Como Conquistar um Camboy | Zhuilingyi

[Interlúdio | Lan Jingyi]

achei que seria interessante trazer o ponto de vista do jingyi pra essa história, então, aqui está o cap dessa semana :)

espero que vocês gostem (até quem tá com ódio dele)

boa leitura!!

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Lan Jingyi amou Wei Yuan desde o primeiro dia.

Certo, talvez não exatamente desde o primeiro dia, porque no dia em que se conheceram, Wei Yuan ainda era Wen Yuan, uma criança de sete anos quieta e introspectiva, que preocupava ao extremo os cuidadores do orfanato por conta de seu comportamento arisco, resultado dos profundos traumas que carregava.

Jingyi conseguia se lembrar de tudo nos mínimos detalhes, tinha ido ao orfanato junto com Lan Xichen pela primeira vez, porque os Lan estavam avaliando o lugar para decidirem se realmente valia a pena incluí-lo nos projetos de Lan Wangji. Ele tinha recebido permissão para andar e brincar com as outras crianças enquanto seu tio, que na verdade era mais como um pai, cuidava das coisas chatas de adulto.

"Entediado, Lan Jingyi andava chutando pedrinhas pelo chão do grande pátio do orfanato. Tinha passado a última hora brincando de pique esconde com as outras crianças, mas, por causa do horário, a maioria delas precisou voltar para dentro e fazer o dever de casa.

Dividido entre ir atrás de seu tio Xichen para implorar por companhia ou agir como um menino crescido e esperar pacientemente, Jingyi teve sua linha de pensamentos cortada ao escutar um barulho.

Franzindo o cenho, o curioso garoto de sete anos (e meio) foi atrás da fonte do som, desbravando seu caminho pelas árvores da parte onde o pátio se conectava com o jardim. Já com seus tênis branquinhos levemente sujos ao andar sobre a terra, ele precisou procurar bem pouco até encontrar o que buscava.

Uma criança, que ele não sabia dizer exatamente se era um garoto ou uma garota, devido aos cabelos na altura nos ombros e o rosto delicado, caída de bunda no chão, enquanto segurava algo protetivamente com as duas na mão, bem perto do peito. Lan Jingyi arqueou uma sobrancelha, e fez o que sabia fazer de melhor: — Você não deveria estar na biblioteca com os outros?

Imediatamente, um enorme par de olhos cinzas se voltou para ele, sérios e analíticos, como se chegassem no fundo de sua alma. Sem perceber, Jingyi engoliu seco, porque nunca tinha visto ninguém da sua idade que carregasse um olhar como aquele.

Contudo, seu companheiro sem gênero definido não respondeu nada, ignorando-o solenemente ao baixar o olhar novamente para a coisa que segurava em mãos. Não se deixando abalar, Lan Jingyi se aproximou e tentou enxergar o que era essa coisa tão preciosa, apenas para receber um olhar alarmado que o dizia para ficar exatamente onde estava.

Erguendo as mãos em rendição, ele atendeu ao pedido, parando para reparar no resto da figura esquisita da criança. Joelhos sujos, pés descalços e um macacão velho repleto de rasgos, aquela menina (porque ele tinha acabado de chegar naquela conclusão) estava em condições ruins até para uma criança de orfanato. — Você não toma banho não? É feio pra meninas que nem você ficarem sujas desse jeito.

O comentário fez com que a atenção da menina voltasse para ele, as sobrancelhas escuras se franzindo e olhos cinzas exalando confusão. Entretanto, outra vez, o olhar silencioso foi a única gota de atenção que Lan Jingyi recebeu, porque a garota se colocou de pé e andou até a árvore mais próxima, colocando a coisa que segurava no bolso central de seu macacão antes de esticar as mãos e tentar escalá-la.