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O beijo pareceu durar horas.

Ou talvez, o brasileiro apenas estivesse muito perdido em como os lábios do coreano eram macios, e como ele ainda tinha o gosto de alguma bebida com sabor morango na língua.

Quando finalmente se separaram para respirar, Richarlison sentiu-se ofegante e confuso. Olhando para os olhos vidrados no rosto corado de Son e a boca maltratada do mais velho.

Piscando atordoado ao redor o brasileiro volta a realidade, lembrando-se que eles tinham uma grande plateia ao redor.

Todos olhavam entre risinhos e rostos chocados. Alguns até com o flash dos seus celulares na direção deles, o que fez Richarlison mover-se rápido para dar alguns centímetros de distância entre ele e o coreano que ainda estava enrolado em seus braços.

Ele quase quer rir de nervoso do olhar de orgulho chocado que pinta o rosto familiar de Emerson mas toda a sua garganta fecha quando ao lado de Royal, ele também pode ver o olhar raivoso e traído de Emily.

Richarlison só encontrou uso para suas pernas novamente, quando a garota virou-se e ameaçou sumir entre a multidão de universitários bêbados que aplaudiam ao beijo que assistiram.

Tentando alcançá-la o melhor que pode, o brasileiro acabou parando no que parecia ser o quintal da grande casa da fraternidade em que estavam.

Apenas mais um bocado de pessoas jogadas pela grama bebendo ou na piscina, eram testemunhas de Richarlison finalmente conseguindo alcançar a garota.

Emily, eu posso explicar.

Ele diz, tentando soar sincero da melhor forma que pode, mesmo com a frase clichê.

Ah, você pode explicar!? — A garota diz virando-se para ele com lágrimas manchando a maquiagem do seu rosto. — Então me explica logo o porquê você estava beijando o Son!!?

Richarlison engole em seco.

Eu… Eu ganhei o sorteio.

— Isso não é desculpa! Se você ganhou, então deveria ter me dado seu número! O beijo era meu Richarlison! — Emily cospe.

— Eu sei, eu sei. Tudo aconteceu muito rápido. Eu ia te dar o número, eu juro. Mas você tinha sumido e quando eu vi, o Son já estava na minha frente.

Emily ri seca.

— E isso é desculpa para você agarrar o meu homem!? Hein, Richarlison!? Esse, por acaso, era o seu plano desde o início? Roubar o Son de mim?

O brasileiro gagueja chocado.

— Do que você tá falando Emily? Eu não quero roubar ninguém. Por Deus! Eu nem ia com a cara do Son antes de você me pedir pra te ajudar nessa sua ideia idiota de conquistar ele. — Richarlison tenta explicar.

— Então quer dizer que você começou a gostar dele depois que eu falei que gostava? Então foi aí que você decidiu me trair e roubá-lo?

O que? Claro que não! Olha Emily, acho que você está bêbada demais pra entender isso. Então vamos conversar amanhã quando você estiver melhor, de cabeça limpa.

Ele fala tentando tocar no braço da garota mas ela se afasta da sua mão.

— E eu ainda te tratei como meu amigo. Mas você é só um nojento, do pior tipo de vadia que existe. — Emily diz e então o brasileiro pode sentir um tapa estralar em sua bochecha antes da britânica ir embora pisando duro, sem olhar para trás.

Richarlison fica alguns minutos ainda confuso com o correr das coisas, enquanto sua bochecha ardia. Até que o misto de tristeza e raiva que borbulhar sob sua pele fica demais, lhe fazendo marchar de volta para o interior da casa e pegar a primeira garrafa que suas mãos alcançaram. Pouco se importando com o que exatamente estava bebendo em longos goles ou com a queimação em sua garganta, por causa disto.

Apenas em busca de alguns momentos sem as preocupações que rondam sua cabeça.

Depois disto, os arredores começaram a ficar muito embaçados aos seus olhos.

━━━ ✶ ━━━

A claridade do cômodo parecia querer queimar seus olhos, mesmo que eles estejam bem fechados. Fazendo Richarlison resmungar cansado buscando refúgio, enrolando-se mais.

Sua ressaca iria lhe bater com tudo, então o brasileiro queria adiar acordar o máximo possível e apenas desfrutar do conforto de sua cama quentinha junto com seu travesseiro, que eram tão bons para a sua cabeça pesada de sono e más escolhas de bebidas.

Ele adorava sua cama e seu travesseiro.

Seu travesseiro quente e aconchegante, que cheirava tão refrescante sob seu nariz.

Seu fofo travesseiro muito aconchegante e cheiroso que, definitivamente, estava choramingando e se remexendo entre o aperto das suas mãos.

Richarlison sente seu coração gelar antes mesmo de começar tentar piscar o sono de seus olhos e encarar o emaranhado de cabelos negros curtos, em sua frente.

Uma olhada rápida pelo teto branco e paredes desconhecidas lhe prova que ele, com certeza, não está em seu quarto compartilhado de dormitório. E uma espiada sob as cobertas lhe mostra o quão ele estava aconchegado a esse desconhecido, que não usava nada além de uma camisa branca e boxer preta enquanto ele mesmo usava apenas uma boxer cinza.

E sua maldita mente era como um borrão disfuncional de pessoas desconhecidas, que lhe fazia hiperventilar pensando nas mil e uma formas de como ele veio parar onde está.

Não transamos! Se é isso que te preocupa. — Uma voz rouca fala. A pessoa, até então desconhecida, revirou-se até que o rosto amassado pelo sono de Son, fosse visível para o brasileiro.

Richarlison solta uma respiração longa que estava segurando e deixa seus ombros relaxarem um pouco, olhando para o rosto familiar, agora à sua frente.

— Então… — Ele tenta falar com sua garganta seca. — Porque estamos…?

O coreano suspira fechando os olhos e acomodando-se melhor em seu lugar, como quem ainda estava quase dormindo.

— Eu durmo assim e você não quis usar a roupa que eu te dei quando terminou seu banho. — O mais velho diz simples. — Agora volte a dormir, Richy-ah. Ainda é muito cedo.

O brasileiro ainda mantém seus olhos bem abertos, analisando o rosto pacífico de Son, antes de suspirar sentindo sua dor de cabeça piorando. E finalmente decidir que precisa de mais algumas horas de sono, antes de começar a lidar com as consequências dos seus próprios atos na noite passada.

O que (NÃO) fazer com o crush da sua crush | 2SonOnde histórias criam vida. Descubra agora