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Chamá-lo de trouxa seria eufemismo, Richarlison pensa com leve desgosto de si mesmo.

O gado do ano.

Emerson tinha até mudado seu nome de contato no celular depois de assistir o amigo uma vez após outra, fazendo qualquer coisa que Emily Smith pedisse a ele.

Em sua defesa, Richarlison não costuma ser alguém assim. Na verdade, antes de mudar-se para Inglaterra, ele era conhecido como um típico galinha e mulherengo, na sua cidade natal.

E é isso, que torna Emily ainda mais incrível aos seus olhos.

O brasileiro nunca imaginou que cairia nas garras de uma paixão assim, principalmente em um país desconhecido. Mas aqui estava ele, amarrado na ponta do dedo mindinho da loira britânica, sem nunca conseguir, de fato, falar o que sente por ela.

Ele culpa a diferença cultural.

Os idiomas que são muito diferentes entre si, e sua própria dificuldade no inglês.

O tempo, que é sempre frio e nublado de Londres, tão pouco animador.

A sua mente, muito focada em tornar-se logo um dos titulares no time de Tottenham.

A exaustão dos treinos cada dia mais puxados juntos com as aulas chatas que ele tinha que assistir da sua faculdade de Relações Internacionais, para poder continuar com a bolsa de estudos de atleta.

Ele culpa muitas coisas, na verdade.

Enquanto foge da suposição de que, estar no exterior, lhe transformou em um covarde completo.

É por isso que o brasileiro ficou quase extasiado quando a garota, repentinamente, demonstrou muito interesse em assistir aos seus treinos. Vindo direto da sua última aula com Richarlison, acompanhando com os olhos atentos da arquibancada cada jogada e depois esperando pacientemente para seguir em direção aos dormitórios com Richarlison, Emerson e Lucas(já que os três dividiam o mesmo quarto e voltavam sempre juntos, por tabela).

Royal lhe diz que Deus pode ter sentido pena da sua miséria.

Lucas fala que é sua grande oportunidade para finalmente tomar coragem e tentar alguma coisa com Emily.

E Richarlison…

Richarlison sente-se como um maldito adolescente, tentando impressionar a crush enquanto tenta chutar para o gol 2x mais que o seu eu normal dos treinos.

Mas tudo que é bom dura pouco.

E sonhar acordado, quase nunca leva a algo produtivo.

Porém, ele pensa que jamais poderia imaginar de onde o tiro viria, nessa situação.

O brasileiro pisca uma, duas e três vezes na direção da garota antes de finalmente engolir o pedaço de sanduíche meio mastigado que estava em sua boca.

Que porra disse?

Ele consegue encontrar sua voz para perguntar.

— Você sabe que eu não consigo entender nadinha de português, né? — Emily ri antes de dar um gole em sua Coca-Cola.

Eles estavam em um dito piquenique que ela preparou para ambos, na hora do almoço. Sentados sobre uma toalha de mesa média colorida, com sanduíches feitos por ela entre eles, junto com mais algumas guloseimas e o vento gelado que sempre rodava pelo gramado da Universidade de Tottenham, ao redor.

Teria sido um tipo de encontro perfeito… Se a britânica não tivesse aberto sua boca, para falar o que falou.

E Richarlison deveria ter notado antes que tudo estava bom demais para ser verdade.

O que (NÃO) fazer com o crush da sua crush | 2SonOnde histórias criam vida. Descubra agora