Faltavam poucos minutos até as 19 horas e Richarlison já tinha verificado-se no espelho mais vezes do que admitiria para qualquer um, em meio a suspiros inquietos.
— Calma, my friend. Que pra tu fica mais bonito do que isso, só se nascer de novo.
Emerson brinca de onde está mexendo em seu celular na cama.
— Cala a boca.
— Deixa o moleque, Emerson. Não tá vendo que ele quer ficar bonito pro Sonny? — Lucas também brinca.
Richarlison apenas ignora os dois enquanto verifica o horário em seu celular, mais uma vez.
— Já que tu já dormiu com o cara, quebrou o coração dele e tals. Aproveita e faz o estrago na carteira dele também que o Sonny é cheio de grana. — Royal zomba.
— Você é muito idiota, Emerson. — Richarlison bufou. — E eu não quebrei o coração de ninguém! O Son é só um cara muito chato e irritante, ele não sente nada por mim.
Emerson bufa em zombaria de volta.
— Acho que nem você acredita no que falou.
O brasileiro mais novo ia retrucar novamente a fala do amigo, porém o sinal de notificação do seu celular junto com a identificação do nome de Son na tela, chama mais a sua atenção do que continuar com a discussão.
— Tanto faz, eu vou indo. Até mais tarde. — Ele diz depois de ler o aviso do coreano que já está lhe esperando na frente do prédio.
— Tenha um bom encontro. — Lucas fala enquanto Richarlison está vestindo sua jaqueta na porta.
— E vê se dá pelo menos outro beijinho no homem. Ele é guerreiro. — Emerson grita quando o outro brasileiro já estava fechando a porta atrás de si.
Richarlison não pode deixar de revirar os olhos para as palavras do amigo, em seu caminho para encontrar o coreano.
Son Heung-Min pode muito bem levar pra sua cama qualquer um nessa maldita universidade. Ele só precisa sorrir brilhante e mostrar o seu carro caro, e pronto.
Ele não estaria gastando tanto tempo com Richarlison só para uma foda.
Não faz sentido.
O som alto de buzina tirou o brasileiro de seus pensamentos, lhe lembrando que ele devia ir em direção a Son.
— Pra onde vamos? — Ele pergunta assim que senta-se no banco do passageiro, passando o cinto de segurança.
— Oi para você também, Andrade. — Son ri enquanto manobra o carro para seguir caminho.
Richarlison cantarola em resposta.
— Você não vai me levar pra um desses restaurantes chiques de riquinho, não né? — Ele continua.
— Não era isso que eu tinha em mente, mas já que você falou, estou começando a cogitar. — O coreano fala sorrindo largo.
— Nem vem!
— Estou brincando. — Son tranquiliza. — Há alguns bons restaurantes a céu aberto às margens do Rio Tamisa. É uma vista bem bonita.
— Parece bom. Ainda não fui lá. — Richarlison resmunga, finalmente parando para dar uma boa olhada no coreano dirigindo.
Son estava vestindo uma blusa manga longa de gola alta cinza escura, junto com uma calça jeans apertada preta, botas negras nos pés e Richarlison também podia ver seu sobretudo escuro no banco de trás.
— Você parece que vai pra um enterro. — Ele diz desviando seu olhar para o tapete bem feito no cabelo do coreano, em um penteado fora do habitual do mais velho mas que fica muito bem nele.
Son ri, tirando seus olhos da estrada por alguns segundos para olhar em sua direção.
— Isso é estilo! — Son ecoa. — E você também está bonito, Richy-ah.
O brasileiro coça o pescoço enquanto pensa em si mesmo vestido com um conjunto novo de moletom cinza claro, jaqueta jeans e seus tênis favoritos. Nem de perto tão bem arrumado e elegante quanto o coreano.
Ele limpa a garganta.
— Agora você vai me contar o que aconteceu com você e Emily no almoço de vocês? — Ele diz em sua curiosidade.
Son suspira.
— Se eu te contar isso agora, então que motivo você teria para continuar no nosso encontro?
Richarlison quer discorda do outro e o lembra que eles têm um "acordo" mas prefere ficar calado, apenas assistindo o mais velho dirigindo até que eles cheguem ao seu destino.
O coreano estaciona próximo de uma pequena pizzaria em frente ao rio. Ela tem um ar mais rústico porém não menos aconchegante tanto do lado de dentro, quanto nas mesas ao lado de fora.
— Pizza? — Richarlison questiona olhando para o mais velho ao seu lado, agora vestido em seu sobretudo parecendo algum personagem de máfia estrangeira dos filmes.
— Lembro que você tinha dito que gosta. E as pizzas daqui são muito boas. — Son dá de ombros e sinaliza para que eles ocupem uma das mesas vazias, do lado de fora.
— Isso não parece muito o estilo de um riquinho. Pensei que você gostasse de algo mais chique.
— Mas se eu sei que você não ficaria à vontade, então não faz sentido ir a um lugar mais "chique". — Son diz simples.
Não demorou para um garçom vir anotar seus pedidos e sair rápido deixando os dois para trás.
— Podemos ir na London Eye depois. — O coreano fala, sentado à sua frente.
— Mas nem fudendo que eu subo naquele negócio! — Richarlison diz rápido. Sentindo-se mal só em pensar na altura daquela maldita roda gigante. Ele nunca foi alguém fã de grandes alturas ou brinquedos idiotas que, muito provavelmente, nem deveriam ter sido idealizados de tão perigosos que parecem ser.
Son ri arqueando a sobrancelha.
— Tudo bem. Podemos ir pra lá e fica só nos brinquedos menores. São meio infantis mas também é divertido.
— Você conhece bem as coisas né? Costuma trazer muita gente em encontros aqui? — Richarlison não pode evitar alfinetar o coreano, estranhamente aborrecido.
— Já falei que moro aqui há um bom tempo, Brazilian. — Son devolve sorrindo. — E logo quando eu cheguei, Kane me fez visitar todos os cantos da cidade com ele, então sei de bastante coisa.
O brasileiro apenas resmunga, pois o mais velho desvio descaradamente da sua pergunta. Mas deixou isso para lá quando Son levou a conversa para os treinos e expectativas para essa temporada e eles continuam discutindo sobre isso até terminarem sua refeição.
E Richarlison pode concordar com o mais velho sobre as pizzas dali serem deliciosas.
Eles caminhavam calmamente entre a multidão média de um dia de semana que tinha saído de casa, para um passeio pelos brinquedos do parque.
Encontrando um banco vazio não muito longe, eles apenas sentaram-se lá enquanto dividiam um grande algodão doce e observavam as crianças correndo sem parar com suas famílias. Já que depois de encher a barriga nenhum deles tinha coragem de tentar a sorte em um desses brinquedos infantis que balançam demais.
— Eu recusei a Emily educadamente, no nosso almoço. — Son fala, quebrando o silêncio confortável que estavam. — Ela não reagiu muito bem a isso, então talvez eu tenha piorado a situação.
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O que (NÃO) fazer com o crush da sua crush | 2Son
FanficQuando Richarlison ouvia seus amigos falando sobre como estar apaixonado pode deixar alguém cego e idiota, ele apenas ria e dizia para si mesmo como algo assim nunca aconteceria com ele. Quão surpreso ele ficou consigo mesmo quando notou-se completa...