Jace me levou até um armazém velho com itens tão enferrujados, que sequer parecia ter conserto. Ele me contou que aquele era o local onde ele se encontrava com sua equipe de hackers que tinham como missão achar Valentim usando meios ilegais da tecnologia. Por sua postura, eu percebi que ele estava prolongando um assunto que pouco me interessava, para depois chegar na cereja do bolo. Talvez estivesse calculando minha reação e eu não podia culpá-lo, pois já provei de todas as formas, que dependendo do que o assunto se tratar, eu posso ser bem explosiva.
Eu bufei, frustrada que ele estivesse enrolando tanto para chegar ao prato principal. Eu estava mesmo assistindo Jace Wayland ficar tão nervoso com algo que estaria pontuando se me contar ou não era sábio.
- Eu sei que não me chamou para ver objetos velhos e um armazém sujo. - explodi, revirando os olhos para tal atitude vinda do loiro.
Jace me olhou como se não esperasse tal ação minha e sorriu. Aquele sorriso que eu já nem sei mais se odeio ou não.
- Sempre tão prestativa, Clarissa. - ele elogiou sarcasticamente, piscando o olho para mim. Ainda que já tivesse conseguido o beijo que tanto queria, Jace ainda insistiria em flertar comigo. Aquilo era tão patético, quanto ouvi-lo e achar aquela voz grossa e rouca, uma tentação.
- Me diga logo o que está querendo dizer, Jace. - ordenei, brava demasiadamente para continuar jogando os joguinhos de Wayland.
Jace ainda me encarava, a cada vez que eu ousava piscar. Seus olhos observadores me fez congelar onde estava e desejar cravar um buraco no chão do armazém velho e empoeirado. Eu estava exposta demais aos seus olhos e me expondo igualmente à aquele sentimento de desejo; e isso não é nem um pouco bom.
Meu coração me traía por Jace, quando insistia em acelerar por sua presença muito perto de mim. Eu estava por um fio de ser como aquelas vadias que são loucas por Wayland. E o pior era que eu conseguia ver o que elas notavam nele. Claro, eu não sou cega. Jace sempre foi um homem atraente. No colégio, por mais que ele fosse o perigo em pessoa, ainda existia garotas que o perseguiam. Ele nunca foi alguém de se jogar fora, mas estou disposta a esquecer isso e deixá-lo bem onde deve ficar. No passado, bem onde eu não possa desenterrar.
- Você me beijou só para se esconder? Ou houve alguma sensação além disso? - era aquela pergunta, que eu tanto queria evitar.
Eu esperava que Jace fosse demorar mais para indagar sobre aquilo. Talvez eu estivesse esperançosa de que ele não faria a tal pergunta. Mas eu sabia que era o que eu preferia, e não o que de fato poderia vir a acontecer. Porque Jace é um ser curioso e pra lá de lindo. Céus, ele ser babaca não me impede de achá-lo um homem esbelto, certo? Embora, hoje eu cometi um dos sete pecados capitais por Jace. Luxúria. Luxúria por ele.
E é a terceira vez nesse noite que meu coração se divide em duas linhas tênues. Eu tinha duas opções, assim como antes, quando avistei minha mãe e Celeste. Eu optei por Jace, e agora estava optando por sofrer as consequências de tal ato de tamanha confiança nele.
- Porque isso é importante? - foi a forma mais contumaz de desviar do assunto que encontrei. - Sabe Jace, você se importa muito com o que eu penso sobre você ou deixo de pensar.
Jace riu do meu nervosismo, e aquela leve gargalhada, me fez perceber o quão ridícula eu soava por tê-lo indagado daquela forma. Quase como se eu quisesse arrancar uma confissão do quanto ele se importava em relação a mim. E talvez, embora jamais o deixarei saber desse fato, eu me importo mais do que admito.
Céus, a bíblia diz para Deus livrar-nos de todo mal. Pena que não diz também sobre livrar da tentação que esse mal emana. O perigo que o acompanha. E a beleza que o emoldura.
Será possível que o inferno fosse reaberto, apenas para me receber? Porque assim que cruzei o caminho de Wayland, ou o contrário, eu sinto que o tiquinho de inocência que me acompanhava, se foi. Bastou eu testemunhar o crime de tiroteio que ele participou, que minha inocência se foi, assim como as balas das enormes espingardas que me assustaram naquele dia cruel.
