no banheiro e se demorou por lá. Deitei na cama e fiquei a sua espera. O quarto estava tão quente quanto a um vulcão.
Ouvi a porta abrir e acordei, estava cochilando, Jeann estava com uma cara péssima, parecia muito irritada. Se deitou ao meu lado com aquela calma que só a raiva da e me disse:
- Quem foi que te mandou bom dia? Uma das suas piranhas?
- Eu não sei do que você esta falando.
- Eu vi você apagando a mensagem, Victor, não me faça de idiota que eu não sou!
- Foi só um bom dia.
- Quem é a vagabunda e porque você apagou? Se fosse apenas um bom dia você não teria apagado, seu cretino!
- Apaguei para evitar isso que está acontecendo agora mesmo.
Jeann fechou a cara pelo resto do dia, e eu não tinha a obrigação de pedir desculpas, aliás, eu não tinha feito nada de errado. Fomos para a praia e comemos camarão. Ela pagou. Não falamos muita coisa, o clima estava péssimo, eu até pensava em ir embora, e que a viagem tinha sido a pior ideia de todas. Até que o pequeno garota que estava nos atendendo do quiosque veio cobrar a conta.
- Sinhô, Deu cento e vinte e dois real – ele disse olhando pra baixo.
- Uau, que camarão caro hein, garoto? Vocês pescaram na mão? – brinquei.
- Foi sim, senhô.
Engoli seco, Jeann foi pegar o dinheiro na sua carteira.
- Garotinho, estou sem dinheiro, vocês passam cartão?
- Hum... é... cartão...
- Sim, que passa naquelas maquininhas...
- Ah... ela deu tilt, sei lá, moça, só dinheiro memo.
Jeann foi com ele até o banco mais próximo e eu fiquei esperando. Tinha simpatizado com o garoto. Um rapaz mal vestido se aproximou.
- Você vai jogar fora essa sobra?
Ele apontava para a porção de camarão.
- Vou sim.
- Deixa que eu jogo.
Foi embora, e eu notei que ele comia os restos. Fiquei encabulado, senti na alma, passar fome não era nada fácil. Peguei uma grana que eu nem poderia gastar e fui até ele.
- Ei, amigo, tome aqui, vai comer algo.
- Deus te abençoe, eu estou morrendo de fome.
Vi seus olhos encherem de lagrimas então o deixei ir, já tinha tomado muito do seu tempo. Jeann e eu voltamos para a casa dela de frente ao mar. Mal tínhamos clima para apreciar toda aquela beleza, por isso enquanto ela dormia, eu ficava vendo as ondas baterem contra as rochas no quintal da casa.
Jeann acordou, se espreguiçou e parecia estar cheia de tesão, quando eu a vi com aquele fio dental de bruços olhando para mim, também fiquei aceso, cai na cama e nos atracamos. Demos uma rapidinha e ela se lembrou de uma coisa:
- Deve ter feirinha agora, vamos lá comprar algo pra minha mãe de lembrança.
- Tudo bem.
Fomos a feirinha e procuramos, procuramos, rodamos e encontramos algumas lembrancinhas. Voltamos pela areia, o mar estava realmente esplendorosa.
- Vamos sentar um pouco, de frente pro mar? – perguntei.
- Porque? Está tarde.
- Tudo bem.
Continuamos a andar até que eu simplesmente sentei por conta própria. Jeann relinchou, mas acabou sentando do meu lado. Ficamos olhando para o mar e falando alguma besteira sobre como ele era bonito, e como que em São Paulo não se tem vida. Olhamos também para o céu que estava negro e estrelado, era uma das mais belas pinturas que Deus tinha criado. Jeann se cansou de ficar ali que nem bobos e então fomos para a casa.
Antes de dormir, fizemos amor de novo, mas não era como das primeiras vezes. Parecia que ela cobrava mais do que eu tinha pra dar, e eu só metia pra não ficar feio pro meu lado. Sempre me vinha a cabeça todas aquelas implicâncias dela e não tinha como aturar.
No outro dia levantamos cedo para aproveitar o mar e ela estava novamente cheia de tesão, e estranhamente eu não estava. Tirou seu biquíni e sentou em cima de mim, meu pau demorou longos minutos para endurecer. Ela enfiou ela dentro da xoxota e mexeu pra valer, mas não foi o suficiente para me fazer gozar e nem mesmo para mantê-lo duro.
- É melhor irmos pro mar, preciso relaxar um pouco.
- MENTIRA, você se cansou de mim, eu sei!
- Não é nada disso linda, está muito calor, e eu estou realmente cansado, fizemos amor diversas vezes ontem.
- Nada disso, não me venha com essa! Homem não nega sexo, quem você andou comendo essa madrugada hein? Tem alguma leitora até aqui no Guarujá?
- Não fala bobagem, olha, estou indo pro mar.
- Vai sem mim então, é isso?
- Estou te chamando, oras.
Fomos e com a cara fechada de sempre. Ficamos tomando sol e torrando como dois paulistanos e voltamos pra casa. No final do dia retornamos pra cidade, cada um pra sua casa, mas antes, demos aquela rapidinha pra compensar os dias que viriam sem nos ver, era o nosso ciclo.