Conversa comigo, Rafa?

735 76 36
                                    




POV RAFA

O silêncio do meu apartamento reinava, o único barulho era o som dos meus saltos batendo no piso de madeira. Eu não estava conseguindo controlar o que eu sentia, eu me sabotei de todos os jeitos e não tenho mais o que fazer. Me joguei no sofá, permitindo que minhas lágrimas saíssem livremente.

Não devia ter deixado as coisas com Gizelly chegar a esse ponto, acho que nos envolvemos demais e eu não ia conseguir dar a ela o que ela quer. Gizelly é alguém que quer romance, namorar, casar e eu não quero isso, nunca quis. Ela vai ser feliz sem mim e eu vou sobreviver. Limpei os olhos, levantei do sofá e segui para o chuveiro, um banho demorado era o que eu precisava, talvez assim esse sentimento seria de mim.

Gizelly conseguiu o improvável, entrou no meu coração, como eu disse a ela, ela me causava palpitações, mas meu medo sempre fala mais alto, passei a minha vida toda acreditando que sou bem melhor sozinha e quando alguém chegou querendo desmentir isso, eu não acreditei.

{...}

Os dias se arrastavam entre uma semana e outra, era muito estranho não ter Gizelly todos os dias. Eu já havia me acostumado com a ideia de nos vermos todos os dias, mas agora nem ao menos na tela do meu telefone, pois ela sumiu, não sabia absolutamente nada sobre ela, nem mesmo nos dias em que passei em frente ao bar das amigas dela durante alguns dias. Suspirei me conformando com a ideia de que agora, não tem mais volta.

"-Eu te amo, Rafaella. – Aquela frase martelava na minha mente, ainda conseguia sentir os arrepios quando a voz rouca dela invadiu meus ouvidos. Ela não tinha esse direito, Gizelly não podia ter me dito isso, não era justo. Engoli o choro preso na garganta e voltei ao trabalho.

-Hey Rafa, tudo bem? – Acabei esbarrando com o Bruno no corredor.

-Oi Bruninho. – Ele beijou meus cabelos. – Estou bem e você?

-Esperando pelo dia que você vai parar de me enrolar. – Ele sorriu divertido. – Qual é, Rafa? Você me deve um encontro pelo dia que você fugiu.

-Preciso ver um dia livre. – Tentei desconversar. – Você sabe como esse hospital tá uma loucura.

-Você precisa se distrair, eu tô vendo como você anda emendando plantão atrás de plantão. – Ele segurava meus ombros e eu me lembrei da "distração" que eu tinha com Gizelly. – Prometo que não vou ser chato, mas me deixa te levar pra jantar?

-Tá! – Acabei concordando, afinal eu precisava tirar ela da minha cabeça de alguma forma. – Sábado você passa na minha casa.

-Estarei lá às oito. – Ele disse empolgado. – Agora eu preciso ir, tenho alguns pacientes esperando por atendimento na pediatria.

Nos despedimos e eu segui para os meus atendimentos, teria mais doze horas pela frente e depois iria para casa descansar um pouco. Minha mãe chegaria na minha casa hoje à noite, segundo ela eu ando muito sozinha e ela quer vir ver o namorado. Mesmo dando um tempo, os dois estão tentando se acertar.

Às sete da noite encerrei meu plantão, peguei minhas coisas e esperei Manu que também iria encerrar o dela. Decidi descer pra esperar ela no saguão, pois ela me disse que ainda iria assinar algumas altas e enquanto estava distraída, ouvi uma voz conhecida.

-Rafa Kalimann? – Me virei encontrando Bianca Andrade com um bebê no colo. – Meu deus, que mundo pequeno.

-Bia, que surpresa! – Me aproximei a cumprimentando com dois beijinhos no rosto. – Nossa, quanto tempo.

-Pois é, não te vejo desde a faculdade. – o bebê brincava com um ursinho de pelúcia. – Esse aqui é o Cris, meu gudugo.

-Que coisinha mais fofa. – Brinquei com o pequeno que sorriu pra mim. – Mas o que te traz aqui? Aconteceu alguma coisa?

Love me herder  (g!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora