Kai, caixinha de suco e as tatuagens de Lisa.

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Batuquei os dedos na perna observando a mulher de cabelos escuros me encarar com um sorriso no rosto.

- Quer falar sobre como se sente hoje, Lalisa?

- Estou bem. - respondi. - Será que já posso ir embora?

Lee Chae-rin, minha psicóloga, balançou a cabeça como se eu não tivesse falado nada. Quando meu pai chegou em casa naquela mesma noite, ele decidiu que eu deveria voltar a ver a senhorita Lee, acho que ele tinha medo que eu tivesse uma recaída ou algo do tipo.

Levantei meu olhar para a mulher que negava levemente com a cabeça enquanto sorria. Ela esticou uma mão na mesa e pegou sua caneca do qual eu presumi ser café.

- Ainda temos alguns minutos de consulta, não acho que seja válido desperdiçar um segundo sequer. - ela disse colocando a caneca de volta na mesa. - Seu pai me contou o quê aconteceu, que sua mãe está de volta.

- Ela não é a minha mãe!

Chae-rin levantou uma sobrancelha e assentiu em concordância. Senti que ela queria dizer alguma coisa, mas ao invés disso, ela pegou alguns papéis e me estendeu.

- Pegue.

- O quê é isso? - perguntei desconfiada.

- Alguns desenhos para que você possa colorir enquanto estamos conversando. - ela limpou a garganta e eu revirei os olhos.

- Não sou mais criança! - respondi jogando os desenhos de volta para sua mesa.

- Não disse que você era uma. - ela me deu um sorriso sincero. - Mesmo depois de tanto tempo, vejo que você não aprendeu a confiar em mim e nem mesmo tem vontade de compartilhar o que está sentindo agora, estou certo?

Passei a mão na bochecha e me segurei para não revirar os olhos.

- Eu só quero ir pra escola.

- Escola, é? - ela riu e eu sacudi a cabeça. - Que eu me lembre, você não era muito fã da escola, apesar de sempre manter suas notas impecáveis.

- As coisas mudaram agora. Além disso, não sou mais uma criança, já disse.

Ela balançou a cabeça e começou um monólogo sobre alguma coisa que eu ao menos me importei em prestar atenção, eu só conseguia pensar em Jennie e como deveria me comportar com ela na escola.

Eu deveria fingir que nada aconteceu, e, consequentemente, agir como se eu a odiasse? Ela seria a Jennie que eu conheço ou apenas assumiria a postura de uma Jennie totalmente diferente quando estávamos na escola?

Eu simplesmente não sabia. E não saber estava acabando comigo.

- Lalisa, você está me ouvindo? - perguntou a senhorita Chae-rin.

- Ahm, claro, estou sim. - tentei passar algum tipo de confiança em meu olhar, mas não consegui porque logo em seguida ela estava rindo em negação. Bufei.

- No quê está pensando? - ela cruzou as mãos em cima da mesa e me olhou atentamente. - Ou melhor, em quem está pensando?

Fitei seus olhos curiosos e ponderei por alguns segundos. Já era constrangedor o bastante admitir para mim mesma que uma garota estava tomando conta dos meus pensamentos mais do que deveria. Então, dividir aquilo com a senhorita Chae-rin, era, com toda certeza, um não.

- Seria sua mãe?

- Eu já disse para não chamar aquela mulher de minha mãe! - rosnei, realmente sentindo raiva naquele momento. Quando percebi que ela estava me lançando um olhar de desculpas, limpei a garganta e mudei meu tom. - Não estava pensando nela, se é isso que quer saber.

Caos, Farpas e Afins (Jenlisa Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora