- Cara, a Cheer me ligou hoje cedo. – disse Cezar.
- O que ela queria?
- Pensei que queria falar sobre você, mas ela veio com uns papos estranhos, querendo se encontrar comigo.
- Oh, merda, não sabia que viveria até o dia que uma de minhas mulheres daria em cima do meu melhor amigo.
- Eu recusei cara, não se preocupa.
- Não é nem por isso, é uma questão de ética sexual, entende?
- Mas vocês ainda estão transando?
- Ah, não, faz alguns dias que não.
- Merda...
- O que foi?
- Perdi uma foda, então.
- Seu porco de merda.
Rimos e Cesar pegou outra cerveja, nós bebíamos bem, não tinha ninguém que nos batia numa mesa de bar. A noite estava agradável para uma foda em quatro, a gente não tinha experimentado nenhuma dessas loucuras, mas nunca era tarde.
- Como você consegue?
- O que?
- Tantas mulheres assim.
- Eu não sei, tenho muita sorte, escrevo sobre essas coisas de sexo, e aí o resto acontece.
- Eu deveria escrever mais, entende... só que não consigo.
- Você precisa viver mais um pouco para poder escrever, inventar relações é um crime.
- Verdade, gosto do seu estilo, me parece um Bukowski com trinta anos menos e um pau menor.
- Andou vendo o pau daquele velho na internet?
- Cara, sou negro, entende? Uma hora as mulheres vão notar que posso acabar com todas elas.
- É verdade mrs Motumbo, mas enquanto isso não acontece, vai se planejando, quando a maré enche, ela não perdoa.
Bebemos mais e então nos levantamos, era hora de fazer alguma coisa antes que o mundo nos engolisse. Peguei minha jaqueta e Cesar a sua, pegamos mais uma cerveja e ganhamos a rua. Era bom estar com alguém que podemos confiar, sem aqueles tapinhas nas costas ou palavras ao vento. Cesar e eu era o essencial, cumprimento nas mãos e a confiança no olhar, era bom ter um irmão. Éramos o café e o leite ou algo do tipo.
O Drink Night Club estava aberto e piscando pra nós. Entramos e nos sentamos no balcão, chegou duas cervejas.
- Essa é por conta da casa, Victor. – me falou a balconista.
Ela tinha um dos meus livros na bolsa, gostava do que eu escrevia e sempre tentava uma chance. Eu não queria misturar as coisas, sempre a via naquele balcão, me servia bem, tinha boas conversas e sempre estava preparada para ouvir as minhas desventuras em serie, transar com ela ia acabar com o que tínhamos de bom entre a gente, mas ela não entendia isso.
- Vai fazer o que depois daqui? – me perguntou.
- Carla, eu não sei se a gente deveria... sabe, pela amizade.
- Está virando um moralista de merda, hein?
- Não é isso... veja, conversamos sempre sobre coisas legais, você me acalma, é uma ótima amiga, e eu não ando muito no clima, entende?
- Não Victor, eu não consigo entender o porquê estou sendo colocado de escanteio.
- Não pense desse jeito, olhe aqui, esse é meu amigo Cesar, ele é muito legal, muito mais do que eu.
- Oi Carla, eu sempre estou aqui, mas acho que não se lembra muito do meu rosto. – disse Cesar.
- Ah, sim, Cesar, sei quem é você, semana passada te levei até a saída, você não conseguia ficar de pé direito.
- Obrigado, aquele não foi um bom dia.
- Bom, vocês já se conhecem, isso é ótimo, acho que vou ir sentar naquela mesa ali, tem uma garota que não tira os olhos de mim.
Fui até a mesa e deixei os dois sozinhos, era a vez de Cesar brilhar. Me sentei perto dela e abri um sorriso forçado, tinha que aparentar estar bem.
- Oi, posso me sentar? – perguntei.
- Já sentou.
- Ah, está esperando alguém?
- Quem poderia ser mais interessante do que um escritor de erotismo?
- Bom, aí você me pegou.
- Sheyla, prazer.
Apertei sua mão e a puxei, dei-lhe um beijo leve.
- Victor Vitoriano.
- Sem essa, quase todas as garotas por aqui sabem quem é você.
- Estão distribuindo meus livros nas universidades?
- Não, mas aquela história com a prostituta que não pagou repercutiu bastante.
- Merda, estou tentando esquecer essas coisas.
- Não tente, faz parte de você, da sua jornada, é mais fácil aprender a viver com isso.
- Você está certa. Pensei que era apenas um rosto bonitinho, mas você tem algumas coisas boas na cabeça.
- Você também não é de se desperdiçar, Victor.
- Então pra que perder tempo, não é?
Ela me beijou e eu correspondi, tinha uma boca e tanto, lábios carnudos, pele dourada, cabelos longos e liso. Peguei-a pelo braço e fui até as escadas. Subíamos e procuramos um quarto. Estavam todos ocupados, passei pelo ultimo e alguém me chamou:
- Victor, ei, venha nesse, essa cama é ótima e bem espaçosa.
Entrei no último quarto e lá estava Cesar com Carla. Fechei a porta e cai na cama, Sheyla veio por cima e nós quatro estávamos dividindo a mesma intimidade, esse era o lado bom das amizades heteros.
A noite foi realmente louca, trocamos as garotas e fudemos as duas ao mesmo tempo. Fizemos como nos filmes pornôs, aqueles clichês de buceta e cu.
O dia amanheceu e eu sentia um peso sobre meu peito. Abri os olhos e era Carla e Sheyla, dormiam tranquilamente em cima de mim.
- Bom dia garotas, onde está o Cesar.
Ninguém me respondeu, tinha garrafas em cima da cama e cigarros amassados. Olhei em volta do quarta, mas parecia ter só a gente ali. Me levantei com cuidado para não acordar as duas e tropecei. Cai com tudo no chão, machuquei o braço.
- MERDA.
- Porra, me deixa dormir.
Era a voz de Cesar, eu não estava sozinho naquela, suspirei e fui até o banheiro. Mijei e lavei a cara. Voltei pra cama e as duas estavam se beijando, era muito sexy ver aquilo, fiquei duro, e desta vez passei com cuidado por Cesar, não queria dividir, eu era um maldito de um egoísta.