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Richarlison sente que — fudidamente — está perdendo alguma coisa do que está acontecendo na sua própria vida, nos últimos dias.

Depois do episódio estranho com o arroz frito, algo parecia ter ocorrido na mente do coreano e agora o mais velho começou a sentir-se confortável demais ao seu redor. Sempre lhe tocando, sendo prestativo demais e agindo como se ambos fossem bons amigos.

Ele nem mesmo conseguia mais devolver respostas duras para Son. Apenas deixando o mais velho agir como quisesse, depois de ter sido vencido pela insistência do camisa 7.

E ele não sabia dizer se estava apenas cansado ou apenas tinha enlouquecido de vez.

Já em comparação a ele, Emily parecia cada vez mais radiante com a "nova amizade" de Richarlison. Lhe bombardeando com perguntas sobre os gostos do coreano sempre que possível, enquanto arrumava-se para cada visita aos treinos como quem fosse a um desfile de moda.

O brasileiro está até começando a sentir seu coração partido anestesiado, em meio a toda essa confusão que anda confundindo sua mente.

Pelo menos ele tinha conseguido voltar ao seu ritmo normal nos treinos(com a ajuda de Son, mas o coreano não precisa dos créditos disto) e tinha evitado com sucesso levar um esporro do treinador Conte.

Ironicamente, os treinos eram agora sua grande frustração, não por estar indo mal pois sua mente não pára no lugar, mas sim porque é quando Son tem a oportunidade(e o incentivo de Royal, que parecia adorar cada dia mais a estranha situação que Richarlison acabou se colocando) para entrar sob sua pele, a todo custo.

Todos notaram o novo amigo do coreano.

É claro.

A atenção do atacante camisa 7 era tão disputada e importante quanto os jogos da temporada, em Tottenham.

Uma grande besteira, Richarlison sinceramente acha.

Mas ele também pode imaginar que isso é o resultado de ser um titular invicto a tanto tempo, com toda uma reputação formada e um papai rico famoso no futebol em seu país natal, como o intercambista coreano era.

Aquele coreano está me deixando doido. — Richarlison resmunga aos amigos no caminho de volta para o dormitório, depois que Emily despediu-se dos brasileiros e seguiu o caminho que levava para o seu próprio dormitório.

Royal ri, como em todas as vezes que suas conversas voltavam-se para o Son, agora.

— Eu adoro o Sonny. Não seja tão rabugento, ele é uma ótima pessoa. — Emerson diz sorrindo.

— Acho que você devia estar feliz. — Lucas dita. — Son parece mais interessado em ser seu amigo, do que em Emily. E isso é algo bom, não?

O brasileiro mais novo franze o rosto em aborrecimento lembrando de como o coreano parecia tão pouco interessado sempre que Emily tenta um avanço em sua direção, como quem nem ao menos está notando o quanto a garota quer sua atenção. E também gostava de fazer o foco sempre ir para o brasileiro.

— Eu não consigo entender qual é o problema dele. — Richarlison admite, fazendo careta. — Emily é tão linda, e ele nem olha duas vezes pra ela.

— Pode parecer inacreditável, Pombo. Mas pelo incrível que pareça, nem todo mundo tem o mesmo gosto que você por loiras altas e metidas.

Emerson ri e Lucas o segue, mesmo tentando disfarçar.

— Vocês só falam merda também, hein! Nem pra tentar ajudar o cara!

Richarlison choraminga acusatório.

— Tu quem se botou nessa situação, Richei. — Lucas é quem fala depois de se recompor primeiro.

— A gente só tá rindo da sua burrice. Pois está começando a parecer mais fácil o Sonny pedir pra namorar você, do que com a loirinha.

Sai pra lá! Que papo torto!

O mais novo diz, apesar de sentir a ponta das suas orelhas quentes em ouvir as palavras do amigo. E os outros apenas riem mais com a sua reação.

Son estava mostrando-se cada dia mais ser uma pessoa do tipo grudenta.

Não que Richarlison já não tivesse notado esse traço da personalidade do mais velho antes(algo um pouco difícil de não se notar quando o coreano andava por Tottenham distribuindo abraços como bala em dia de Cosme e Damião) visto que ele parecia um coala grudado nas costa de Kane, o titular camisa 10 durante a maioria dos treinos. Antes de começar a querer ficar grudado como um coala nas costas do brasileiro, durante os treinos.

Isso sempre o deixa meio estranho e ansioso.

Não que Richarlison seja alguém avesso ao contato físico, ou algo assim. Pelo contrário, ele sempre foi muito carinhoso com sua tia e o primo favorito para brincar dos seus priminhos mais novos.

Porém com o coreano parece diferente… Lhe deixa muito mais ciente de cada toque durante as interações e ele não sabe dizer o porquê reage assim ou porque sua pele sempre parece coçar sob a mão do mais velho.

Talvez seja pela forma atenciosa que Son lhe aborda, sempre falando um pouco mais lento com ele, sem que o brasileiro precise pedir por isso.

Como ele nunca menciona quando Richarlison erra alguma palavra ou as confunde. Em vez disso, apenas lhe olha pacientemente enquanto espera o brasileiro achar palavras por conta própria, para expressar-se melhor.

Sempre tentando ajudar seu desempenho nos treinos, mesmo que isso resulte em piadas mal sussurradas no vestiário sobre o coreano está ajudando alguém que pode querer roubar seu lugar de titular amanhã.

Ou talvez Son seja apenas um cara muito estranho que gruda pior que chiclete e o brasileiro não sabe como evitar isso, apesar dos seus melhores esforços.

Independente do motivo que o faz sentir-se assim perto do mais velho, Richarlison está começando a ficar sem forças para continuar construindo muros que o distanciam da grande verdade que ele não quer admitir nem para si mesmo. Que é:

Talvez Son Heung-Min não seja alguém tão ruim quanto ele julgou a princípio.

E se ele é o tipo de cara por quem Emily está apaixonada, então o brasileiro não tem nada o que fazer sobre isso, além de ser um bom amigo para garota e realmente lhe ajudar a conquistar o seu amor.

Independente de que esse amor seja ele ou não.

Ou o que o seu coração idiota pensar sobre isso.

O que (NÃO) fazer com o crush da sua crush | 2SonOnde histórias criam vida. Descubra agora