Apenas vá embora.

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Acordei com a cabeça explodindo no dia seguinte.

Mas não pensei que seria diferente, considerando a quantidade de álcool que ingeri noite passada. Olhei meu celular e havia várias mensagens das meninas. Jisoo preocupada, Miyeon perguntando onde eu estava, vários áudios de Minnie e por último, Rosé surtando para saber quem havia me levado para a casa e o porquê de eu ter aparecido na festa. Espere, se não foi nenhuma delas que cuidou de mim, então quem foi?

Gemi quando pequenos flashbacks da noite passada passavam por minha mente. Jennie havia me trazido de volta, Jennie estava cuidando de mim e que droga, ela havia visto meu pulso de perto e consequentemente, minhas cicatrizes também. Senti o choro se formar na minha garganta ao lembrar que Jennie, a garota que me odiava, havia me visto em meu momento mais frágil.

Suspirei colocando os pés no chão, a merda já estava feita, não adiantaria ficar me lamentando.

Estava passando pelo corredor quando notei que a porta do quarto de hóspedes estava entre aberta. Cheguei mais perto para ter uma olhadinha, e notei os cabelos castanhos de Jennie se movimentando enquanto ela tentava arrumar a cama rapidamente. Por quê ela estava aqui?

Ah não, será que... Que merda!

- Jennie. - a chamei. - O quê você está fazendo aqui?

Ela se virou rapidamente, com o rosto inteiro vermelho, tossindo várias vezes. Encolhi os ombros.

- A gente...?

Ela me olhou em confusão, com as sobrancelhas juntas e logo em seguida pareceu entender a pergunta, ficando mais vermelha ainda.

- O quê?! Não! Nós não fizemos nada. - ela disse rapidamente e eu respirei aliviada. - Eu sou hétero, Lalisa!

Revirei os olhos. É claro que ela era.

- Então por quê você está aqui? - perguntei calmamente.

- Você bebeu além da conta ontem. - ela pareceu pensar por uns minutos. - Corrigindo, te deram bebida além da conta ontem.

- Que merda?

- Um cara estava contigo quando eu te encontrei. - ela explicou. - Você não parecia estar apenas bêbada... Você sabe.

A respiração parecia me faltar naquele momento. Eu havia me drogado?!

- Eu... eu... minha madrasta ou meu pai nos viu chegando? - perguntei desesperada. Eu não sabia o que havia acontecido noite passada, eu só lembrava da parte em que Jennie havia visto minhas cicatrizes por acidente. E logo em seguida vomitar em seu sapato. Fechei os olhos.

- Apenas sua madrasta. - ela disse com calma. - Mas não se preocupe, ela não pareceu perceber que você estava drogada. Na verdade, eu achei que... bem, que ela já estivesse acostumada com esse tipo de coisa... Você chegando assim em casa.

Que merda ela estava falando?

Olhei brava em sua direção. Ela não tinha o direito de me desrespeitar em minha própria casa, nem mesmo por ter cuidado de mim. Eu nunca havia usado drogas, em toda minha vida. Bem, até ontem.

- O que você quer dizer com isso? - perguntei tentando não levantar a voz. - Eu não uso esse tipo de coisa, eu apenas bebo bebida alcoólica como todo adolescente faz.

- Então... quer dizer que os boatos da escola são falsos? - ela perguntou.

Me sentei na cama, ainda tentando absorver o fato de que eu havia sido drogada e provavelmente, quase estuprada em uma festa. Fechei os olhos tentando lembrar de alguma coisa, mas nada veio.

- Quais? - perguntei passando a mão pelo rosto. - O que sou uma vadia que sai dando para todo e qualquer cara que respira perto de mim? Ou que todo dia estou fodendo com uma garota diferente no banheiro? Ou então, que sou a porra de uma drogada apenas por conta das minhas roupas e tatuagens?

- Todos os três. - ela respondeu baixinho e eu balancei a cabeça rindo sem humor. E é claro que ela acreditava naquilo.

- Eu nunca fiquei com nenhum cara da escola pelo simples fato de que eu sou lésbica. Woojin, o idiota do time de futebol, inventou esse boato idiota depois de ter sido rejeitado por mim e desde então, ele e seus amigos sem cérebro não pararam. Sobre o boato do banheiro, beijei Yeri uma vez no banheiro da escola, uma vez, e isso foi o suficiente para que começassem inventar coisas sobre mim.

Não precisei olhar para seu rosto para ter certeza que ela estava em choque. Eu não era nenhuma idiota, sabia as coisas que as pessoas falavam de mim pelas costas, mas nunca me importei em desmentir pelo simples fato de, eu não poderia dar a mínima para as opiniões alheias.

- E-eu não imaginava.

- É claro que não, porquê você nunca deu oportunidade pra' me conhecer de verdade, e ao invés disso, resolveu tirar suas próprias conclusões e fazer seu próprio julgamento errôneo sobre mim, baseando-se nas minhas roupas e tatuagens, assim como todas as outras pessoas. - eu disse sentindo raiva.

- Lalisa, eu sinto muito. - ela
disse arrependida e eu senti vontade de gritar. Eu estava pouco me importando com aquela merda de aposta naquele momento.

- Por favor, vá embora da minha casa. - eu pedi sem olhar para o seu rosto.

- Lalisa...

- Apenas vá!

Ela não disse nada, mas escutei a porta se fechar atrás de mim, anunciando sua saída. E então pude respirar de verdade.

Eu já sabia que Jennie pensava aquelas coisas de mim, mas ouvi-la dizer em voz alta me fez ficar frustrada de verdade. Então, pela primeira vez, eu percebi que, eu não me importava com o quê as pessoas pensavam de mim.

Mas eu me importava com o quê Jennie pensava.

como prometido, hoje tem capítulo novo!

Caos, Farpas e Afins (Jenlisa Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora