rumor | satzu

CAPÍTULO SEIS: Muralha de ferro

MINATOZAKI SANA

Escuto o sinal do intervalo e finalizo meu raciocínio em quanto conversava sobre Deuses gregos com Mina e Chaeyoung, vendo que Tzuyu já arrumava seu material. A garota se levantou, ajeitou os livros e prancheta em suas mãos e se retirou da sala.

—Irei falar com a Tzuyu, depois encontro vocês. —Elas saem de mãos dadas em direção ao pátio principal.

Abro a mala e pego meu lanche dali de dentro, era um pacote de cookies de chocolate, Somi vai ficar chateada comigo quando notar que hoje recebeu uma maçã sem cortar ao invés de seu doce favorito.

Sigo pelos corredores e logo chego à frente da porta que dizia "Conselho Estudantil". Respiro antes de dar três toques na porta e colocar a cabeça para dentro da fresta da porta aberta.

—Posso entrar? — Questiono em um tom audível o suficiente. Ao ouvir um "Claro" ecoando pelo lugar, adentro a sala e fecho a porta atrás de mim, encostando minhas costas na mesma. 

Nunca havia entrado naquele ambiente. Havia uma mesa enorme onde Tzuyu estava sentada com muitos papéis, outras mesas menores formavam um círculo, e como imaginava, a mesa de Tzuyu era o centro.

—Olá, Sana. —Disse sem retirar os olhos da mesa. —Desculpe, estou cuidado da papelada dos alunos novos.

Tzuyu sempre teve um jeito determinado em sua fala e até mesmo na sua forma de agir com os outros. Ela possuía algum tipo de muralha de ferro ao seu redor, e assim como muitas pessoas desse lugar eu tinha vontade de passar por ela e conhecer a verdadeira Chou.

O problema, era que ninguém sabia se existia uma "verdadeira Chou Tzuyu" por que ela sempre foi assim, sempre foi tão natural para todos nós dessa escola ver a Tzuyu dessa forma.

—Desculpe estar atrapalhando. —Entro na sala e me sento em uma das cadeiras um pouco mais próximas a ela.

—Não se preocupe, você não está.—Suspirou e balançou as mãos, finalmente me encarando depois desse gesto. —Eu quem chamei você para conversarmos, só preciso terminar isso, um minuto. —Vejo seu peito se encher de ar e ela logo grampear um bolo de papéis e colocá-los numa pasta. Pega a mesma e se levanta, colocando as em uma prateleira de arquivos.

Quando vejo seu corpo se esticar para colocá-la no topo, noto seu terno subir e eu ter uma pequena visão de suas costas.

Ela possuía um físico incrível.

Me recomponho e volto minha cabeça para o real motivo de estar ali, seguro o crachá em minhas mãos o olhando com insegurança.

—Ontem olhei sua ficha escolar e você tem notas impecáveis, Sana. —Se sentou em cima de sua mesa. —Acho que não será um problema para você.

—Espero que você possa me dar algumas dicas, já que tem mais experiência. —Eu digo e ela assente abaixando a cabeça e soltando um riso.

—É sua primeira vez realizando algo do tipo, creio eu. Não tem muito a se fazer na verdade, mas as pessoas dessa escola precisam de alguém para comandar, assuma, se não vira uma bagunça cheia de desrespeito e mentiras. —Murmura a última frase e logo olha em meus olhos. —Com certeza irei te ajudar. O evento tem que funcionar.

Quando sinto seu olhar sobre o meu, um choque é transmitido entre os dois, e naquele momento algo em mim fez eu cancelar todos os questionamentos que eu poderia ter sobre não ter uma Tzuyu ali por trás. Definitivamente tinha.

—Me passe seu telefone, preciso saber do seu projeto ao decorrer do planejamento, ter uma maneira de me comunicar com você no dia e te enviar os feedbacks pra colocar no seu histórico escolar. —Ela diz e eu dito em voz alta, a garota o anota em um papel e sai da mesa, parando na batente da janela, que dava para o pátio principal.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, longos segundos, que viraram um minuto, dois. E eu presumo que ela gostaria de falar algo a mais, se não, nesse desconforto que estávamos eu já teria levantado para ir embora.

—Há algo errado, Tzuyu? — Tomo coragem e pergunto.

—Não, não é nada. — Se virou pra mim com seu rosto sério e ao notar minhas sobrancelhas se arqueando soltou aquele sorrisinho ladino. — De qualquer maneira, eu confio em você, fiquei deveras aliviada que pessoas despreocupadas não foram sorteadas.

—Farei o melhor possível, pode ter certeza! — Soltei o meu melhor sorriso e logo a garota se tornou menos tensa, o que eu nem sabia que estava. Seus ombros relaxaram assim como os músculos do rosto.

—Se esse evento for o melhor possível, saiba que todos saímos ganhando. — Estranho o fato dela ter se incluído, mas lembro que ela é a fucking representante, e com certeza, se qualquer mísero detalhe não desse certo, a culpa cairia pra cima dela.

—Sim, sim. — Me levanto e dou dois passos para frente, chegando mais perto dela. — Chegando em casa te mando algumas ideias que tive, assim como algumas pessoas que já pensei para encarregar alguns cargos.

Ela sorriu com os dentes pela primeira vez, os dentes perfeitamente alinhados e brancos, típicos de uma garota rica. Um sorriso lindo por sinal.

—Não pensei que você fosse assim.

—Assim como?

—Assim. Tão proativa. —Ela diz e se senta na batente da janela. —Você parecia ser mais preguiçosa.

Então era realmente assim que as pessoas estavam me vendo? Entendo quando mamãe disse para mim mostrar o melhor de mim, eu estava mostrando meu pior a tempos e deixando essa impressão para pessoas que eu ao menos conhecia.

—Passei por coisas ruins e ainda tento superar um pouco todos os dias. —Admito a mim mesma. —Mas estou disposta a ver o mundo de outra forma.

—Acho lindo quem tem a oportunidade e força para querer mudar assim. —Diz. —Ver varias versões de si mesma faz você enxergar o que quer. —A garota parece refletir em minha frente.

Um silêncio se instala no local novamente, um silêncio um tanto desconfortável para mim, mas ela parecia perdida demais em sua própria cabeça. Logo o sinal para a volta a sala de aula toca, colocando nossos pensamentos pra dentro da instituição novamente, ela se levanta rapidamente, pegando seu celular, livros e o papel da barrinha de cereais que havia comido.

—Bom, o festival é daqui cinco dias, um dia antes nós não temos aulas para as arrumações. —Ela muda sua postura completamente, voltando a ser aquela Tzuyu séria de antes. —Estarei aqui para te ajudar.

Dito isso a garota sai do ambiente rumo a sala de aula. Fico um tempo pensando até fazer o mesmo, voltando para o encerramento do dia.

Aquela muralha de ferro seria difícil de destruir.

-x-

Conversaram! A conversa mais ética possível mas elas conversaram kkkkkkk, mas a Sana notou que ela esconde algo dentro dela.

Agora a história começa a ficar interessante de verdade! Eu espero muito que vocês estejam gostando, votem e comentem no decorrer do capítulo por favor! 🥹 Isso me motiva muito!

Até o próximo <3