14(Clary)

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Daqui a cinco anos
2028

Eu corria desesperadamente, sem tempo para acalmar a respiração. Meus olhos quase se cansaram em algumas das vezes que os fechava e depois lembrava de que tinha que correr ainda. Quando os abria, parecia quase como se tudo estivesse tremendo e isso me fez cair algumas vezes, o bastante para abrir a ferida no meu tornozelo. Eu teria deixado a dor vencer meus sentidos, se antes disso, eu não tivesse avistado um carro branco com janelas fumês escuras, parando do meu lado.

E aquele era um carro que eu muito bem conhecia.

Os vidros do carro desceram, e o que eu já sabia, se comprovou, enquanto eu concentrava meus olhos na figura de pele negra e madeixas escuras, estando no volante do carro.

- Moça, você precisa de ajuda? - perguntou Luke, tentando ter uma visão melhor de mim, que ainda estava caída no chão, agarrando o tornozelo, como se assim a dor pudesse ser menor.

Eu arrumei forças aos poucos para me apoiar na janela do vidro e levantar, segurando a mesma firmemente. Quando consegui ficar de joelhos, Luke já podia ter uma visão mais avantajada de meu rosto, que provavelmente estava contorcido de dor.

- Luke, oi. - cumprimentei, com os olhos cansados, piscando a cada dois segundos. - Preciso da sua ajuda.

Luke se chocou ao perceber quem se tratava. Ele apertou um botão, próximo a porta do motorista, o que logo fez o vidro da janela que eu estava apoiando os braços, começar a subir. Eu comecei a gritar de desespero e implorar para Luke não fazer aquilo, mas meu padrasto não me deu ouvidos. Era a primeira vez que ele agia com tal melancolia comigo e eu não sabia como agir. Na verdade, eu nem estava pensando racionalmente para formar uma opinião sobre aquilo.

Finalmente o vidro prensou meu braço e eu chorei mais de dor e gritei de desespero. Nada poderia piorar, era o que eu pensava. Isto é até eu avistar o carro preto com janelas escuras. Eu não precisava de janelas mais claras para saber que Jace estava no banco do motorista, dirigindo o carro, e seu olhar que poderia se assemelhar ao de um assassino, estaria dirigido duramente para mim.

- Por favor, Luke. Preciso falar com a minha mãe. - o carro de Jace se aproximava, ao passe que meu coração estava loucamente acelerado. - Jace não pode saber.

- E porque isso agora, Clary? Você deu as costas para Jocelyn, e por ele. Para ficar com ele. - gritou Luke e eu concordei, pois sabia que Jocelyn e ele nunca concordaram com essa minha decisão, que na verdade, agora estava me trazendo maléficas consequências.

Eu chorei de alívio, quando Luke apertou outro botão, fazendo o vidro que prendia meu braço, descer novamente.

- Luke, talvez eu tenha cometido o pior erro da minha vida. E agora preciso que você me ajude, por favor. - minha voz era um tom rouco de súplica. - Jace me agrediu pela segunda vez só nessa semana e eu estou desesperada. Eu estou com muito medo de acontecer novamente. - confessei chorando, o medo de mesmo com essa verdade que joguei em cima dele, ainda for insuficiente, me atingiu. Eu realmente precisava de ajuda.

Observei o rosto duro de Luke se tornar passivo, entendendo a situação em que eu estava. A situação em que eu me coloquei.

- Entre no carro, Clary. - ordenou e eu sabia que era só aquilo o que eu teria do mesmo. Mas também era só o que precisava.

E a última coisa que vi antes de Luke dar partida com o carro, através do retrovisor, foi Jace deixar seu automóvel, clamando por meu nome.

Mas eu não obedecia o Wayland. Eu faço o necessário para sobreviver, e não para obedecer e agradar Jace. Isso acabou hoje. Porque depois de saber o que fiz, Jace vai ficar furioso. E apenas porque não recebo ordens dele, que saberei lidar com a raiva do mesmo. Afinal aguentei e lidei com tudo o que diz respeito seu nome por cinco anos, porque não aguentar por mais cinco?

O Sequestro | - O Épico Amor De Wayland Onde histórias criam vida. Descubra agora