Tarde difícil e novas descobertas.

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Saí pelo portão da escola olhando ao redor para ter certeza que minhas meninas já haviam ido, e eu imaginei que sim, ao ver Jennie sozinha perto de minha moto no estacionamento da escola. Suspirei e mordi o lábio. Ela não havia esquecido essa história de fazer o trabalho.

- Você não estava mesmo brincando quando disse aquilo na sala de aula. - eu comentei quando cheguei perto da garota, que apenas assentiu levemente. Eu podia ver em seu olhar que ela não queria estar comigo e que estava segurando muito para não soltar algo rude. Soltei uma risada baixa.

- Será que podemos ir? - ela perguntou impacientemente.

- Claro, suba aí. - eu disse pegando o capacete de minha moto e a montando logo em seguida.

Ergui a sobrancelha quando a garota não saiu do lugar.

- O que foi?

- Não há chances de que eu vá subir nessa coisa. - ela disse e eu sorri. Essa garota era a mesma que havia apostado comigo na segunda?

- Certo, então vá sozinha. - eu disse tentando não soar rude, ligando a moto em seguida.

Ouvi ela bufar e pelo canto de olho, vi seu revirar de olhos, mas ela ainda se sentou atrás de mim, me segurando fortemente, Eu sorri por uns instantes.

- Segure-se forte, princesa. - disse sarcástica e ela bufou.

Tentei dirigir o mais rápido possível para que ela pudesse me agarrar mais forte e sorri ao senti-la tremer. Talvez eu seja mesmo uma babaca, mas estava gostando dessa aproximação toda, no entanto, sentia que Jennie estava odiando aquilo.

Quando enfim chegamos à minha casa, um silêncio desconfortável recaiu sobre nós duas.

- Sinta-se à vontade. - eu disse me jogando no sofá e suspirando.

- Onde estão seus pais? - ela perguntou cuidadosamente.

- Trabalho. - eu disse de olhos fechados.

- Então quer dizer que estamos aqui... sozinhas?

- Suponho que sim. - respondi abrindo os olhos. - Você quer aproveitar ou...?

Eu abri um sorriso malicioso para provocá-la. Jennie corou e me olhou com fúria nos olhos, pensei que estava pronta para soltar um de seus insultos ou gritos, mas estava errada.

- Vamos começar?

- Você está realmente levando isso à sério? - afirmei.

- E você não? - ela me olhou incrédula. - Sabia que isso pode ser a metade da nossa nota?

- Jesus, Jennie! Relaxe um pouco.

- Você é sempre assim?

Levantei a sobrancelha. Assim como?

- Assim? Assim como?

- Esqueça. - ela balançou a cabeça em frustração e eu ri sozinha.

Ao decorrer do trabalho, Jennie começou a me fazer algumas perguntas e eu à ela, achei que as coisas seriam tediantes, mas descobri que Jennie e eu tínhamos mais coisas em comum do que eu poderia imaginar. Nós duas gostávamos de dança e de desenhar, também havia descoberto que Jennie gostava do grupo PUBLIC, o que me deixava bastante surpresa.

Eu não pensava que alguém como Jennie pudesse gostar daquele tipo de música, mas eu estava errada no fim e isso apenas me deixava mais curiosa sobre Jennie Kim.

- Certo, agora qual curso você planeja cursar na faculdade?

- Eu não vou para a faculdade. - respondi abrindo os olhos em sua direção. Ela encolheu os ombros e me olhou na defensiva.

- Como assim você não vai para a faculdade? - ela perguntou. - Isso é algum tipo de suas brincadeiras, certo?

- Por quê seria? - eu levantei a sobrancelha. - Faculdade não é algo tão importante como os adultos dizem, não deixem te enganar.

Jennie abriu a boca em descrença, limpando as mãos na saia. Eu segurei a vontade que tinha de revirar os olhos para o que vinha a seguir.

- Isso é tão errado! Eu quero dizer, o quê você será no futuro se não for para uma faculdade? - tombei a cabeça para trás.

