Esse capitulo fala bastante sobre cortes e tentativa de suicidio, então se você for sensível a isso por favor não leia... mas se quiser ler assim mesmo tudo bem também isso fica no critério de vocês. De qualquer forma apenas saibam que vocês não estão sozinhos. 💛
[...]
Eu tinha cinco anos quando ela foi embora. Eu queria poder dizer que estava tudo bem porque eu não lembrava daquilo, mas acontece que eu lembrava. Mesmo com a pouca idade, eu ainda conseguia me lembrar das lágrimas de papai saindo como se fossem rios enquanto mamãe saía pela porta sem se importar. Eu também me lembro de descer as escadas correndo, implorando para que ela não fosse, mas tudo o quê ela fez foi me soltar de suas pernas e dizer:
"Você não quer ver a mamãe feliz? A mamãe precisa ir agora, querida."
Meu eu de cinco anos não sabia o quê aquilo significava na época, mas eu sabia que queria ver minha mãe feliz. Eu só não entendia o porquê de não ser a felicidade dela. Eu passei minha infância inteira me questionando o porquê de não ter sido o suficiente para ela ficar. Aos oito anos, meus pesadelos eram constantes, então papai teve que ir atrás de um psicólogo infantil. Eu não sabia o quê estava acontecendo, tão pouco sabia o porquê de ter que ir naquele lugar, conversar com aquela mulher desconhecida todos os dias.
Eu sentia falta da minha mãe a cada minuto, mas eu não deixava papai saber disso. Eu o pegava chorando todas as noites em seu quarto e aquilo me assustava demais, porquê caramba, meu pai nunca chorava, mas aquilo havia se tornado constante desde que minha mãe havia resolvido nos abandonar. Eu a esperei. Sim, eu esperava todos dias por uma ligação ou até mesmo um cartão de aniversário. Mas aquilo nunca aconteceu.
Eu cansei de esperar quando fiz dez anos. Foi então que papai conheceu Savannah. As coisas mudaram pra caramba quando ela entrou em nossas vidas. Eu fui muito reclusa com a entrada de Savannah em nossa casa e em nossa vida pelo simples fato de que eu não queria alguém para tomar o lugar de minha mãe, mas ela nunca quis isso. Savannah se aproximou de mim como uma amiga e ganhou minha confiança aos poucos. As coisas pareciam estar indo realmente bem para mim e meu pai, não iria mentir dizendo que não lembrava de minha mãe, mas não era algo constante mais. Quando nos mudamos para Coreia, papai passou a ocupar seu tempo com o trabalho, fazendo com que eu me aproximasse mais de Savannah. Ela nunca pediu para que eu a chamasse de mãe ou algo do tipo, embora eu sentisse que ela esperava por isso. Mas eu simplesmente não conseguia.
Fiquei sem ter notícia da mulher que eu chamava de mãe por um largo tempo, e foi quando completei treze anos que tudo aconteceu. Visitamos minha avó por parte de pai em Taiwan e foi andando pela cidade que eu a encontrei. Eu não sabia como conseguia lembrar dela mesmo depois de tanto tempo, mas eu lembrava e ela parecia feliz. Descobri que ela havia feito sua vida novamente e agora tinha um marido e filhos. Eu senti raiva, mas pior do que raiva, eu me senti insuficiente. Eu nunca contei para Savannah ou meu pai que havia a visto aquele dia. Ao invés disso eu descontei toda raiva e tristeza em mim mesma. Aquela foi a primeira vez que me cortei.
Eu escondi bem de papai e Savannah, mas Rosé conseguia perceber que algo estava errado comigo. Comecei a tomar rémedios sem saber para que serviam e a sair de casa escondido todas as noites. Eu não conseguia dormir, então me enchia de remédio para pelo menos conseguir não pensar muito. Com quinze eu fui parar no hospital devido ao uso indevido de rémedios. Lá eles perceberam os cortes em meu braço, avisando papai logo em seguida. Eu lembro que ele e Savannah ficaram desesperados com aquilo. Rosé, quando descobriu, chorou tanto ou mais que meu pai, mas eu não conseguia me sentir culpada com aquilo. Eu não sentia nada.
Novamente papai me mandou para um psicólogo, mas eu simplesmente não conseguia me abrir. Eu continuei a me cortar, mas dessa vez eu o fazia em lugares onde ninguém pudesse ver. Savannah foi a primeira a notar que eu não havia parado coisa nenhuma. Ela me ajudou pra caramba e hoje, se estou viva, é graças á ela. Eu lembro exato do dia em que ela viu as cicatrizes recentes. Sua expressão parecia tão decepcionada e sofrida que, pela primeira vez, eu senti algo.
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Caos, Farpas e Afins (Jenlisa Version)
FanfictionLalisa Manoban e Jennie Kim se odiavam. Simples e claro. Jennie odiava o fato de Lalisa desfilar pelos corredores da escola com suas tatuagens à mostra, sorrindo maliciosamente como se fosse dona do mundo. Enquanto Lalisa odiava o fato de Jennie se...