CAPÍTULO UM: Rotina

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MINATOZAKI SANA

— Querida, sabe como seu pai é complicado. — Mamãe disse recolhendo os pratos da mesa, tentando me passar um pouco de tranquilidade ao menos.

Afaguei meus próprios cabelos ondulados numa tentativa de não perder o controle na frente da mulher a qual eu deveria me mostrar firme.

—Já disse que não quero que chame ele de pai, aquele monstro só possuí laços biológicos comigo, nada mais. —Bufei me levantando e buscando pelos talheres que a pequena Somi havia jogado no chão em um descuido normal de uma criança de 4 anos.

—Sana, seja menos durona. —Me repreendeu sem levantar o tom de voz, sabia que aquela conversa não levaria a lugar algum. —Você com 17 anos não acha que tem problemas demais para se preocupar? Odiar seu "pai" —Usou seus dedos como aspas. — Não irá te beneficiar em nada.

Peguei a garotinha em meu colo e acariciei seus cabelos morenos, ela tinha a mesma feição e sorriso de meu irmão mais velho, era como uma lembrança do garoto para mim e minha família.

—Sinto falta de você, Hyun. —Murmurei em quanto subia com a garota para o andar de cima, para banha-lá, já que estava na hora da criança deitar.

Somi já murmurava coisas sem nexo algum quando a despi, sorri com seu estado avoado, manchas de canetinha em todos os dedos, maquiagem infantil em suas pálpebras e alguns arranhões de grama em suas perninhas. Ela havia passado o dia na casa da vizinha e possivelmente aquilo era um forte sinal de cansaço extremo.

Ensaboei seus cabelos e observei seus olhinhos se fechando e abrindo rapidamente ao se lembrar que não estava deitada em sua caminha ainda. Era uma cena adorável de se ver, coisas como essas eram o que me mantinham com o coração aquecido e saudável, sem o ódio imponente que sentia pelo destino.

—Tia Sana, eu não quero ter pesadelos hoje. —Murmurou com a voz baixinha quando a retirei do banho e coloquei suas vestimentas confortáveis.

Ela usava agora um macacão peludo de urso marrom, sequei seus fios finos com a toalha e passei creme em sua pele ressecada.

—Você não irá, confia em mim pequena? Você acha que algum monstro irá te atacar se estiver com a Gigi te protegendo? —Peguei a girafa de pelúcia e entreguei a garota, vendo o sorriso que abrira em seu pequeno rostinho sonolento.

—É mesmo! A Gigi vai sempre me proteger! —Se ajeitou na cama rebaixada no quarto ao lado ao meu, mamãe tinha tomado todo o cuidado do mundo ao reformar esse quarto para Somi.

Digamos que a pequena garotinha tinha uma vida de princesa mesmo não sendo da realeza e nem chegando próximo a isso, mas eu e Jihyo fazíamos ao máximo para completar qualquer vazio que aquela garotinha pudesse vir a sentir em algum momento de seu crescimento.

—Você quer que eu te conte uma história, meu amor? —Perguntei colocando os cabelos atrás da orelha, sorrindo para a menininha que agora deitava agarrada em sua girafinha.

—Gigi já está me contando como foi o dia dela! Mas obrigada mesmo assim, Titia. —Beijei o topo de sua cabeça e liguei o abajur colocando em luz baixa.

Ajeitei as cobertas para que a menina se sentisse confortável e apaguei a luz do quarto, indo em direção à porta do quarto.

—Boa noite, minha princesa. —Sussurrei o mais baixo que pude ao notar que a pequena garotinhas havia dormido em questão de segundos.

Me encostei na parede ao lado da porta ao sentir a casa se tornar silenciosa e triste, sempre acontecia quando a alegria da casa tirava seu tempinho para descansar.

rumor | satzuOnde histórias criam vida. Descubra agora