Essa é mais uma coisa que odeio em Jace Wayland. O fato de eu anular meus sentimentos negativos em relação a ele, apenas porque eu não quero odiá-lo. Ele torna isso impossível, assim como Isabelle o faz. Não é surpresa eles serem irmãos.
Se querer também fosse poder, eu escolheria ter o poder de controlar-me melhor. Porque a verdade que eu quero desesperadamente esconder neste momento é que cada pedacinho daquela noite, eu fiz por vontade própria. Beijei os lábios de Wayland por vontade minha e não para me esconder apenas. Também foi isso, mas o beijo foi um desejo meu. Eu desejei beijá-lo e tinha muita vergonha de admitir.
Porque será que se eu admitir não estarei dando a ele tudo o que ele queria? Ele ainda se lembraria de mim quando tudo isso acabar?
Você ainda se recordará de mim, naquele vestido vermelho, com os olhos verdes brilhando para você? Ou será que só o terei novamente nos meus sonhos mais selvagens.
**********
Jace aproveitou meu momento de transe para se aproximar vagamente, fazendo sua presença tão perto ser notável, ao tocar minha face. Meus pensamentos desgovernados, cujo pensamentos em que ele sempre estava, foram novamente voltados para ele. Para pensar nele.
- Se aquele momento foi só um beijo para você, me diga agora. - seu tom de voz era ordenador, mas não deixei o fato de isso lhe cair tão bem, me atingir.
Jace acariciou meu rosto com os dedos grossos e esguios. Seu olhar era fixo em meus olhos, até descerem para meus lábios. Eu me senti comovida a morder o local que ele olhava e foi isso o que fiz, para a ruína do Wayland, que umedeceu os lábios, com um desejo avassalador escrito nos olhos.
- Ou agora. - falou, antes de beijar minha bochecha, muito próximo aos meus lábios.
Ah Jace, o que está fazendo comigo? O que pensa em fazer com a herdeira Fairchild? E porque diabos há este charme apenas no olhar dele, que me faz ficar tão vulnerável e apta a ele e tudo o que ele emana?
- Ou talvez agora, Clarissa. - aquele foi o fim de uma era que sequer construímos. Jace beijocou meu pescoço e um arrepio involuntário percorreu meu corpo, como se estivesse tomando um choque. Mas o único choque que eu sentia era o de estar sendo tomada pelos lábios de Wayland.
E finalmente, quando ele ousou afastar os lábios daquele local que tanto me fazia arrepiar, eu desisti de lutar. Eu desisti de tentar combater meus sentimentos. Porque o único motivo que me levava a fazê-lo, era o fato de que tinha medo do que minha mãe pensaria quando essa bagunça acabar e eu puder voltar para ela. Mas tudo o que eu vi hoje foi o suficiente para mim. A única que realmente se importava comigo e meu paradeiro era Celeste. Jocelyn se importava apenas com a maldita imprensa e o que pensavam sobre meu desaparecimento. Celeste era quem estava arriscando tudo para me encontrar, pelo que percebi hoje a noite.
Então dane-se o que a mulher que aceitava um homem levantar a mão para ela, vai pensar a respeito do que eu quero. Do que eu sinto, e do que me faz bem, mesmo se tratando de um perigo eminente.
A camisa branca social de Jace, foi agarrada por minhas pequenas mãos, puxando-o para mais perto ainda. Os lábios dele encontraram os meus e nos beijamos, loucamente. Desejo e luxúria nos fazia querer mais e mais daquela nova sensação avassaladora de se encontrar nos lábios um do outro.
Eu parecia a presa que Jace estaria satisfeito em devorar, e Jace era o sabor deliciante que eu estava pronta para provar. E estava provando.
Era isso o que eu queria. Sendo errado ou não, é isso o que me faz feliz. Eu tenho procurado a verdade há tanto tempo. Quando só o que eu preciso é me olhar no espelho e dizer em voz alta o que está nítido. Eu não quero me livrar tão fácil das garras de Wayland.
Eu gosto dessas garras que me prendem a ele e me faz conhecer a cada dia mais um lado seu que eu não fazia ideia. O perigo que emana do loiro, em um futuro próximo, pode ser a única coisa que me fará desistir de voltar para a antiga vida que eu levava.
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O Sequestro | - O Épico Amor De Wayland
RomanceJace era apenas um garotinho inocente do mundo lá fora quando teve de encarar cedo demasiado o caos de sua vida. Foi difícil em um colégio como o mais rico de Califórnia, passar despercebido, quando sua tentativa de hackear o sistema, fora descobert...