O que (NÃO) fazer com o crush da sua crush | 2Son

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Quando Richarlison finalmente teve coragem de falar sobre o que ele havia concordado fazer para Emily, aos outros brasileiros. Emerson riu até chorar antes de perceber que ele estava falando sério sobre isso.

"Você tá zoando né, Richarlison!? Me diz que você tá zoando!" Lucas rosnou boquiaberto depois de largar tudo que estava fazendo na hora para questioná-lo.

E Richarlison gostaria muito de poder ter dito: "Sim! É claro que eu estou zoando, besta!" Porém apenas riu desgostoso da própria desgraça e confirmou sua miséria, novamente, para os amigos.

É vergonhoso. Ele sabe bem.

Sua tia sempre lhe diz que ele é alguém de bom coração e amoroso. Mas o brasileiro está começando a achar que talvez seu coração seja bom demais, ao ponto de cometer uma burrice tão grande quanto a que está cometendo, mesmo tendo a total noção do absurdo que é.

Mas ele não quer ser egoísta.

Richarlison sabe muito bem que não pode mandar no coração de outras pessoas. E que está sofrendo por consequência da sua própria covardia em nunca ter confessado o que sente para Emily.

Houve tantas oportunidades, ele sabe.

A garota tinha sido uma das primeiras pessoas que ele havia conhecido quando chegou ao Tottenham(fora os seus colegas de quarto, também brasileiros) e logo de cara Richarlison não pode evitar ficar encantado pela inglesa.

Ela praticamente tinha tudo o que lhe chamava a atenção em uma garota.

Loira de cabelos longos; alta; bonitona e confiante. O tipo de garota que chama a atenção de todos no local sempre que chega e sabe muito bem disso.

Richarlison sabe que perdeu a oportunidade de tentar algo devidamente com ela no começo, pois mesmo apesar de todo o seu tempo no curso de inglês, ele mal conseguia expressar-se adequadamente na língua inglesa quando chegou. E depois… Bem, depois a garota já era sua amiga, então o brasileiro nunca teve coragem de tentar alguma coisa e acaba fudendo com tudo.

Eles eram bons amigos. Emily era a única pessoa britânica que ele conseguia ficar confortável. Mesmo depois dos poucos meses que ele já estava na Inglaterra.

Royal sempre lhe zoa alegando que a garota tinha lhe transformado em gado, e que se aproveitava da sua bondade. Porém Richarlison discorda disto.

Amigos ajudam-se, não é?

Não é nada demais ajudá-la quando ela lhe pede.

E também não é incomum pedir ao seu amigo que lhe ajude com seu crush.

Emily não tem culpa do seu coração doer durante todo o tempo em que ela fica tagarelando sobre como o Son é isso e aquilo.

Ela não sabe sobre sua paixão por ela.

Pelo menos é isso o que ele diz para si mesmo, quando tem outro dia de treino péssimo e frustrante como o inferno. Com sua mente idiota não conseguindo concentrar-se em nenhuma das suas jogadas.

Ele está pronto para marchar pro vestiário para tomar um longo banho, que lhe ajude a limpar toda a sua frustração fora. Quando Son entra no seu caminho sorrindo enquanto brinca com uma das bolas de treino na mão.

— Você foi muito mal novamente, Brazilian. — Son diz fazendo beicinho como se estivesse falando com uma criança.

— Você acha que eu não sei disso!?

Ele cospe de volta.

O brasileiro tenta dar mais um passo em direção ao seu banho mas o coreano põe-se no meio do seu caminho novamente.

— Fica mais um pouco brincando comigo. — Son joga a bola que estava segurando em sua direção, obrigando Richarlison a pegá-la.

— E porque eu ia querer ficar brincando com você!? Arranje outro. — Ele ri desacreditado com a audácia do mais velho.

Porém Son apenas encurta a distância entre eles e sorri suave.

— Porque Conte está quase puxando suas orelhas por causa do seu desempenho nos últimos dias. Então é bem melhor que você fique aqui comigo por mais uns minutos mostrando que está esforçando-se para compensar, do que ouvir um dos sermões que o treinador dá. — O coreano dita. — Acredite em mim, é bem melhor.

Richarlison pisca atordoado para o mais velho. Suspirando e aceitando suas palavras, depois que uma olhada rápida na direção do treinador mostrou o rosto franzido de irritação do homem na direção deles.

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O brasileiro ainda está ofegante quando, enfim, consegue colocar seu corpo cansado e dolorido sob o jato quente do chuveiro.

Aparentemente, o conceito do coreano de "brincadeira" era fazer Richarlison treinar passes com ele por uma hora inteira sem parar, até que ele começasse a pedir por misericórdia ao mais velho.

— Você sempre se cansa tão rápido? — Son pergunta depois de entrar no box ao seu lado e também ligar seu chuveiro. — Você devia trabalhar mais na sua resistência, Andrade.

Richarlison limpa a água do seu rosto, virando na direção do outro.

Os box's do vestiário cobrem apenas do peito até o meio da panturrilha. Do tipo que qualquer um, uma ou duas cabeças mais alto que a maioria, poderia ver, facilmente, tudo da pessoa ao seu lado se virasse o rosto.

— Teu cu.

Richarlison diz simples em português depois de um tempo.

E Son engasga em uma risada debaixo do jato do chuveiro e sorrir largo para ele.

— Você acabou de me xingar, estou certo? Acho que conheço essa, o Royal usa muito.

O brasileiro não responde de volta e apenas volta a concentrar-se em seu banho, o que faz o mais velho rir ainda mais enquanto volta para seu próprio banho também.

Pelo canto do olho, Richarlison pode observar o rosto tranquilo do outro em seu banho.

E ele tem que admitir que o coreano é alguém prestativo(seja de forma sincera, ou só porque gosta de se fazer de bonzinho para ter todo mundo babando o seu ovo) e tem um rosto bonito. Quase feminino em sua suavidade quase sem manchas e aparência mais nova que sua idade.

Talvez tenha sido nisso que ele perdeu pro mais velho.

Talvez o tipo de Emily sempre tenha sido caras fofos e delicados. E ele não tinha conseguido notar antes e muito menos competir contra.

Os olhos de Son voltam para a sua direção arqueando uma das sobrancelhas, quebrando a sua observação silenciosa.

Richarlison não pode evitar tossir envergonhado por ter sido pego olhando e terminar seu banho de forma rápida para poder ir embora logo. De repente, muito ciente de como havia apenas sobrado eles dois ali.

Ele está quase fora do vestiário quando a voz de Son soa novamente.

— Espera enquanto eu tranco tudo. — O coreano diz terminando de se vestir. — Eu te levo pro seu dormitório. Estou de carro.

O brasileiro queria dizer não.

Talvez ele devesse mesmo dizer não.

Ele não gosta de Son e cada minuto a mais ao lado dele é um encorajamento a mais, para Emily continuar com essa história de Richarlison lhe ajudando a conquistar o mais velho.

Porém, algo ainda lhe impede de simplesmente virar as costas e continuar seu caminho ao invés de ficar assistindo pacientemente o titular trancando tudo. E depois caminhando até seu carro de riquinho.

No silêncio da viagem curta até o prédio do seu dormitório, Richarlison culpa o seu cansaço por ter cedido a carona.