CAPÍTULO QUATORZE: Relações

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CHOU TZUYU

Foram meses de sossego e paz, demorou realmente para eu compreender que eu me dava bem sozinha com a minha avó em casa. Mesmo com todos os problemas que a minha senhora tinha, eu sabia cuidar muito bem dela e dar todo o apoio possível, e eu também me apoiava muito nela. Éramos fortes juntas.

Minha mãe possuía uma segunda família, e não, eu não gostava disso. Ela se mudar para Londres logo após a morte do meu avô disse muito do que eu não sabia sobre a mulher. O meu pai nunca foi um homem presente, as vezes dava o ar da graça em me mandar mensagem para saber se eu estava viva, mas ele nunca forçou uma relação de pai e filha por que o próprio sabe que seria uma relação falsa por ambas as partes.

Minha mãe havia conhecido esse homem a uns meses, o meu padrasto, tão querido padrasto. Ela conheceu ele em um dos eventos que organizou, já que é a área em que trabalha até hoje: "organização de eventos".

Eu sempre amei muito a minha mãe, até o fatídico dia em que, aos meus treze anos, ela me comunicou que moraria em Londres e que eu iria com ela apenas quando concluísse o ensino médio. Eu poderia realizar ensino superior em Londres, e isso me animou, até saber da existência da segunda família paralela dela.

Na época, minha avó ainda não estava doente, então o cuidado materno que recebi nos últimos anos foi totalmente derivado de minha vózinha.

Foi crueldade do meu ponto de vista, essa mulher abandonou a mãe após a morte de seu marido, deixando sua filha sob os cuidados de uma senhora totalmente desamparada pelo luto. Obviamente ela enviava dinheiro e sempre tentava manter a comunicação entre nós, mas a falta de sua presença física era o que mais importava.

Sua personalidade forte e determinada fazia com que fosse difícil obter qualquer tipo de flexibilidade em relação a qualquer assunto. Principalmente quando se tratava do patrimônio de minha avó, o colégio.

Obviamente aquele colégio iria completamente para as mãos de minha mãe daqui a pouco, e isso me entristecia, pois sabia que quando isso acontecesse, era por que vovó já não estaria mais entre nós.

Aquele colégio era o orgulho maior de minha avó, no começo do ano, ao descobrirmos a sua doença, minha avó fez questão de já colocá-lo no nome de minha mãe. Isso por que sabia que quando tudo estivesse mais sério, seria difícil para ela deixá-lo ir. O patrimônio portanto, já era de minha mãe.

E eu sabia que quando minha avó se fosse, ela o venderia.

Ah isso me deixava maluca, compreendo que meu sonho de carreira é cursar música e me tornar uma grande artista, porém havia uma grande chance de eu cursar administração ou pedagogia apenas para seguir com o legado da mulher que eu tanto amo.

Todos acreditavam na segunda opção, e eu estava totalmente dividida.

—Ok, sua mãe está vindo... e o que eu devo fazer com tal informação? Devo limpar o chão pra deixar ele brilhando? Mandar os estudantes serem o mais educados e carismáticos possível? Devo contar o dinheiro pra sabermos a quantia exata da arrecadação pra falar pra ela? —Sana parecia tensa e eu soltei um riso.

—Relaxa, eu só queria um abraço seu. Ela não vai fazer nada demais, só vai vir para ser conveniente. —Ela relaxou os ombros e abriu os braços, me encarando com os olhinhos mais convidativos a um abraço possível.

rumor | satzuOnde histórias criam vida. Descubra agora