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Você esperou… — Son fala assim que saí do chuveiro e encontra Richarlison lhe esperando em um dos bancos do vestiário.

— Eu disse que ia, não? — O brasileiro responde monótono, antes de tirar seus olhos do joguinho que estava lhe distraindo no celular, e dar de cara com o coreano usando nada além de uma toalha na cintura.

Richarlison disfarça uma tosse, levando seu olhar para qualquer outro lugar do cômodo, que não fosse o corpo molhado do idiota a sua frente. Mesmo que nudez seja algo ridiculamente comum em um vestiário masculino.

Parece diferente quando há apenas duas pessoas ocupando o lugar.

É diferente, quando é Son quem está seminu em sua frente.

— Não achava que você fosse realmente esperar. — O mais velho confessa com um leve riso.

Richarlison resmunga em resposta e volta sua atenção para o seu joguinho quase esquecido, para evitar mais constrangimento enquanto o coreano se veste pouco se importando com sua presença.

— Podemos ir e você já pode olhar para mim agora, obrigado por preservar minha modéstia. — Son zomba do seu constrangimento quando termina.

Cala a boca!

Richarlison estala acompanhando o mais velho, enquanto ele trancava tudo em seu caminho para o estacionamento.

— Vamos pro seu dormitório. — Richarlison fala, limpando a garganta quando eles estão acomodados no carro ligado.

Hm? Porque? — O coreano questiona.

— Porque eu não confio o suficiente em você para acreditar que você não vai ser estúpido e voltar pro campo assim que me deixar no meu dormitório.

O brasileiro explica sucinto.

Son pisca em sua direção como se estivesse vendo o brasileiro pela primeira vez, mas logo concorda e ruma a seu próprio dormitório, obedientemente e sem mais perguntas.

Richarlison suspira para si mesmo quando passa pela porta de Son. Quando foi o momento em que vir para o dormitório do outro, acabou virando quase um hábito, ele não sabe dizer ao certo.

Ignorando seus próprios pensamentos conflitantes, ele caminha para a cozinha do outro e começa a vasculhar os armários, sem questionar por permissão.

— O que você está fazendo? — Son soa confuso de onde está lhe observando, próximo ao balcão que divide a cozinha da sala.

— Procurando aquele seu cházinho. — Ele responde simples. — Você disse que ele ajuda no cansaço, né? Vou fazer um pouco pra você e então você vai pra cama.

Apenas como uma retribuição despreocupada por tudo que o coreano já fez por ele(mesmo que ele nunca tenha pedido para Son fazer nada, ou o mais velho tenha cobrado por algo que fez).

Você… Você não precisa fazer isso. Não vou voltar a treinar.

Richarlison apenas cantarola pouco convencido e continua sua busca.

— Achei porra! — O brasileiro exclama ao finalmente encontrar o maldito chá, e então começa a preparar uma xícara rápida no micro-ondas.

Quando termina e vira-se em direção a Son, o coreano ainda está no mesmo lugar. O olhando com um olhar estranho no rosto.

— Eu não sei preparar ele que nem você faz, mas acho que serve. — Richarlison sente a necessidade de se explicar, enquanto entrega a xícara quente nas mãos do mais velho.

— Obrigado. — Son fala baixo, encarando o chá.

— Fiz errado? — Ele não pode conter a pergunta nervosa, depois que Son continua encarando o líquido por mais um tempo.

Não, Não! — O coreano rapidamente tranquiliza. — Eu vou apreciar, muito obrigado.

E então o outro começa a tomar seu chá de forma calma, enquanto o brasileiro fica ao seu lado lhe esperando terminar pacificamente.

Richarlison sente que talvez devesse ser um momento mais estranho do que realmente é. Mas não se permite aprofundar seus pensamentos nisso.

Son termina deixando a xícara vazia na pia, passando a mão em seus cabelos em um suspiro.

— Fico agradecido por me fazer voltar pro dormitório, você pode ir agora, eu não quero pegar mais do seu tempo. Só vou terminar de ler um artigo que tenho pendente e depois vou dormir um pouco. — Son diz sorrindo pequeno.

Eu disse que era chá e cama.

Richarlison dita cansado, empurrando o coreano em direção ao quarto.

— Eu não estou tão cansado, sério. — O mais velho ri insistindo, porém deixa-se ser empurrado até acabar sentado em sua cama.

— Não me importo. — Richarlison chiou.

— Eu posso ter um beijinho de bons sonhos, então? — Son brinca segurando seu pulso.

O brasileiro lhe olha aborrecido, mas deposita um selinho rápido nos lábios do coreano, para fazê-lo se calar e ir descansar logo.

Pronto. Agora durma para que eu possa falar pro Kane que ele não precisa se incomodar em ir buscar um corpo desmaiado no nosso campo.

Son pisca surpreso.

— Deita um pouco comigo.

— Agora você está abusando da minha boa vontade.

Por favor…

Richarlison suspira, culpando o fato do coreano parecer miserável enquanto pede isso, como o único motivo do porque ele cede e puxa Son para que eles se deitem um de frente pro outro, na cama espaçosa.

Son lhe olha por alguns segundos, quase parecendo caçar algo em seu rosto antes de acomodar-se mais para perto, com seu nariz voltando a cutucar o pescoço do brasileiro.

Richarlison morde a língua para não reclamar com o mais velho, mais uma vez. Pois consegue sentir Son relaxar assim que acomoda seu rosto ali, como num passe de mágica.

— Kane está preocupado com você. Ele acha que tem algo errado que você não está falando. — Richarlison diz, como quem não quer nada, depois de alguns segundos de silêncio.

O coreano ri rouco perto de seu ouvido.

E o brasileiro engole o arrepio que desce por sua espinha com os dentes cerrados.

— Harry é exagerado. — Son murmura. — Eu só discuti com meu pai, mais uma vez… Nada que eu não esteja acostumado. — O mais velho termina abraçando Richarlison para mais perto e enlaçando suas pernas.

— Família é algo complicado. — Richarlison responde baixo, não resistindo em levar uma de suas mãos para a nuca de Son e começar a acariciar em empatia.

Ele sempre gosta de pensar que sua tia fez tudo o que pode na sua criação, e que ela se saiu muito bem nisso. Então talvez ele não seja a melhor pessoa para dar conselhos para Son no seu relacionamento com o pai.

Son não se preocupa em esconder seu choramingo óbvio, enquanto o brasileiro continua a lhe fazer um cafuné.

Sabe… Eu costumava achar que a essa altura e depois de tanto tempo longe da Coreia, eu já teria conseguido cortar os laços com eles. — Son admite em um sussurro contra sua pele, e se eles não estivesse tão próximos um do outro, o brasileiro tem certeza que jamais teria conseguido ouvir. — Mas toda vez que eu penso que estou finalmente livre, ele volta pra tentar estragar tudo.

Richarlison não sabe como responder ao desabafo sussurrado do coreano. Então ele apenas afunda mais o rosto dele no seu pescoço(já que o mais velho parece gostar muito disso) e continua a brincar com os cabelos macios da nuca de Son.

— Durma.

Ele fala baixo no ouvido do outro.

O coreano não tenta argumentar contra, dessa vez. E Richarlison continua assim até se perder no sono junto com ele.

O que (NÃO) fazer com o crush da sua crush | 2SonOnde histórias criam vida. Descubra agora