15(Clary)

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- Eu não aguento mais isso. - gritei, esmurrando levemente ao vidro do carro de Alec. Para o meu próprio bem, era bom que os vidros fossem resistentes com um toque tão delicado como o meu.

Assim que minha ação bruta se fez presente, Jace me fitou, ainda dirigindo rumo ao instituto.

- O que deu em você, Clarissa? - ele perguntou ranzinza, revirando os olhos em seguida. - Esquece, não se dê o trabalho de responder. Mulheres são assim. - e ao mesmo tempo que eu estava ansiando por sua resposta, eu o odiei por ela.

Após Jace decidir que deveríamos voltar rumo ao Instituto, ainda passeamos mais pelo armazém. Poderíamos ter ficado horas passeando pelo local amplo e também empoeirado. Mas não demorou nem mais um segundo até meus saltos passarem a matar meus pés e tive que dizer para Jace. Enquanto confessava a dor nos pés, uma hesitação percorreu por todo meu corpo, por tamanha vergonha de dizer em voz alta aquilo, e para Jace. Porque eu não decidi ser mais original e ter calçado um tênis? Há um tênis branco que Aline tem, cujo eu acho muito lindo. Mas não, indo pela cabeça de Aline, eu decidi que saltos altos que apertaram meus pés assim que calcei, era o melhor para tal ocasião com Wayland.

Não tenho certeza, afinal, se posso culpá-lo, mas certamente não administrarei tal culpa. Quem me chamou para sair, no final das contas, fora ele, e não eu. Então sim, positivo e operante, a culpa é oficialmente daquele loiro metido, que se acha um bocado.

- Eu não aguento mais esse silêncio. - confessei, porque afinal era a verdade. Jace não proferia uma palavra desde que deixamos o armazém e ele dirigia até o instituto, novamente. Claro que inicialmente, esse silêncio não me incomodou. Mas quando se passou mais de quarenta e cinco minutos que estávamos passando quietos, aquilo começou a me irritar. Eu tentei algumas vezes, perguntando sobre coisas bobas que sabia a resposta, mas Jace era muito vago com suas palavras, e isso não era o suficiente para iniciar uma conversa.

É inacreditável que quando estou tentando, ele decide que odeia o som da própria voz. Mas quando eu realmente anseio que ele cale aquela maldita boca, ele decide que morre de amores pela voz. Jace é totalmente o oposto do que eu quero que seja, em certas situações. E isso é só mais um fator que me faz tê-lo como uma pessoa irritante.

- Eu não sabia que gostava de conversar com seu sequestrador gato e sexy demais. - Jace sorriu debochando de mim, e usando a rara ocasião em que eu suplicava por algo dele, para se gabar. Oh não, espera. Jace é Jace Wayland. Ele sempre usa todas as oportunidades para se exibir, como se fosse uma rara celebridade que merecesse ser honrada.

- Certo, agora eu estou realmente desejando que você se cale outra vez. - falei revirando os olhos, e socando seu braço de forma brincalhona. Novamente, o silêncio reinou, mas eu podia tê-lo como um deboche de Wayland, porque sabia que eu realmente estava a querer conversar. Ficar tanto tempo sem minhas amigas Isabelle e Aline, me dava abstinência. Com elas, silêncio era uma honra que jamais existia. Ao menos não quando estávamos todas as três juntas. - Droga Wayland, você vai mesmo me fazer implorar?

- Tenta. - ele sussurrou com um sorriso torto nos lábios.

Eu demorei a perceber que ele estava caçoando de mim. E demorei mais um tempo para deixar o orgulho gritar mais baixo e dar a Jace o que ele queria.

- Conversa comigo, Jace. Por favor. - implorei, atribuindo um leve deboche na voz, e fazendo beiços de criança.

Jace riu de mim, o que me levou até uma onda de adrenalina e me fez rir também, juntamente com ele.

- Sobre o que quer conversar comigo, Clarissa? - na verdade, nem mesmo eu sabia. Mas já que ele estava aberto para qualquer pergunta, seria um bom momento para fazer uma em especial que me atordoava.

O Sequestro | - O Épico Amor De Wayland Onde histórias criam vida. Descubra agora