Tava demorando mesmo. Percebi que Jennie não conseguia deixar de ser chata e tediante por muito tempo. Já era algo dela, afinal. Sei que se não a parasse ali, essa conversa iria longe, mas gostaria de ver até onde ela iria. Fiquei em silêncio e dei de ombros.

- Eu falo sério, Lisa, a faculdade é importante se você quer ser alguém no futuro. - ela negou com a cabeça.

- Eu já sei quem sou, Jennie. - respirei fundo. - Vê? Sou Lalisa Manoban e, definitivamente, não preciso ir para uma universidade para definir o tamanho da minha inteligência ou algo do tipo. Eu sei da minha capacidade, mas não quero ficar presa a essa ilusão ridícula de que ir para faculdade é tudo, quando não é. Você sabe quantas pessoas que fizeram suas faculdades estão insatisfeitas nesse exato momento?

Em um movimento rápido, ela virou seu rosto para o outro lado, suspirando baixinho. Parecia que qualquer canto daquela casa era mais interessante do que me ouvir falar a porra da verdade.

- Eu só estou dizendo, nem todo mundo quer ir para uma universidade, e tudo bem cara. - eu sorri pequeno. - Há grandes possibilidades no mundo. E é extremamente frustrante ver adolescentes se matando de estudar e tudo isso para quê? Entrar em uma universidade, ter um bom emprego, ganhar muito dinheiro, ser infeliz.

- Acho que isso pode funcionar para você, mas não para mim. - ela respirou fundo me fazendo olhar cada detalhe de seu rosto. Apesar de ser chata, Jennie era realmente muito bonita.

- Você é inteligente, Jennie, deveria parar de se preocupar tanto com isso. Você tem capacidade de fazer grandes coisas, eu vejo isso, mas você se limita à coisas medíocres como ficar presa em um livro, e então acaba se esquecendo de viver. Você não vive sua adolescência e qualquer um pode ver isso. Você já é inteligente, não precisa que testes ou universidades digam isso para você. Relaxe e desacelere um pouco.

Eu não pude me conter e disse aquilo tudo, de maneira séria. Acho que era a primeira vez que eu elogiava Jennie Kim, e fiquei surpresa com aquilo. Olhei para seu rosto e ela estava pensativa, olhando para baixo. Eu estava esperando algum tipo de grito ou qualquer surto típico dela, mas ela apenas suspirou e disse;

- Você não me entende, e nunca vai entender. Seus pais parecem ser pessoas legais e eles parecem te apoiar, de alguma maneira. Você é independente e você é sociável com as pessoas, eu quero dizer, todo mundo quer ser seu amigo ou apenas ficar perto de você. Mas eu não. Meus pais mal me deixam respirar! Eu tenho que ser perfeita para eles 24 horas por dia e ainda assim, não estou no nível que eles querem. Eles não me encorajam a fazer o que gosto e quero, tenho que seguir seus passos. Eu vivo com a cara enfiada nos livros e esqueço de viver minha adolescência porquê sou obrigada á isso, não porquê realmente quero.

Depois de alguns segundos em silêncio, finalmente levantei meus olhos para Jennie que remexia os dedos de suas mãos. Eu não sabia o que dizer, não realmente. Fiquei tensa quando ela levantou rapidamente e juntou suas coisas. Eu ainda a olhava desconcertada, sem saber o que dizer.

Olhei para seu rosto, pude ver que ele estava vermelho, ela estava com vergonha de ter desabafado comigo. E eu, confusa.

- Eu tenho que ir

Sei que deveria falar alguma coisa ou pedir para que ela ficasse, mas quando reagi, Jennie já estava do outro lado da porta e eu suspirei. Por essa eu não esperava. Descansei a cabeça no sofá e suspirei. O que foi isso?

Eu não sabia o porquê de Jennie ter se aberto comigo daquela maneira, mas eu acho que estava começando a mudar a ideia de menina mimada que tinha dela. Bom, quase.

pra quem pediu capítulo novo, está ai! espero que gostem 💛

Caos, Farpas e Afins (Jenlisa Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora