Eu preciso desligar

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POV RAFA

Dirigia tranquilamente pela interestadual que ligava o Rio a Minas Gerais. Minha mãe estava ao meu lado no banco da frente e o namorado dela no banco de trás cochilando. No rádio tocava um sertanejo baixinho me fazendo viajar em uma pessoa específica. Não sei explicar a falta que Gizelly anda me fazendo, eu penso nela em todos os momentos da minha vida, sua risada frouxa, sei jeito de se preocupar comigo, e estava difícil de lidar com isso.

-Eu sinto falta do seu pai, mas o Gideon me deu um novo sentido pra viver. – Minha mãe quebrou o silêncio me encarando. – Eu achava que nunca mais seria amada novamente, mas ele fez com que eu me enxergar de novo, me fez ver que eu mereço alguém que esteja ali por mim, mesmo quando ninguém mais esteja.

-Fico feliz por você, mãe. – Respondi sorrindo com a declaração.

-O Gideon me faz perceber que eu mereço o amor, ele me trata como eu mereço ser tratada. – Ela continuou e eu prestando atenção nela e na estrada. – E o que eu mais quero na vida é que você encontre alguém que te trate assim.

-Mãe... – Tentei interromper, mas ela não deixou.

-Filha, primeiramente eu tenho que te pedir desculpas, eu tenho uma parcela de culpa nessa casca grossa que você criou.  – Ela dizia e eu ouvia suas palavras com atenção. – Eu sempre tive medo que você se machucasse, não deixei você se permitir, não deixei você se decepcionar, mas a vida é assim, Rafa. A gente se apaixona, sofre, chora, se apaixona de novo até encontrar o amor.

Respirei fundo me dando conta que em tudo que minha mãe me dizia, eu só conseguia pensar em Gizelly. Eu me apaixonei por ela, talvez eu seja apaixonada desde da época da escola, mas nunca me permiti aflorar esse sentimento, nunca dei espaço para isso.

-Quando seu pai pediu o divórcio, eu achei que nunca fosse capaz de amar alguém de novo, mas aí o Gideon apareceu na minha vida me provando o contrário, e é isso que eu quero que você viva, que você se apaixone, que você se machuque, e que você entenda que o amor é pra ser vivido. – Ela tocou minha coxa e eu assenti com a cabeça. – Se permita, meu amor!

-Tá. – Foi a única coisa que eu consegui dizer.

{...}

Chegamos ao sítio e toda nossa família está ali reunida para celebrar o casamento da minha prima. Todos os nossos primos acompanhados com seus respectivos pares, as únicas pessoas que estavam sem acompanhantes, eram eu e as crianças. Sorri com meus pensamentos e fui cumprimentar meus familiares. Tive que responder algumas perguntas chatas do tipo:"e os namoradinhos?" "Tá solteira ainda, Rafa?" "Quando vai dar netinhos pra sua mãe?" Desviei de todas as elas e fui procurar minha prima que deveria estar bastante ansiosa pelo grande dia depois de amanhã.

-Oie. – Bati antes de entrar no quarto dela.

-Rafa, que bom que você chegou. – Marcella veio correndo e me abraçou apertado. – Eu estou um poço de ansiedade.

-Vai dar tudo certo, respire. – Segurei seus ombros. – Tá tudo lindo.

-E como você está? – Ela perguntou preocupada. – Tô te achando tristinha.

-Não é nada. – Dei meio sorriso. –Hoje é o seu dia, vamos pensar apenas em você.

Ela assentiu e fomos ajustar alguns detalhes para o jantar de ensaio que aconteceria hoje a noite. Era muito gostoso estar com toda a minha família reunida, mas parece que me faltava algo, eu não sabia bem explicar, mas sentia sozinha, mesmo rodeada de pessoas. Estava organizando as flores, mas meu pensamento vagava longe, pensava em como Gizelly devia estar feliz com o episódio dela indo ao ar. Sorri ao pensar na sua empolgação, ela deveria estar um furacão de emoções. Continuei preparando os arranjos de orquídeas, precisava de algo para ocupar minha mente, só assim eu não pensaria em Gizelly. Estava concentrada quando senti a Marcella me cutucando.

Love me herder  (g!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora